Coxinhas

Coxinhas

“Numa frigideira coloque óleo suficiente para cobrir as coxinhas. Quando estiver quente, frite-as de três em três, até que fiquem douradas.
Evite virá-las continuamente, para que não abram.”
(Extracto retirado da Cozinha Tradicional)

Gosto de cobrir coxinhas nem que seja com óleo de fritar. Este acto de cobertura implica a existência de um cobridor. O chamado cobridor de coxinhas que é uma especialidade que se tira no Matadouro de Pitos, que fica ali para os lados de Pitões das Júnias.

Em Freamunde, famosa pelos capões, também se cozinha um prato conhecido pelo Prato dos Ditos que atrai multidões desejosas de os provar. Consta-se que os freamundenses, devido a esta alimentação sui generis, apresentam a maior vitalidade da União Europeia. A prová-lo as numerosas excursões de turistas nórdicas que enxameiam as ruelas típicas da vila, fazendo ouvir os seus cânticos sendo o mais famoso o Canticus dos Aiish do Chio, que já os Vikings entoavam á lua nas suas deambulações marítimas.

Mas voltando ás coxinhas, não podemos deixar de referir o prato das coxinhas salteadas, que como o nome indica são coxinhas que depois de cozinhadas apresentam uma textura de cama elástica, muito recomendada para quem está em dieta e precisa fazer exercício. As coxinhas em vinha de alhos, menos famosas devido ao pivete que emanam, não apresentam qualquer dificuldade na confecção, excepto a tendência para a abertura de rachas com bastante facilidade. Recomenda-se por isso que o vinho seja um meia encosta, porque o encosta inteiro pode ser perigoso, como o próprio nome indica.
Voltando á nossa receita, depois de cobrir as coxinhas com óleo, frite-as de três em três. Esta obsessão por cozinhados triplos, já vem do tempo da Monarquia, onde os nobres degustavam 3 coxas de faisão ( não admirava aqueles ares amaricados em uso na época.) ou na sua falta três miudezas das aias, digo asas, como aperitivo, descansando após o repasto nas coxas ou coxins das condessas e marquesas.

Os três foi a conta que Deus fez, diz o povo, mas curiosamente é o povo que trata de desfazer o mais rapidamente possível tal enguiço, reduzindo os três a zero. Esta predilecção veio até aos nossos dias, senão veja-se, o famoso navegador inglês Charles Cross, que no século passado, adorava retirar os três da frigideira e papá-los, como se fora papos de anjo Consta-se que está em dieta rigorosa, ou devia estar, condenado a chuchar agora coxinhas de passarinhos.

Em alternativa a esta receita, descreveremos, agora, a famosa e muito praticada receita conhecida por “Nas coxinhas é um descanso” inspirada nas meias descanso que, agora todas as nossas cozinheiras usam. Faço aqui um parêntesis para homenagear as nossas avós que por falta de outros produtos usavam só meias Bayona, hoje já em desuso, Este prato não exige aquecimento, que até é prejudicial devido a possíveis queimaduras extemporâneas , servindo-se frio, mas convém não exagerarmos , senão as coxinhas ficam roxas e esta cor, fora da Quaresma não interessa a nenhum menino
Começa-se por depenar a franga ou frango, conforme o gosto e colocam-se as coxinhas numa cama feita de orégãos e piripiri q.b. Como o sushi, come-se cru, tendo o cuidado de não abrir o peixe, neste caso, as coxinhas. Recomenda-se muita cautela com a pele, para não avermelhar, além de que se deve “evitar virá-las continuamente, para que não abram”.

Leça,24/09/2009