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Autor Tópico: INÉRCIA  (Lida 2218 vezes)
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António Casado
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« em: Agosto 20, 2014, 01:21:13 »

Olá
1 - Há coisas que são muito importantes. Mais importante que a política continua a ser a cerveja. Não apenas pelo seu fantástico desempenho intelectual, mas como dizia Salazar "beber uma cerveja é dar de comer a não sei quantos portugueses". Assim, numa perfeita atitude patriótica a cerveja é, sem dúvida, a mais importante política do país. As políticas menos serenas podemos encontrá-las no vinho. O efeito será o mesmo, apesar de actuar mais rapidamente.
2 - O futebol é um importante meio de divulgação desportiva. Temos um Ronaldo que se cultua a si próprio - da mesma forma que os representantes do poder deram para se elogiar uns aos outros numa operação vigorosa de falta de senso - ligado a uma série de jogadores e dirigentes desportivos que conseguem manter contas na Suíça com o objectivo claro de providenciarem verbas pessoais a bem da nação. Assim torna-se importante assistir a todos os jogos de futebol, gritar, enraivecer-se, avacalhar o árbitro e insultar o adversário, porque assim se joga pela janela a inacção perante o dia. O resultado é espectacular! Muito mais eficaz que o haxixe, a heroína ou outra droga qualquer. Resulta sempre, tanto assim que todos os países o copiam. É uma droga amorfa, tipo vira-lata, que transforma cidadãos de pleno direito em quadrados sem ângulos enfileirados pela decência de nunca quererem saber de mais nada que um glorioso golo ou penaliti.
3 - Jamais poderia esquecer o papel importante do noticiário da TV, dos jornais e doutras coisas chamadas revistas e rádios. A deturpação da verdade é uma mera circunstância. Como ninguém quer saber de política, para que raio hão-de querer saber da verdade? Mas qual verdade? Acaso existe alguma verdade? Desta forma singular os noticiários criam as suas próprias notícias baseados nos factos que lhes apetecem mostrar, partes de um todo que convém ocultar, deformando a opinião dos ouvintes. Para os mais distraídos a rádio ajuda. Entre um noticiário e outro um monte de publicidade onde as grandes empresas mostram a sorrir tudo o que é desnecessário e que deve ser comprado porque é barato. Claro que temos os concursos "o preço certo", "quem quer ser milionário" etc., onde se instiga o povinho a sonhar com a fortuna e com os bens em primeira mão. Para distrair a mente temos Gouchas, Julias, Baiões e o mais lixo televisivo a lavar-nos o cérebro com tretas e desinteresses banais. Para colmatar, as grandes notícias nacionais: O Manel deu uma chapada na mulher... O Zé assaltou uma ourivesaria... A Chica matou o padre. A Zefa quis matar o bebé... e demais crimes de relevo. Desta forma deixam-se para trás os acontecimentos sem importância como a corrupção ou o motivo dela. Além disso vêm em socorro desta barbaridade advogados, juízes e ministros alegrando num circo sem palhaços que é tudo mentira e que aqui são todos uns meninos do coro. Depois temos as revistas cheias de um jet set feito à medida da mediocridade intelectual, sem mensagem nem valores, a viverem de estapafúrdios penteados e vestidos comprados em segunda mão, em festas de etiqueta e luxo, para mostrarem ao povinho o quanto é bom ser rico. Para desfecho os comentadores apalhaçados que se esgatanham diariamente para inventarem justificações para o injustificável e com ar rebelde e acusador tentarem criticar ao de leve o poder com o qual corroboram ideias, para depois lançarem todas as bóias de salvação e lamentarem não poder ser de outra forma.
