Este tema poderia chamar-se [MÃE TERRA] já que era o meu tÃtulo modelo, mas depois do documentário que vi e que penso tratar-se de uma conjuntura aproximada entre o homem como um todo e o pinguim na sua singularidade. Assim sendo, preferi colunar o tÃtulo [A MARCHA DOS PINGUINS] e deixar que seja na minha total originalidade a completar o restante…
A Marcha Dos Pinguins
Quebra-se o gelo num oceano por alcançar no momento em que ao bater das asas do sol, algo nasceu! E nos caminhantes da agressividade dos ventos, aconchegamos os corpos entre as penas que suportam os nossos gemidos.
É longe…é tão longe a distância do eco que tilinta nestas montanhas brancas, icebergues partidos à espera de se verterem em mar.
Mas nas escarpas lácteas que ferem os nossos pés, caminharemos num alinhamento curvo e protector dos uivos agrestes tentáculos ao desvio da rota.
Faz-nos falta, é certo… o fraccionar do ramerrão, no entanto apenas o mesmo trajecto dos que findaram parece ter as pegadas visÃveis em busca daquela estrela de uma só ponta.
Mergulhamos pela vertente cálida até aos confins das profundezas, neste mar que nos alimenta de azul… Para regressar cambaleantes à terra que perdeu a cor.
Que pés esses que se arrastam num objectivo de vida para uma procriação amadurecida de longas distancias famintos de auroras, ventados de poeiras cálidas, desanimando nas dunas e zarpando gritos de euforia do outro lado do declive, onde a vista sobreviveu à tonalidade alva da caminhada
Que distancia perdida nas contas de um rosário quilometrado de arrastos, de perseverança, de primaveras nulas, de afectos e papas no interior das gorjas alimentÃcias, amassadas para rebentos aquecidos nas sensÃveis patas.
E naquela clareira pigmentada de asas edificaremos o nosso cio embebido nas sementes da natureza mãe.
Somos nós, os filhos do fatigante ciclo agreste de onde nascemos, filhos que fomos e pais que somos, filhos que viveram e progenitores que pereceram. Nós que somos… os filhos de uma era. Filhos de uma mãe… a que chamaram terra.
Não somos todos um pouco isto?!
todos os direitos reservados a Jorge Vieira Cardoso.