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Autor Tópico: A nova rainha da selva e seus anexos  (Lida 7229 vezes)
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Maria Gabriela de Sá
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« em: Setembro 22, 2014, 14:33:23 »


      Certo dia, depois de muita revolta por causa dos abusos, os animais resolveram rebelar-se. Precisavam de escolher um novo rei. A imagem do velho leão estava demasiado desgastada em consequência da política do faz de conta que o monarca vinha praticando há demasiado tempo.

      Após algumas escaramuças entre agitadores e agitados, quando tudo se saldara muito mais por umas arranhadelas de língua de que por cabeças partidas o rei, num lampejo de loucura, decidiu convocar eleições. Tendo resolvido quebrar com a tradição que há muito se vinha impondo na floresta, doravante o seu sucessor seria eleito em democracia, por sufrágio directo e universal.

      Rei há séculos e séculos, nunca lhe passou pela cabeça vir a perder a hegemonia que detinha, apesar de, nos últimos tempos, os súbditos mostrarem sinais de verdadeira inquietação. Sobretudo pela carestia da vida que, de dia para dia, nem sequer lhes dava para encher a cova de um dente. Era a banana a aumentar de preço, a relva a murchar impiedosamente em consequência dos venenosos herbicidas, era a carne de caça a encarecer,  igualmente por causa da doença das vacas loucas e da gripe das aves.

      Assim,  os animais começaram a reorganizar-se. As associações onde se filiavam há tempos vinham demonstrando a olho nu uma debilidade cadavérica, e já ninguém pagava as quotas. Depois de um fartar vilanagem,  que atingira os postos de controlo onde estavam instalados todos os amigos do rei, muitas vezes bacocos e imbecis, era preciso acabar com o status quo instituído e remover os animais e seus acólitos do poder.  Era preciso atribuir alguma credibilidade aos partidos e dar brilho às cores das suas bandeiras,  de maneira a poder-se criar uma nova ordem democrática.

      Imbuídos de tal convicção, os animais, sem excepção, foram convergindo para o centro de operações. O poder, segundo as mais recentes sondagens, iria mudar de mãos. As hostes movimentavam-se. Era ver quem mais, à boa maneira dos acrobatas em pleno circo e em vésperas de Natal, tentava,  na corda bamba,  um equilíbrio de felino disposto a lamber os pés a quem quer que fosse que, após a votação nacional, pudesse sagrar-se vencedor.

      Se até aí valia tudo, muito mais passou a valer depois. Os animais sentiam-se todos com capacidades de liderança e até os peixes, em honra de Santo António de Lisboa, o seu pregador preferido, resolveram deitar a cabeça de fora e dar atenção ao que se passava em terra. Em maré de democracia,  não seria despiciendo até à sardinha perfilar-se na corrida para o trono, quebrando a tradição machista há tanto tempo em vigor.

      E não só à pequena sardinha acudiram à ideia pretensões políticas. Na selva era quem mais se pavoneava,  a ver se conseguia chegar ao pote das migas. Era ver a girafa no seu porte altivo a magicar no futuro. Julgava-se uma séria candidata a rainha. As jóias sempre tinham ficado em colos altos e a ela pescoço para usar gargantilhas não lhe faltava, pudesse o povo andar à míngua e com a corda na garganta esganando a vida miserável que era obrigado a levar.

      Se para chegar à grande cadeira a girafa confiava nos seus dotes sensuais, outros faziam fé nas respectivas compleições atléticas, ou até nos dotes oratórios. Uns e outros viam em cada um dos próprios atributos um trampolim para a potestas, aquela com que e por carência de si mesma a selva se andava há muito a debater. Na verdade o regabofe atingira proporções catastróficas. Havia por todo o lado uma promiscuidade generalizada e ninguém sabia quem era quem e o papel que lhe competia. Era ver membros da selva, até aí aparentando independência em relação à majestade dominante, ou em vias disso, completamente a ela vergados. Em ângulos de cinco graus, tantos quantos lhes permitiam as gordas barrigas,  beijavam e sacudiam a poeira dos pés ao candidato em melhor posição para ser o novo monarca.
 
