Figas de Saint Pierre de
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« em: Novembro 23, 2013, 20:45:10 » |
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âPĂșcaros Barâ. Lembrar o âPĂșcaros Barâ, local onde, ininterruptamente, Ă s quartas-feiras, ali, nas arcadas de Miragaia, onde, durante mais de uma dĂ©cada, acontecia poesia sob a batuta do seu dono e dinamizador, o saudoso Carlos Pinto, Ă© lembrar o gosto duma coisa doce, que doce perdura nos que partilharam doces fatias do bolo da poesia.
Tudo tem princĂpio e fim. Fim tambĂ©m teve o que nem sempre dura eternamente, e o âPĂșcaros Barâ, sem o Pinto, tinha que ser diferente, logicamente. Pode-se substituir um corpo, mas nĂŁo alma de gente, embora no mesmo lugar haja quem sinta lembranças e saudades a pairar.
Quarta feira passada, decidi sair Ă noite e ir a uma sessĂŁo de poesia. NĂŁo ia com destino aos âPĂșcarosâ, que, segundo informaçÔes, com nova gerĂȘncia tenta seguir o figurino antigo; poesia de poetas espontĂąneos, sem formalismos, com liberdade total, num ambiente solto, de cavaqueiras entre uns drinks, enquanto nĂŁo se saltava para a arena e se declamava! Declamar?! Bem, isso era um calhar! Todavia, sem dĂșvidas, que muitas vezes aconteciam faenas poĂ©ticas, onde se pegava a hipocrisia pelos cornos e o amor pela ternura dos beijos e abraços, com erotismos Ă mistura!
Eu, como dizia, era para ir a um sĂtio, mas, afinal, qualquer coisa me empurrou para outro, para os PĂșcarosâ! Cheguei lĂĄ, vestido de expectativa. Como estaria a âCatedral da Poesiaâ? Ă entrada, uma jovem fumava. Novidade! Nos âPĂșcarosâ, no meu tempo; como sĂłi dizer-se, os versos acompanhavam espĂrulas da fumaça! Entrei, logo dei pela mudança! Paredes lavadas. Nova mobĂlia com poesia dos nossos clĂĄssicos escrita sobre as mesas. NĂŁo sei porquĂȘ, mas senti um estilo gourmet. Mas, como diz o poeta: âMudam-se os tempos mudam-se as vontadesâ Cada capitĂŁo decide a rota para chegar a bom porto. E no porto, do Porto, oxalĂĄ que nesta nova viagem pelo sonho, a poesia nos âPĂșcarosâ enfune velas dos talentos dos poetas, dizedores, declamadores e ouvidores e que singrem no mar do encantamento.
Quando entrei anunciei meu nome de guerra poĂ©tica; âFigas de Saint Pierre de LĂĄ-Buraqueâ, passava das onze. A poesia jĂĄ tinha começado, ouvi de alguĂ©m; âJĂĄ disse dois poemas seus.â FantĂĄstico! NĂŁo me saiu o euro-milhĂ”es, mas curiosa coincidĂȘncia ter saĂdo de casa para ir a um sĂtio, mas a meio do caminho decidir ir a outro e logo ser contemplado com um: âJĂĄ disse dois poemas seusâ . Depois vim a saber que foram: âRaiz dum PaĂsâ e âAbram o rio, abram o marâ Ele hĂĄ coisas do camano!! Estranhas paca!
âObrigadoâ, disse eu ao cavalheiro, procurando sentar-me. Depois Ă© que percebi que a abertura da sessĂŁo poĂ©tica estava subordinada ao tema da Cidade do Porto. EntĂŁo, o cavalheiro, possivelmente tirados da Net ou da Imprensa, onde foram publicados, escolheu dois!
Vale dizer que tenho perto de meia centena de âPoemasâ dedicados ao Porto entre os meus mais de trĂȘs mil, de variados temas, mas sem algum livro publicado! Algumas centenas andam por aĂ, como pombos saĂdos do pombal, a voarem em diversos blogues e sites!!
A sessĂŁo decorreu atĂ© Ă meia-noite, longe das duas ou trĂȘs da madrugada, jĂĄ Ă porta fechada, onde se saboreavam as cerejas dos bolos poĂ©ticos!
Atualmente, nĂŁo tenho muitas possibilidades de ir todas as quartas, mas certamente, irei algumas vezes, visitar os âPĂșcarosâ. NĂŁo a mesma gente, agora diferente. SĂł o Gaspar lĂĄ estava, a desenhar a figura de quem estava a recitar.
CadĂȘ Antero? CadĂȘ Amilcar? CadĂȘ Isaac? CadĂȘ Jorge? CadĂȘ MirrĂł? CadĂȘ LuĂs? CadĂȘ Manela? CadĂȘ outros e outras mais?! O âPĂșcaros Barâ estĂĄ diferente, mas, quem sabe, se voltarĂĄ ao seu normal de, Ă s quartas, ser da poesia a Catedral! Eu, nem nunca nem sempre, estarei presente! Figas de Saint Pierre de LĂĄq-Buraque
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