4 - O papel ridículo das escolas, das matérias e da forma do ensino, dos professores formatados que se habituaram a não pensar. As escolas parecem-se com salsicheiras. Os gaiatos entram pela porta, passam pela cozedura, são esmagados pelas máquinas e postos dentro das tripas do porco. Quando saem daqueles buracos vêm preparados para duas coisas: Ou seguirem a formatação passivamente nas fábricas; ou irem para uma universidade ou faculdade, gozarem alguns anos e aprenderem apenas uma só coisa. Com sorte uns conseguirão entrar nos partidos que governam e enriquecerem em pouco tempo. Outros tentarão um vencimento maior que os passa-fomes dos trabalhadores comuns e, outros ainda, tirarão os diplomas por correspondência ou copianço, casos de políticos e juízes. Mas como dizia a escola está feita para encaixotar pessoas, não para ensinar. Os valores da liberdade são reduzidos a nada pelos professores, incapazes de fazerem frente ao poder submisso que os manteve inertes durante o tempo em que lhes enfiaram palavras de livros dentro das cabeças e ficaram felizes com isso. Sem liberdade, sem direitos, sem paz, num ensino de práticas violentas, onde se violam diariamente os jovens incutindo-lhes a ideia de uma obediência cega, que no futuro passará do professor para o patrão. As matérias escolares são à medida dos conhecimentos necessários para o trabalho. Incute-se a vontade de não ler, não escrever, não querer saber. Como? Fácil! Tornando o estudo um fardo, um pesadelo, uma chatice, uma monotonia. Os governantes aplaudem.
5 - A igreja e o seu papel comezinho e ordinário, apegado a que tudo é liberdade religiosa e, portanto, criticar a paranóia eclesiástica e corromper essa mesma liberdade. No entanto os signatários de tão funesta alegoria tentam de uma forma desmedida fazer passar o ridículo da fé por ciência. O engraçado é que ainda ninguém percebeu para que precisa ter fé. Como também ainda ninguém entendeu para que serve a salvação, ou o que ela é. Então tentam transformar o ridículo em ciência e chamam-lhe teologia, como se houvesse alguma ciência na estupidez ou nas crenças desonestas dos livros que tomam como sagrados. Querem fazer deles leis convencidos de que nunca ninguém os lerá até ao fim e assim nunca irão entender o genocída que é deus nem as incongruências daquelas histórias bíblicas, bonitas e românticas nos filmes, mas que no fundo são puras paranóias esquizofrénicas. Assim a igreja sempre viveu acoplada ao poder, mesmo quando o poder era Hitler, franco ou Salazar. A igreja precisa do poder repressivo, da criação de paraísos fantasmas, de fé cega para criar indivíduos doentes, fanáticos, violentos, racistas homofóbicos e nazis. Vive do medo. O medo do inferno. O inferno fica propriamente onde? E o céu? Mas o medo... "Amai e temei a deus"... Porque haveríamos de temer a quem amamos? O medo... O mesmo medo que leva os fanáticos a ajoelharem-se e a seguirem as instruções diabólicas das batinas reaccionárias e a terem medo. Então abstêm-se de tudo na vã esperança de que um dia os "ricos" dividam a riqueza com os "pobres". Se já esperaram milhares de anos, poderão esperar outros milhares. Pena não estar cá para ver. Agora calam-se porque me chamam ateu. Porque digo mal da religião. Porque a minha convicção até podia ser de esquerda, mas não podia falar da religião porque ela é tabu... Ela não é tabu, é veneno! Um veneno que mantém as pessoas estupidificadas em nome de interesses mundanos, surrealistas e obscenos.
6 - A prol de pseudo artistas que proliferam pelo país como moscas para que nos bailaricos de ocasião possam ser aplaudidos. São bailaricos. Então temos o homofóbico do Quim Barreiros e as suas ordinarices, os Emanuelles saídos numa rifa, e toda uma trupe sem interesse. Fácil. Peguem numa coisa a que pretensiosamente chamam canção e tentam descobrir alguma coisa que valha a pena. Ritmos semelhantes; notas musicais semelhantes; textos do mais reles que se pode ouvir; igual... tudo muito igual, formatado, doentio. É para o bailarico. Porque o país é um eterno bailarico. Os artistas, a verdadeira cultura, definha. Não tem tempo de antena, não tem voz, não tem expressão. Como pode um povo acordar se adormece nos bailaricos, acorda nos bailaricos e vai trabalhar para o patrão o bailarico da exploração, sem dar por isso? Quantos livros foram lidos? Quantas pesquisas foram feitas? A propósito, lembra-se do título do último livro que leu? Lembra-se do último sucesso fabricado da Ãgata? Da Romana? De todo esse lixo? Lembra-se das letras das “doceâ€? Quanta cultura! Quanto saber! Lembram-se? Não é para se lembrarem do último livro que ainda está na estante e que nem foi folheado. Quando foi a última vez que se deslocou a uma biblioteca? Quando foi a última vez que assistiu a um sarau de poesia? Aliás, já leu algum livro de poesia? Hã, esqueci-me, desculpe, não gosta. Não se pode gostar de tudo. Mas lembre-se sempre da última vez em que assistiu a uma peça de teatro. Sabe quando foi? Quem era o dramaturgo? Hã. Não sabe o que é um dramaturgo?! Não tem importância. Também não se lembra do nome da peça... Não faz mal. Os Tonis Carreiras e filhos preenchem o vazio de nunca pensar em nada.
