Amadeu e Ana

[Abgalvão]

Amadeu e Ana
(nomes fictícios)


Os dois juntos caminhavam, lentamente,
De mãos dadas e arrastando a incerteza…
Nos seus olhos a tristeza permanente
E às costas a mochila da pobreza

Por estradas sinuosas buscam rumos
Com a tal fé que dizem mover montanhas…
Só que a sorte não se nivela com prumos
E a vida é perita em artimanhas

Amadeu e Ana, casal muito jovem
E com fracas perspectivas de futuro,
Vão lutando contra int’resses que se movem
Mas a esp´rança morre em parto prematuro

Juntam-se outros e mais outros! Já são tantos
Apertados num tal nó tão corrediço…
Que já nem sei se rezando a Deus e Santos
Se salva alguém deste chão tão movediço

Este País é um trilho pedregoso
Onde andar é um tremendo suplício…
E nós, como em ritual indecoroso,   
Quais anhos vamos ao sacrifício

É Natal! Há rezas, louvores, promessas…
Há pedidos, prendas, mensagens, postais…
Enquanto isso… girando às avessas…
Há um mundo que se atola mais e mais

E há gente…muita gente sem ter luz
Sem ter água, sem ter milho, sem ter pão…
Para quem peço, neste Natal, bom Jesus,
Maior dose de carinho e protecção.

Abgalvão

[Goreti Dias]

Terá que ser a própria humanidade a encarnar Jesus!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Abgalvão...

Que belo poema! Gostei imenso.
Deus te abençoe.

[CAMPISTA CABRAL]

Abgalvão:

Li outros poemas teus e, desde o primeiro instante vi uma marca forte, uma poética bem acertada, um texto bem tecido. Já o comparei (guardadas as devidas diferenças de época e contexto histórico) a um grande poeta do barroco brasileiro: Gregório de Matos Guerra. Já leste algo do poeta baiano? O poema Amadeu e Ana é brilhante! Um grande e belo poema! Gosto da sua escrita! Aplausos!!!

Um grande abraço!!

[Abgalvão]

Goretidias e Oswaldo
Agradeço os vosos comentários e desejo-vos um Santo e feliz Natal!
Beijo e abraço

[josé antonio]

Abgalvão,

Noites de calor, fraternidade e alegria para si na companhia da Ana, do Amdeu e toda a sua família.
Abraço do
José António

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Um excelente Natal para ti e todos os seus.
Um Ano Novo pleno de grandes realizações.
Deus esteja contigo hoje  e sempre.

Abraços brasileiros...

[Abgalvão]

Meu caro amigo agradeço os simpáticos comentários que tem feito e pela lisonjeira comparação com o poeta Gregório Matos Guerra, que não conhecia, mas tive o cuidado de ir à Net pesquisar e achei muito interessante.
Vou me alongar um pouco para lhe dizer que me fazem sentir orgulhoso ao chamarem-me poeta mas, na verdade, não me sinto como tal por não dominar a poesia por inteiro. Eu não tenho estudos, (tenho apenas o ensino básico), mas posso dizer que a poesia e a vida têm sido para mim as melhores Universidades. Com elas tenho aprendido e evoluído muito. A leitura e o contacto com companheiros que cultivam o mesmo gosto pela poesia tem-me ajudado a desenvolver esta paixão que nasceu quando tinha cerca de 10 anos de idade e li pela primeira vez o poema de Augusto Gil - A balada da neve - poema que ainda hoje considero um dos mais bonitos que já li até hoje.
Escrevi e rasguei muitos poemas ao longo dos anos por falta de confiança e complexo. Só muito recentemente e incentivado por amigos poetas, que fui conhecendo, me atrevi a mostrar a minha poesia.
Nos meus escritos abordo com frequência problemas sociais de vária ordem porque também os senti na pele e sei como doem. Mas também gosto de falar das coisas bonitas da vida como o amor.
Acho que já me dei a conhecer um pouco mais.

Abraço fraterno e um Santo e feliz Natal para o amigo e todos os que lhe são próximos.
Abgalvão

[CAMPISTA CABRAL]

Conhecer tua poesia foi um privilégio para nós! Espero que tenhas gostado do Gregório. Aqui no Brasil ele é considerado revolucionário no seu misto de lírico e sarcástico. Quando dizes que não és poeta tenho que contrariá-lo! És! O verdadeiro poeta sabe o manejo do verso (não necessita de universidade para sabê-lo). Obrigado pelos votos de boas festas! Desejo-os assim também para ti! Um grande abraço!!