Sonhos II - romper da aurora

[Araci]

São duas da manha!Não consigo pregar olho!
É como se ainda sentisse a tua presença à minha volta:o teu perfume,o teu rasto pela casa, a tua voz perdida pelo corredor a chamar por mim,o teu toque mágico,o teu adeus.
Está uma noite fria.O vapor que sai dentro de mim forma uma neblina na janela,mãos e pele arrepiadas.
Estou sozinha ,o quarto está escuro,a cama bem feita,os lençóis imaculados e lisos.
Acendo um cigarro,sento-me na borda da cama e olho para a janela.
Já devorada meio maço quando me dei a perguntar que ruas pudesses cruzar naquele momento,que pessoas novas entraram na tua vida,qual é agora a tua história.
Mas,as paredes não falam,uma janela é só uma janela,e as ruas estão desertas.
Saio dali para perder-me por esses caminhos que antes cruzavamos juntos,não sei para onde vou nem para o que vou.Simplesmente caminho.
É o romper da aurora,o começo agora de um novo dia,mas eu tenho cara de noite mal dormida.Vultos passam por mim e não me vêem, eu também não as quero ver.
Paro diante de uma montra.“um biombo chinês ”penso, e sigo caminhando...

[Goreti Dias]

Ainda bem que as paredes não falam. Nem sempre nos faz bem saber as respostas para essas perguntas...

[sofiagonçalves]

Amei tua escrita. Muito romântico mesmo, adoro coisas românticas que tocam no intimo de cada ser.