O LIVRO VAI MORRER?

[josé antonio]

“ Os livros. A sua cálida, terna, serena pele. Amorosa companhia. Dispostos sempre a partilhar o sol das suas águas. Tão dóceis, tão calados, tão leais. Tão luminosos na sua branca e vegetal e cerrada melancolia. Amados como nenhuns outros companheiros da alma. Tão musicais no fluvial e transbordante ardor de cada dia. “

Eugénio de Andrade


- Será que a exemplo do que já se verifica numa fatia importante da imprensa, por razões supostamente devidas à necessidade de redução de custos, estes nossos amigos, em papel, terão os dias contados?

É este o debate que vos proponho para este mês de Novembro, mês propício à reflexão junto ao conforto da lareira, no serão familiar, com ou sem castanhas assadas e água-pé para acomodar as mesmas nos estômago!

Vamos a isso.
Está dado o pontapé de saída…

José António

[Goreti Dias]

Eu acredito que têm os dias contados sim, pelo preço que somos obrigados a pagar para usufruir da sua companhia. E com séria tristeza o digo porque gosto de tocar as folhas de papel, gosto até do cheiro da tinta que dele emana quando saído da tipografia.

[josé antonio]

" Ah, como é triste morrer quando há tantos livros que ainda não li! "

M. Menendez y Pelayo

[Luis F]

Infelizmente parece que sim... com o evoluir dos tempos terá tendência a desaparecer.

Actualmente o preço proibitivo dos mesmos, levam já a ficar empilhados nas livrarias.

Bom tema Zé

Um abraço
Luis

[josé antonio]

Segundo o best-seller " A CAUDA LONGA" a quantidade média por edição nos EUA é de 500 exemplares e sem fins lucrativos para os autores que fazem as edições apenas para enriquecimento do seu curriculo pessoal.
Aqui em Portugal, baseando-me nas afirmações dos profissionais das editoras, por exemplo um livro de poesia com venda na média de 100 exemplares - é muito bom!
E esta, ein?
Abraço
JA

[Goreti Dias]

E para vender 100, pagamos muitas vezes nós a publicação...

[Luis F]

E não pagamos tão pouco quanto isso.

Não existe ajuda na promoção do livro por parte das editoras ao autor, nem ajuda dos canais de promoção e distribuição à obra, de forma a dar a conhecer a mesma.

O autor tem de suportar tudo e mais alguma coisa para poder fazer chegar o seu livro ao maior numero de pessoas e muitas vezes apenas pessoas conhecidas.

Assim vai o meio literário... promove-se a imagem dos sociais e quem não e conhecido na passerele cor-de-rosa nem sequer é falado.

[josé antonio]

Luís,

Antes de escrevermos temos de ser pivôs televisivos.
É essa a fórmula!
JA

[Goreti Dias]

O problema é esse! Vende-se o que é escrito por gente conhecida e que muitas vezes não vale nada, literariamente falando. O compadrio campeia!

[josé antonio]

Ou então escrever-se histórinhas de amor e compaixão, guerras, desgraças com direito a fotografias horrendas, ou futilidades cor-de-rosa, do estalo mal parado na cara da ex-mulher do dirigente, do presidente, da namorada do namorado, e dos coitadinhos dados como mortos afinal ainda vivos, por pretenso milagre.
Tenho de pensar nestas realidades. Rs,rssss...
JA

[Luis F]

Zé mas é essa a realidade...

Se contares uma história cor-de-rosa e se fores alguém do meio, projectam a tua imagem e a tua obra, mesmo que a mesma nada vale. Contudo se fores tu mesmo a fazeres a mesma coisa, dizem-te logo que não tens qualidade.

Quantas e quantas obras de lixo literário são postos à venda por ser escrito pelo apresentador A ou B ou pelo Sr A ou B que aparece na TV ou na revista

[josé antonio]

É o que vamos tendo, Luís...
O José Rodrigues dos Santos está a fabricar/editar um livro por ano = 7 livros desde 2002!

[Manuel Antunes Cardoso]

O livro poderá mesmo morrer.Uma morte completa e preenchida pela vaidade oca dos aprendizes de escribas e rematada pela ânsia mercenária de bastos editores da nossa praça.Um assassínio conscientemente perpetrado pela conjugação das frivolidades de quem pensa que escreve, e as veleidades de quem pensa que editar, é tão somente fazer crescer qualquer sinal exterior de riqueza por dentro do arroto alarve e mercenário.
Tenho dito!

[Dionísio Dinis]

Este Manuel Antunes Cardoso é mesmo um exagerado!
Eu vos garanto, de fonte sábia e segura, que o livro nunca morrerá.Eu cá por mim, que não tenho carícias nem delícias suficientes para afagar devidamente o sagrado papel, garanto-vos que o livro viverá muitos e longos séculos sem nenhuma ofensiva incursão minha.Tão certo como ser Dionísio com breves intervalos em Manuel Antunes Cardoso.

[Alfredo D]

Sei lá se o livro falece ou não, ainda por cima com estas ideias do Antunes e do Dinis, menos opinião tenho sobre o assunto.E se morrer o livro, nasce mais uma árvore?