MOMENTOS DE CHEGADA

MOMENTOS DE CHEGADA
Marília L. Paixão
São os mais ternos. Você chega, pensa em abrir a porta e a porta se abre um pouquinho antes. Você sorri e ganha abraços. Você larga a mala e deixa o abraço ficar mais gostoso. Você se sente feliz em casa.
A casa se sente nova. Voltou o sol que faltava para completar cada cantinho. Voltou a lua que a tudo dava bom dia. E olhem bem todas as janelas. Se estiverem muito abertas o vento que voltou pode ter voltado com muita força!

Como seria bom um café enquanto vamos contando tudo. Novidades! Inúmeras! Quase nem dei conta de saber. Meia dúzia de boas e nestas seis umas cinco tristes. A vida é assim mesmo, mas estamos alegres. Difícil a volta. Morrendo de vontade de voltar para casa e sem coragem para o tal do tedioso ônibus. Não quero mais deixar o bus me levar.

Na ida li o livro PRINCESA sobre a vida das mulheres na Arábia Saudita. No início achei bem chatinho, depois o jeito foi se acostumar e ele foi melhorando. Vale por todas as informações culturais obtidas. Foi bom ter lido. Na volta cheguei até a página 230 do livro do Stuart Woods “The Short Forever” - Um romance em língua Inglesa. Também me foi recomendado pelo meu irmão: “Leva para você ler. Comecei a ler mais tem muito vocabulário difícil”. Fazer o quê? Aceitei o livro. Ter até que tem, mas li o que pude e pronto. Eu é que não ia ficar consultando palavras e nem dicionário no ônibus tinha. Mas fui lendo e vendo que este livro deve ter dado um bom filme policial. Se não deu, daria!

Mas como cheguei ontem à noite esta é a minha primeira manhã em casa. Não posso ficar aqui. Ainda não cumprimentei o sino da igreja. Mas eu faço isso daqui da janela de casa mesmo! Acho que essa é uma distância boa. Tem coisas que de perto não funcionam bem. Melhor a gente feliz do jeito que escolhemos ser e tem uns pedreiros que parecem estar derrubando o apartamento ao lado.

Foi pensando neste ser feliz do jeito que escolhemos ser que no início da manhã de ontem já no ônibus escrevi uma crônica que depois digitarei. Sobre a forma como as pessoas dizem oi umas para as outras. Claro que eu escolhi um “oi” só. Foi um que assisti e achei lindo. Na verdade eu não escolho escrever sobre coisas ou pessoas. Quando penso em escrever alguma coisa eu deixo é a vontade agir por mim. Agora por exemplo era só para dizer que cheguei e breve tomaremos mais café que é tão gostoso quanto todos aqueles comentários calorosos que recebi. Neste instante virei o último gole do café que dizia por mim: Muito obrigada! O café que não seria doido de me agradecer por eu ter voltado. Inteligente como as pessoas que gostam dele, fica feliz por ser tomado e os meus textos por serem lidos.