7 - A política. Pois, mas a política é para os políticos. Não é para pessoas como você ou eu. Só que há uma coisa curiosa que me ocorreu porque, infelizmente, habituei-me a pensar e a questionar: Como é que o raio de um político sabe do que preciso e como pode defender os meus interesses se nem sabe quem sou? Então alguma coisa está errada. Faço parte da classe operária, da pequena burguesia, dos intelectuais... somos ambos classes, defendemos os nossos direitos. Que direitos defende a classe política? Os seus. Os deles. Como podem defender os direitos deles e os meus, se ambos são contrários? Então para que preciso de uma classe política? Não será que essa invenção de classe política serve o objectivo de me afastar da intervenção dos destinos do meu país? Existirá realmente alguma classe política? O que se esconde por detrás dessa nomenclatura? É fácil encontrar as respostas. Passemos por um café, por uma taberna e encontraremos pessoas que votam anarquicamente em todos os partidos - porque alguns votam - dizerem que a política é para os políticos, não para eles. Será que vos serve de resposta? Porém este texto chegará a meia dúzia de pessoas e de todas elas duvido que o leiam até ao fim devido à sua extensão. Posso fazer um jogo, quem chegar aqui pode escrever - não quero este mundo. Será fácil verificar que menos de meia dúzia leu o texto. Poderão por gosto como prometem gosto em qualquer porcaria, nem que seja a “oralmedâ€, a clínica dentária que vive de penhorar e endividar clientes. Metem gosto como podiam pôr outra coisa. Mas, pensaram? Pelo menos pensaram? Não me interessa responder. Pensem.
Podia continuar até chegar aos 100. Mas façam vocês essa pesquisa até porque sou má língua, chato e criticista.
António Casado
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Bom dia. Para todos um FigasAbraço
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Sejam bem vindos às escritas!
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Boa tarde!
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Bom Ano! Obrigada pela companhia!
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Entrei para desejar um novo ano carregado de inflação de coisas boas para todos
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Partilhar é bom! Partilhem leituras, comentários e amizades. Faz bem à alma.
Novembro 10, 2022, 20:30:23
E, se não for pedir muito, deixem um incentivo aos autores!
Novembro 10, 2022, 20:29:22
Boas leituras!
Novembro 10, 2022, 20:29:08
Boa noite!
Setembro 05, 2022, 13:39:27
Brevemente, novidades por aqui!
Setembro 05, 2022, 13:38:48
Boa tarde
Outubro 14, 2021, 00:43:39
Obrigado, Administração, por avisar!
Setembro 14, 2021, 10:50:24
Bom dia. O site vai migrar para outra plataforma no dia 23 deste mês de setembro. Aconselha-se as pessoas a fazerem cópias de algum material que não tenham guardado em meios pessoais. Não está previsto perder-se nada, mas poderá acontecer. Obrigada.

Maio 10, 2021, 20:44:46
Boa noite feliz para todos
Maio 07, 2021, 15:30:47
Olá! Boas leituras e boas escritas!
Abril 12, 2021, 19:05:45
Boa noite a todos.
Abril 04, 2021, 17:43:19
Bom domingo para todos.
Março 29, 2021, 18:06:30
Boa semana para todos.
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Boa tarde a todos.
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Bom domingo para todos.
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