Nação Valente
Contribuinte Activo
Offline
Mensagens: 1268 Convidados: 0
outono
|
|
« em: Maio 03, 2012, 15:46:24 » |
|
Acordei num dia estranho. No calendário era dia primeiro de Maio. Na tradição e na simbologia dia do trabalhador. Em todo o mundo livre comemoram-se as conquistas por direitos sociais e por um mundo mais justo. As lutas dos assalariados feitas tantas vezes com sangue, suor e lágrimas, conseguiram conquistas que atenuaram injustiças e proporcionaram uma mais equilibrada distribuição da riqueza. Mas uma campanha estranha e cÃnica de uma cadeia de distribuição, demonstrou que o conceito de classe trabalhadora não passa de um mito. Que a consciência dos explorados numa sociedade desigual e em retocesso social é uma miragem. A comprovação da volutalidade das massas ficou bem expresso no teste da cenoura. Bastou o grupo merceeiro Jerónimo Martins colocá-la na ponta do pau para a turba a seguir cegamente. Sejamos claros, não está em causa o direito do consumidor aproveitar os preços mais acessÃveis. O que está em causa é o cidadão diluir-se no papel de consumidor. E quando este apenas pensa com a barriga, dando o espectáculo dantesco que se viu, como se se vivesse um mini apocalipse, desce-se à condição mais primária da condição humana. Onde estão os grandes valores do humanismo? Onde está o progresso social? Arrisco uma explicação preocupante: a sociedade de consumo instrumentalizou de tal maneira as mentes, condicionou de tal forma os espÃritos dos cidadãos que hoje os tem na palma da mão. Como na Roma antiga proclama-se pão e circo. Eis a amarga lição a extrair de um pingo doce sem pingo de vergonha. Paradoxalmente, as classes trabalhadores colocam-se ao lado de quem as explora a troco de um prato de lentilhas e neste caso concreto ao lado de um dos homens mais ricos de Portugal. Neste momento, quem controla as massas não são os sindicatos nem os movimentos que lutam pelos desfavorecidos. São os homens do dinheiro. Estranha ironia. Ao fim de anos de perda de excesso de privilégios os donos do capital voltam a readquiri-los. Os poderosos sabem que se se apoderarem do primeiro de Maio ganham a batalha final a caminho da exploração sem regras. A campanha do primeiro de Maio não foi inocente. Foi um doce amargo que justifica o estado a que chegamos.
MG
|