soriano
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« em: Julho 15, 2009, 17:56:03 » |
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O silêncio. Quem o quer? Um par em mudo diálogo? Como se a ausência do som das palavras ou do quase inaudÃvel farfalhar do nada a roçar ouvidos esforçados, solidificasse a certeza do... silêncio. Absoluta solidão? Não, não há silêncio na solidão. O homem só não é silencioso. Ao contrário, nele abunda e fervilha caldos de diálogos inflamados consigo próprio. Só há monólogos onde dois ou mais circundam-se a chacoalhar seus argumentos e interpretações – que Deus tenha piedade de quem os tem – numa acirrada e disfarçada disputa pelo efeito de maior contundência na exposição
Um ente não dialoga; ele “monologa†diante de outros vários e tantos atentos monologantes. Ele apenas dialoga consigo mesmo tentando convencer-se com a precisão de um raro entendimento. Mas vã é a tentativa. Sabendo disso, engana-se a si próprio com a mesma elegância com que interpreta o mesmo engano que para si aprovou, para dar a outrem que o ouve atentamente como se o estivesse entendendo. Um consentido acordo de cavalheiros ocos, a preencherem-se de inócuas tentativas significantes.
Mas, e o sentido? O sentido, contido ficou enquanto internalizado no vasto mundo do imanifesto. A partir da manifestação, deixa de fazer sentido; apenas consente-se para que as delongas não prolongue enfados como em uma sala de espera a espera de se fazer entender.
Diante desse quadro – o qual não decoraria nenhum interior – espatulado com vigorosas pressões na realidade, mostra-se o quanto é praticamente quase impossÃvel a socialização igualitária. Por único motivo: a individualidade. O homus-individualis, nada divide. A sociedade não é composta de “dividuaisâ€. É decomposta por individuais. Nunca será possÃvel a longeva sociedade humana igualitária mas sim a circunscrita e desigual “saciedade†humana.
No silêncio de nossas alcovas individuais planejamos um “mundo melhorâ€. No máximo “dias melhores†com prazo de validade é o que se consegue. Resta-nos o consolo da engenharia “sensitiva†a construir pontes de acesso ao distante próximo, como uma forma de substituição à individualidade demarcada em nosso DNA.
No ensurdecedor barulho dos monólogos, acenamos com a esperança de que em um dado momento possamos nos fazer entender assim como nos entendemos a nós mesmos antes que interrompidos pela morte, possamos soçobrar em um eco perdido.
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