Mato a noite

[Goreti Dias]

Mato a noite,  desacredito o dia,
Descompasso o tempo a caminho do infinito
E perco-me por aí,
Excêntrica e única,
Soluçando os passos a caminho do fim.

Pinto seda,  apago fogo,
Desenho os cumes vislumbrados no inferno
E alucino a água,
Fervente e gelada,
Em rota de colisão prevista.

Salto areias, afundo-me por aí,
Soluço cambiantes de luz roubada ao sol
E planto o solo,
Sedento e plácido,
Na fome de cruzeiros por cumprir!

Galgo montanhas,  vomito rios,
Choro pérolas nacaradas de amor por inventar
E assinalo o riso,
Desenhado e puro,
Na vontade de ir mais além.

Sapateio  ruelas, enxergo ladeiras,
Cruzo musgos ferventes de verdes imensuráveis
E verto o sonho,
Limpo e macio,
Em ânsias de futuros por construir.

[Maria Gabriela de Sá]

Se matasse a noite, como poderia haver assim poesia?

Quero saber onde estão reunidos os seus poemas, preciso de uma dose mais substancial deles.

Abraço

Rafaela Plácido

[Goreti Dias]

Questiona-me o impossível. Nem eu sei bem deles. Registei-os, valha-me isso! Mas se procurar no meu perfil, aqui, tópicos postados, encontra que ler até bocejar... Ainda não publiquei um livro de poesia para venda e não tenciono fazê-lo. Só um de prosa poética (meu preferido) e um de literatura infantil. A poesia anda espalhada. Apesar de ter tanta poesia escrita que lhe perdi a conta. Porém, a poesia só vende quando se tem amigos no "mercado" que a comprem. Depois, ainda temos essa questão da qualidade. Houve uma gráfica que me publicou um livro de poesia, mas foi para ser oferecido, não podia vender-se. Usaram-no para publicitar a empresa. Os que me ofereceram a mim, ofereci-os eu todos aos amigos. Quem sabe, haja outra tipografia a querer repetir a graça...
Obrigada.

[helenacosta]

  E eu ressuscitei nesta noite com tão belo poema!


  Espero que apareça outra tipografia... a tua poesia merece ser publicada!

   Beijinhos

[Dionísio Dinis]

Uma noite, uma qualquer noite glorificada em poesia.Ou vice-versa, que o talento premite dúvida persistente sobre a origem da noite ou da glória.

[Nação Valente]

Se bem me lembro Rodrigues Lapa filólogo e também critico de poesia disse num determinado enquadramento que "é difícil ser poeta em tempo de prosa". De facto a poesia apenas vende em círculos restritos. Daí que compreenda o que diz sobre a publicação de um livro. Mas, curiosamente, a sua poesia, e bem, é muito lida e apreciada aqui no site. Também tenho constatado, empiricamente, que a maioria dos visitantes vem ler poesia. O que muda um pouco a citação que referi para " é difícil ser prosador em "espaço de poesia". O que talvez signifique que aqui há muitos bons poetas.

[Goreti Dias]

Obrigada.
Nação Valente, tem toda a razão. As pessoas visitam mais o site para ler ou publicar poesia. Constato-o quando verifico as estatísticas. Mas, estranhamente, em livro vende mal. Parece haver aí uma contradição. Não será antes porque os poetas são pobres?

[Nação Valente]

Será que já houve alguém que vivesse exclusivamente da poesia? Poetas pobres? É só olhar para a História.

[Goreti Dias]

Pois... parece que não mesmo...

[Alice Santos]

Única é, realmente, a poesia escrita por ti.
Adorei ler.
Mal se começa a ler adivinha-se algo belo, com cadência... Apetece, por um lugar, ler a correr para se atingir o fim, que se adivinha belo, e por outro lado, ler com todas as pausas para poder saborear a preceito.
Obrigada.