Figas de Saint Pierre de
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« em: Setembro 23, 2009, 22:38:29 » |
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A FÉ E SEUS ACTOS COMERCIAIS
Este assunto é melindroso. Leitores deste texto, após algumas linhas, vão-me chamar hereje, comuna, ateu e quejandos, mas eu ralado. São uns santos!
O Homem é um ser sem Fé. O que chama de Fé é não passa dum mero acto comercial. O que faz, à semelhança do que tenta fazer com o ambiente, é moldar os deuses aos seus desejos. Inventar rituais para mitigar sua má consciência! Um deus não nasce, faz-se, feito pelo Homem!
Relações entre homens e deuses são relações comerciais, não de Fé. Todo o folclore à volta dos rituais, além dos dogmas, que vão mudando por vontade dos homens, mais não são que demonstração de obediência colectiva perante teólogos e teocratas, apenas “pastores”, que tentam perpétuar a obediência das ovelhinhas e determinar tempos da tosquia da sua lã financeira! Um deus não nasce, faz-se! Fazem-no!
O acto de fazer oferendas aos deuses não é mais que uma tentativa de suborno; ora para que faça chuva, para que faça sol, para livrar um filho da tropa, da doença, para que seu clube fique campeão, para que saia o euromilhões, a lotaria, não perder nas acções, sair da crise, arranjar amores, desfazer maus olhados, etc, etc. Enfim, crendices! Um deus não nasce, faz-se. Fazem-no!
Depois de muito oferecer, de muito rezar, de pedir a todos os deuses e santos, se o que pede é realizado, logo é considerado milagre e os representantes dos deuses recebem o prometido, caso contrário nickles! surge a descrença, o rogar de pragas aos deuses, que não atendem os pedidos dos suplicantes. Há ainda a parte comercial de comprar bulas e indulgências para acesso facilitado ao Paraíso e às benesses celestiais! Há ainda quem, fazendo promessas, paga a terceiros para as cumprir em seu lugar. Há os que, tendo dinheiro, morrendo-lhes um familiar encomendam muitas missas (mau sinal) para que o defunto tenha as boas graças divinas, não vá Deus (a julgar pelas conhecidas barbas, já um pouco velhote) pode esquecer-se!
A discriminação também reina na entrada do Paraíso. Quem mais tem mais cunhas mete! Acho que, também neste caso, o Governo devia dar um subsídio social mínimo para missas a cada morto dos lares sociais. Seriam as missas mínimas! Tipo vacinas contra o Inferno! Pelo menos quatro por ano, como as estações!
Sou do tempo em que quando morria alguém, com posses financeiras, para impressionar sua dor pela partida do querido defunto, ( nem que fosse um bom estupor) a família contratava um grupo de mulheres; as carpideiras, que se, ponham, momentos antes, do levantamento do corpo, em altos gritos de pesar, substituindo as secas lágrimas dos familiares, logo a deitar constas às partilhas. A cantilena carpida era do género. -"Ai meu meu Deus. Era mais um “santo homem". Ai que desgraça!" Tudo isto, muitas vezes, acompanhado dum numeroso grupo de meninos órfãos, vindos dos orfanatos do Porto, de capa negra e cabeça rapada, a troco duns trocados para as sopas, mas que serviam para dar um ar de grandiosidade de alma santa alma à alma que partia!
Conclusão: Se houver dinheiro criam-se lobbies para corromper ou meter cunhas a S. Pedro! Por isso, digo que a Fé e seus actos folclóricos são meros actos comerciais. Um deus não nasce, faz-se!
O pessoal confessa-se, recebe a extrema unção e finge que vai lavado de alma e perdoado dos pecados. É como firma que pede auditoria às contas, em que auditor diz estar tudo certo, mas depois verifica-se a descarada trafulhice dos seus gestores. Alguns vão presos, embora, como o Dias Loureiro, digam que não se lembram de nada. Talvez nem se lembrem de terem vivido! Quantos não irão daqui, com certificados de garantia de vida santa, direitinhos para o Inferno, se é que o há!? As suas pseudo boas acções não têm qualquer valor na bolsa celestial!
Só para efeitos exteriores, e como acto de subimssão, os homens gostam de dizer, em relação ao divino: “Seja feita a vossa vontade”, porém o que gostam é que seja feita a vontade humana, porque pensam que os deuses devem servir os homens, não o contrário. Um deus não nasce, faz-se. Fazem-no!
Ao longo da história, o Homem tem criado milhares de deuses e de religiões, do tipo usa e deita fora, para correcção de comportamentos imorais e não éticos . Na impossiblidade das ameaças dos castigos humanos susterem bestialidades humanas, criaram imaginárias penas eternas, decretadas por imaginários deuses! Um deus não nasce, faz-se! Fazem-no!
O caso ainda ficou mais agravado com a vinda de Cristo, dizem que deus feito homem, que ensinou o venha a nós e o perdoai-nos senhor. Ou seja, o pessoal pode fazer todo o tipo de asneiras, porque há sempre um deus que perdoa! Um deus não nasce, faz-se!
Além do mais, se realmente teólogos e teocratas acreditassem no que pregam, e passasem da teoria à prática, seriam os mais humildes de todos nós, sem o capitalismo e ostentação evidenciados, e sempre encostados ao poder! Um deus não nasce, faz-se!
Só concorda quem quiser. Não me importo que acreditem em deuses, mas não obriguem outros a acreditar. Um deus não nasce, faz-se! Eu faço o meu. Aliás, em caso de aperto, muitos dizem:-“Ai meu Deus”. Por isso, embora dizendo que há um só Deus, cada um tem o seu! Um Deus não nasce. Faz-se!
......................................xxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxx........................... Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo Gondomar
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