Figas de Saint Pierre de
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« em: Setembro 03, 2009, 15:03:14 » |
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Aviso prévio ao autor: Não tentem copiar a receita. É virtual.
UM BRUXO DA GUINÉ Ela entrou em crise! Era bela, belÃssima! Amava aquele rapaz. Queria-o para namorado. Infelizmente, o rapaz caÃu por outra enfeitiçado. Ela tal não aceitou. Seu amor se transformou em ódio por aquela que lhe tinha roubado seu namorado. Rica, como era, a tudo recorreu para cativar seu tesouro amoroso, mas em vão! Tudo falhou. Até mesmo um bruxo da Guiné, com muita reputação, muito badalado na imprensa, pelas suas eficientes bruxarias! Tinha um poder enorme! Constava que com a sua própria sombra conseguia transformar o preto em branco! Era muito requisitado em eleições, porque dava a volta a qualquer nabo. Em questões de fé, convertia qualquer herético com um pequeno electro-doméstico ou máquina d e café, torradeira, varinha-mágica, etc! Perante estas credenciais, a rapariga rejeitada, foi a este bruxo famoso, com experiência na Guiné, apresentar seu caso e, se fosse possÃvel, também tirar um curso de bruxaria!
-“Ó minha filha, isso não é fácilâ€, disse o bruxo no primeiro contacto, e continuou: “-Eu, ando há muito tempo na Liga dos Bruxos, tenho tido muitas lições, mas preciso de outras tantas e comer muitos nabos crus para derrotar o Belzebu das Antas, mas diz lá o que queres†-“ A rapariga desfiou o seu rosário de queixas amorosas. O bruxo ouviu e depois sentenciou: -“ Primeiro tens que te purificares. Tens que ir nas procissões. Rica como és, tens que dar casas aos pobres entrares em concursos de sopa de nabos. Comer muitos, mesmo muitos nabos. Só assim ficarás bem vista e com cara de santaâ€, e continuou: -“depois faz o seguinte: envenenas um porco com arsénico, recolhes a baba envevenada e acrescentas-lhe cinquenta gramas de raspas secas de pele de crocodilo, duas gotas de suor de sovaco de morcego, dois pirilampos cor laranja e uma garganta de grilo cortada aos bocadinhos e mais dez gramas de barbas de toupeira. Maceras tudo com um decilitro de ácido sulfúrico e pões tudo a marinar durante dez minutos em lume brando sob vapores de enxofre!†-“E depois?†perguntou a raparia, ansiosa. -“Depois arranjas emprego no Café, onde a tua inimiga costuma ir e misturas duas gotas da poção mágica na sua bebida; café, chã ou laranjada†-“Eu sei, eu seiâ€, exclamou a cliente. -“Eu sei aonde vai aquela sonsa, armada em boazinha. Vai todos os dias ao Café da Santa Casa†-“Não tem importância o sÃtio. Com esta poção não há santa que lhe valhaâ€, retorquiu o bruxo. -“Mas quais são os efeitos?†Quis saber. -“Faz e verás. São quinhentos contos. Não passo recibo, pois que serão gastos em bilhetes de lotaria , que devido aos meus feitiços são sempre premiados!
Confiante, a rapariga, depois de ter gasto mais umas centenas de contos na compra dos ingredientes para a poção, preparou tudo de acodo com o Mestre e tratou da cunha para arranjar emprego no Café da Santa Casa.
Como de costume, seu ex-namorado e a outra lá apareceram naquela noite fria, noite das bruxas! Quase já ninguém ligava a essa nostálgica lenda de bruxaria, mas o que a seguir aconteceu é realmente de pasmar. Na noite fria, os namorados trocavam beijos quentes. A rapariga atraiçoada, disfarçada de empregada de mesa. esperava, quase que desesperada, pela encomenda.. Até que aconteceu: -“ Traga um chá e um café, se faz favorâ€, ouviu. Rápida, bem disfarçada, com óculos e cabelo postiço, serviu as bebidas, onde na da inimiga não pôs duas, mas sim quatro gotas da poção recomendada pelo bruxo da Guiné. Ao primeiro gole, logo começou a transformação. Os olhos do rapaz quase que exorbitavam. Que estava a ver? Que estava a acontecer? Barba branca, na cara da namorada estava a crescer! Parecia barba de toupeira! Curioso que ela não dava por nada. Absorta, puxou por um charuto, que, mà gicamnete lhe aparecera ali à mão! Fumava! Fumava! O fumo evolava, evolava, em espirais, ao encontro da estratosfera do tecto da Santa Casa. O rapaz, ali, estava pregado à cadeira. Horrorizado! O feitiço continuou, e à quela hora, em que fazia muito frio, ela levantou-se e manifestou o desejo de ir passear com velhinhos pelo rio! Ela tinha pirado, pensou a namorado. Não percebia nada do que estava a acontecer. Envergonhado, levantou-se e retirou-se.
A rapariga rica, que paixão tinha por ele, seguiu-o e tentou abraçá-lo. Em vão. Ele rejeitou-a. Então, desiludida, pegou no frasco, e duma só vez enfiou o conteúdo pela garganta abaixo! De seguida viu-se no céu um grande fogaréu e sentiu.se um grande cheiro a enxofre!.
Alguns gondomarenses, presentes, diziam que o que tinha acontecido fora obra de algum bruxo, que alguém para Gondomar tinham trazido! Outros afirmavam que tal acontecera devido ao preço do chá que na Santa Casa se paga. Outros, mais zangados, sentenciavam: -“Pois, quem para cá tal bruxo trouxe, agora que se amouxeâ€
Agora, esperam por outro fogaréu no céu. ...........................................xxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx............................ .......... Autor deste pequeno conto de bruxas, premiado em concurso literário do JN, há mais de uma década: Silvino Taveira Machado Figueiredo (figas de saint pierre d elá-buraque)
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