Calendário

[carlossoares]

Calendário


Um mundo à tua frente
Quantos mundos que nem sonhas
Um anseio
Ou penitente
Abrir de portas fronhas

Um poder que não tens
Quantas palavras te faltam
Um dizer de desdéns
De versos que nem exaltam

O que sim e o que não
Talvez seja o que não crês
Mais vale um passado na mão
Que os futuros que não vês

Desenhas formas recrias
Mas não salvas
Não tens esse poder
O dia sobrevive-te

Embora criador
A tua criação surpreende-te
Tal o poder
Que te é dado

Tens o instante do gesto
E do pensamento
Mas não dominas sequer
A tua obra

Afinal tu és o quê?

[elvira]

Um poder que não tens
Quantas palavras te faltam
Um dizer de desdéns
De versos que nem exaltam


Carlos, o seu poema me deixou meditativa! Bj

[carlossoares]

Elvira, olá!

ter a propensão para meditar é estar entre a urgência do agir e a necessidade de pensar e de sentir profundamente a coerência do que se faz e do que deve ser feito.
Obrigado.
Abraço

[anamarques]

Um escritor amargurado, um ser frustrado? Não sei...mas gostei do poema. Abraço.

[Goreti Dias]

Talvez a ingratidão do tempo, a que dita a ordem de criação ao próprio poeta.
Uma poesia para ler e reler. Sempre.
Beijo

[carlossoares]

Ana Marques,

fico a meditar na sua observação deveras pertinente.
Um abraço

Goreti,

parece que nunca temos tempo para aquilo que mais gostaríamos de ter feito?
Beijo

[Vania Lopez]

Gostei desse calendário e do tempo medido por dentro e por fora. bj