Figas de Saint Pierre de
|
|
« em: Setembro 06, 2010, 20:34:32 » |
|
Ele gosta de melros!
Ele sabia que o ninho estava lá, escondido entre ramos de densa ramada, que mais tarde daria os frutos, que uma vez liquifeitos, eram apreciados por Baco. Ele já tinha vista a melra desaparecer num sÃtio da ramada e não mais dar sinais! Foi um jogo de paciência, esperava que a melra saÃsse do ninho, para, então. tentar descobri-lo! Ei-lo! A medo, porque estava bem alto, meteu um dedo perscrutador. Teria ovos? Tinha, eram dois!
Lembrava-se dos tempos de menino, que, em más compamhias, andava aos ninhos, e todo o ninho que fosse encontrado com ovos, estes eram retirados e davam uma fritada, na casa dum membro do gang, sem que sua mãe visse, porque senão lá vinha o sermão do: - “Isso não se faz†“ - “Depois não há cordonizes nem melros nem nada†Agora, já mais velho e pai de duas crias, já tinha outra visão sobre a bicharada! Rolas, gatos, cães, papagaios, periquitos, coelhos, chinos, tudo passou pelas suas mãos, até dos galos e galinhas, para a função do “arroz pica no chãoâ€
Mas, agora era a curiosidade de ver aqueles dois ovos de melro eclodirem, com vida!
De vez em quando, tendo a certeza que a melra estava ausente, ele ia ver a evolução do processo! Um dia foi a surpresa de, ao meter um dede, ter o contacto com dois bicos abertos, certamente à espera do “tachoâ€. O medo dele era que eles fugissem sem que pudesse ter a glória de os mostrar à s suas pequenas descendentes!
Chegou o dia! A mãe não estava no ninho! Ele meteu a mão no ninho e sentiu já dois melros, bem encorpados, bem alimentados. Pegou neles, um em cada mão, mas eles já tentavam bicar aqui, bicar acolá, sofreram a caminhada até à cozinha, onde as filhas do raptor esperavam pelo pai, para começar a almoçar.
Surpresa geral, um grito de curiosidadade vibrou no vido da porta! “Que é isso?, perguntou uma delas, O pai, munido da sua ciência ornitológica, disse que eram dois melros, embora não soubesse se fêmeas ou machos.. Explicou que tinha encontrado o ninho, que os fora lá buscar, mas, que estivessem descansadas, regressariam ao ninho.
Depois da inicial surpresa, as miúdas foram capazes de fazer ums festinhas nos pescoços melrianos e estes já começavam a ver que não havia grande perigo. De nada adiantava tentar dar bicadas. Aliás, já tinham desistido! O caçador dos melros fartava-se de lhe passar a mão pelo pêlo. Eles já estavam mansos! Depois da exibição, e porque as batatas estavam a arrefecer. levou os melros ao ninho foi almoçar.
No dia seguinte: -“Toma, é para aprenderes. Não nos pões mais as mãos em cima†É verdade, os melros, sem dúvida que incitados pela mãe, levantaram vôo! O ninho estva vazio!
Hoje, ele desconfia que é dessa descendência, que ouve sinfonias âs 5 da madrugada. junto `janela do seu quarto. Ele imita bem o assobiar dos melros. E quando os ouve, no quintal, dá-lhe troco. Eles respondem, como que a dizer -“anda cá nos apnharâ€
Ele gosta dos melros e já não lhe come os ovos. Até deixa, em paz, os vários ninhos que existem no seu quintal! ----------------------xxxxxxxxxxx--------------------------------
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo (figas de saint pierre de láburaque) Gondomar
|