Públio Athayde
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Juro que não estou entendento este sÃtio.
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« em: Agosto 23, 2010, 20:13:49 » |
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Leitor compulsivo e ex officio que sou, além de bom ouvinte da nossa lÃngua, tenho observado os dois fenômenos do tÃtulo, para os quais chamo a atenção dos interessados: o subjuntivo, aquela forma verbal que a gente estudava usando se, que e quando, para ajudar a decorar, está morrendo, morre do que morrem os recursos e as belezas do vernáculo, da falta de uso; quanto ao sujeito, aquele trapinho da oração que pratica ou recebe uma ação, perdeu toda a credibilidade, talvez seja por estarmos tratando de sujeitos brasileiros ou portugueses em sua maioria, já mesmo um tanto desacreditados no mercado. Por mais que minha observação não seja produto de nenhuma investigação criteriosa e minha análise não se revista de aparato linguÃstico profissional, o que ressalto são apenas dois pontos que têm me causado incômodo. A primeira questão, a agonia da forma verbal, tenho observado principalmente nos textos escritos. Acredito mesmo que o óbito do subjuntivo já tenha sido devidamente atestado na fala, ressalvando-se algum erudito que cisme em falar como escreve, talvez por muito escrever, mas ele é a andorinha que não faz verão. Mas tem sido novo para mim, e um pouco incômodo, dar com construções como: “algum erudito que cisma em falar†– “talvez é por estarmos tratando†– “minha análise não se reveste de aparato lingüÃsticoâ€. Dá para se ouvir essas coisas sem arrepiar, mas minha reclamação é que estamos lendo isso constantemente, rarÃssimo o uso daquele modo verbal mesmo em textos. Vamos destacar a função do subjuntivo para dar a ele algum alento: modo verbal “que expressa a ação ou estado denotado pelo verbo como um fato irreal, ou simplesmente possÃvel ou desejado, ou que emite sobre o fato real um julgamentoâ€. Palavras de mestre Houaiss. Se for irreal, possibilidade ou desejo, ou se for uma opinião, um juÃzo, uma hipótese, o enunciado que venha no subjuntivo. Guardemos o modo indicativo, o mais vira-latas das conjugações, para as coisas certas e bem sabidas: “Dá para se ouvir essas coisas†– “ele é a andorinha que não faz verão†– “Vamos destacar a função do subjuntivoâ€. O descrédito no sujeito é fenômeno recorrente na fala, a mais dinâmica das facetas das lÃnguas. Fico me perguntando se tal ocorrência tem algum fundamento psicossocial, por estamos mesmo perdendo nossas fés, ou por as pessoas estarem mesmo merecendo desconfiança. O fenômeno ocorre porque as pessoas estão separando o sujeito do resto da fala por uma pausa, para pensar o que dizer – ou mentir – mas na escrita essa pausa é representada por vÃrgula e ocorre que a danada da vÃrgula não pode se meter entre o sujeito e o predicado; a vÃrgula é a colher de pau entre o marido (sujeito) e a mulher (predicado). Então sapecam um pronome, depois da pausa, para ele substituir o sujeito e fazer o serviço dele: “O descrédito no sujeito, ele é fenômeno...†– “A primeira questão, ela tem sido observada...†– “O fenômeno, ele ocorre porque as pessoas...†Nada errado nessas construções, erro formal não há. Minha implicância é com a recorrência delas. É bem verdade que alguns sujeitos não merecem mesmo nenhuma confiança, mas todos eles? Qual o problema em podarmos boa parte desses pronomes e vÃrgulas, deixando os sujeitos livremente recebendo ou praticando as ações que lhes são devidas? Acredito que as pessoas, ao falar, ganhem credibilidade em seu discurso e maior fluência se passarem a ter fé nos sujeitos e suprimirem de suas declarações boa parte desse artifÃcio de raciocÃnio ou falseamento. A ressurreição do subjuntivo empresta aos verbos o sentido mais próprio e a confiança no sujeito se reflete na fidedignidade do discurso. Assim tenho pensado.
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