IN VINO VERITAS

[Figas de Saint Pierre de]

IN VINO VERITAS
Para ajudar o consumo de vinho e aproveitar as suas propriedades delatórias,
a policia aplicou a prática do IN VINO VERITAS num interrogatório feito a um detido,
acusado dum crime.
Ao meio dia, serviram-lhe uma refeição de marisco, que ele acompanhava com copos de vinho branco.
-“Está a gostar?”, perguntou o polícia.
O detido encolhia os ombros. Tinha indicações, do seu advogado, para não falar
Acabou-se o marisco, mas não faltava vinho!
A lagosta estava um pouco salgada, ele bebia bebia, esperando que viesse outras lagosta!
Não. A seguir, veio uma santola

-“Então? Que tal? Você teve sorte! Aqui, na cadeia,todos os meses há um sorteio para uma refeição especial, para garantir forças contra interrogatórios. Desta vez calhou a si. Teve sorte, mas despache-se”

O detido só encolhia os ombros! A santola já era. Tinha sido um bom adubo!
A infusa do vinho branco continuava sempre à disposição, santola é que já não havia.
“Beba mais um copo” dizia o polícia
Ele bebeu, mas já com um pouco de arrasto
“Então? O vinho não está bom? Não quer mais vinho?
O detido não falava!
“Responda. Não brinque comigo. Responda. Responda. Olhe que eu não brinco
O advogado do detido tinha-lhe dito para não falar, mas ele não resistiu e:
“Só se for do tinto. Eu prefiro sempre do tinto”
“Ó homem, já podia ter dito”
Veio mais uma litrada do tinto, precedida duns rojões, bom adubo para resistências a interrogatórios.
Quanto, finalmente, foi interrogado, o resultado do IN VINO VERITAS, ficou turbado!
Não se sabe se foi do branco ou do tinto!
Estava tudo vomitado!
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Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque