Sem título(135)

[Dionísio Dinis]

No acaso solitário da descrença

Na dúvida de teres para não seres

Devolve ao firmamento o indagante olhar

E se te basta essa aurífera riqueza

Será certo o caminho que traçaste


Em dúvida imensa

Deixa que os afectos e abraços verdadeiros

Te poupem a vitais crises

Que em verde vómito e intermitente consciência

Te fazem renegar o seres inteiro

Para teres o desejo em ser amor

E assim fundires o sol com a vontade


Há-de haver um lugar para além de ambições mesquinhas.

Se és

O tempo e o espaço

Farão das tuas cores

Os justos coloridos do universo.


Assim te fazes deus por nada possuíres!



Dionísio Dinis  

[helenacosta]

 " Assim te fazes deus  por nada possuíres"!

  Muito belo!

  Bjs

[carlossoares]

Obrigado Dionísio por nos dar a ler este poema primorosamente estruturado e estruturante da indagação de sentido/inteligência. Alguém dizia, creio que era o Herman na televisão, que o que tem de ser tem muita força. Aceitar a realidade é uma atitude fundamental para o nosso equilíbrio. O problema é que, como já disse num poema que também está publicado aqui no escritartes, "As coisas não têm de ser como são". Ou, pelo menos, o problema é "se as coisas não têm de ser como são".
Mas o poema fez-me lembrar também uma passagem de Bernard Groethuysen, em "Antropologia Filosófica": «Por que razão o homem não é sage por natureza? Porque é que ele, para viver segundo a natureza, deve, primeiramente, tornar-se virtuoso?»

Um abraço

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Tempos não lia nada seu, Dionísio! Gostei muito do que repartiu conosco.

Abraço...

[Dionísio Dinis]

A todos o meu imenso bem-haja.

[Goreti Dias]

Se da fusão do sol com a vontade nascesse a verdade... além dos deuses, os homens também não possuiriam senão a beleza da justiça e retidão!
Excelente poema, profundo na sua ideologia tão pura. Parabéns!

[Dionísio Dinis]

Grato pela visita e generoso comentário, amiga Goreti.

[Mel de Carvalho]

Em boa hora chego e leio de ti. Em boa hora te digo, meu amigo, assim escrevendo, porque nos privas da partilha de obra tua? Um livro, sequer te falo (sei o que pensas), mas, caramba, quem assim escreve, quantos poemas oculta na gaveta?

Obrigada amigo. É uma benção ler-te.
Beijo daqui
Mel 

[CAMPISTA CABRAL]

Olá Dionísio,

obrigado pela partilha dos reflexivos versos. E o final do poema nos faz pensar sobre nossa condição: "Assim te fazes deus por nada possuíres!"

Um grande abraço!

[Dionísio Dinis]

Por tão gratos encómios, não me acharei mais merecedor e fazedor de versos que outros maiores poetas.Tributo apenas, com aquele especial e fraterno abraço ao amigo Campista e à amiga Mel, em testemunho  de profunda gratidão.

[CAMPISTA CABRAL]

Mas como não é merecedor de tais palavras? Poeta és! Que muitas outras palavras de elogio se façam em outros e mais versos.

Um grande abraço Dionísio!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Lendo de novo e de novo apreciando muito...

[Goreti Dias]

Cada vez mais, a cada nova leitura!

[margarida]

Uma poesia de repleto talento. Bravíssimo!

[Conceição Constantino]

Talentoso poeta. Magnífica a sua arte!