      O rinoceronte, unicórnio na testa, fazia também as suas movimentações partidárias e o mesmo se passava com o elefante a quem a tromba, desde sempre, colocara como um potencial absolutista real. Essa ideia advinha do seu enorme peso e pelo facto de, quando em manadas e loucas correrias, se transformar no trovão da floresta,  impondo até aos mais ousados um temor sem hipótese de nenhum alevantamento.
 
      Prosseguindo com o conto, perdoem-nos os que aqui não têm enumeração, mas, como estamos em maré de vacas magras, é bom poupar até as palavras, não vá acontecer-nos como a uns quantos que, tal e qual os peixes, de vez em quando morrem pela boca. Assim, os animais não mencionados, se se sentirem muito honrados com isso, considerem-se presentes, pois não houve por parte de quem conta qualquer intenção dolosa de os eximir do futuro e deixá-los passar ao lado História. Tão só, para além da economia de léxico, o que agora nos orienta é poupança do papel, e tempos hão-de vir em que até a vida teremos de encolher uma vez que nem a morte terá capacidade de resposta a tanta austeridade.

      Desde que a crise dera sinais de estar instalada, vinha-se debatendo a questão da massa cinzenta dos seus habitantes. Mas os resultados da matemática eram questionados diariamente, como se os filhotes dos animais, obrigados a aprender o bê- á- bá dos números, desde há uns tempos a esta parte,  tivessem ficado asnos. A crise, afirmava-se, fora resultado da Educação, parecendo isso querer referir-se não a quem a recebia mas a quem a ministrava, quando se metiam no mesmo saco políticos, professores, pedagogos, psicólogos e progenitores. E, em boa verdade, devia haver alguma razão nisso. Com uma soma de pês que ia até ao penta, não havia filhote que conseguisse aguentar.

      O resultado só podia redundar em “boys e Girls†mal preparados, ou até desavergonhados, que, se algum dia fossem eleitos, poderiam levar um reino inteiro à falência.

      Quando se concluiu que a inteligência deveria prevalecer sobre a força, logo se perspectivou que os melhores entre os melhores para serem soberanos seriam, sem dúvida, os macacos. Por entre tanta e tão abundante variedade, haveria com certeza alguma espécie com sabedoria suficiente para ascender à realeza e congregar à sua volta os súbditos, sem divisões de raças, de credos ou religiões, promovendo a concórdia, o bem-estar e a harmonia, como se Deus, à noite, estivesse em amena cavaqueira à beira de uma fogueira a contar contos a anjinhos,  enquanto todos tomassem um leitinho com chocolate quente.  Os macacos comportavam-se de maneira diferente dos outros animais. Descascavam bananas, afagavam e beijavam os filhos bebés e, nos jardins zoológicos, até sabiam a cor do dinheiro. Por outro lado, as suas capacidades estavam sobejamente demonstradas em tratados e teorias. Como paizinhos dos australopitecos, não tinham nada de que se envergonhar. Pelo contrário! Caminhavam sobre os membros inferiores e utilizavam as mãos para coisas tão distintas como comer, catar piolhos, coçar comichões e até roubar o parceiro do lado.
 
      E lá se foram perfilando todos os animais, os melhores entre os melhores da espécie, à espera que o povo os pudesse, nesta primeira investida, colocar em posição susceptível de acesso ao cobiçado trono. E era ver as girafas, os elefantes, os rinocerontes, os leões que, com a experiência acumulada ao longo dos séculos, ainda não tinham perdido a esperança de renovarem o título.

      Depois, eram todos os outros habitantes da selva, do ar e do mar de onde, a sardinha, prateada e luzidia, era das mais aguerridas certa de que, numa análise puramente matemática, a vitória poderia estar ao seu alcance, se contasse com os milhões de votos da sua gente. Apesar de, como em todo o lado, não poder esquecer os vira casacas. Havia-os em todo o lado e os cardumes não eram excepção.

      As sondagens, inicialmente, eram favoráveis aos macacos, muito mais próximos em espírito e feitio aos parentes humanos, de quem poderiam colher muitos ensinamentos e instrumentos governativos, designadamente códigos de leis, apesar de uns tantos sempre terem feito tábua rasa deles. Contudo, como até ao lavar dos cestos é sempre vindima, o remédio seria esperar até o último voto cair na urna para se fazer a contagem e conhecer o novo rei. Além de que, em maré de crise, até os leões seriam capazes de fazer umas macacadas para se perpetuarem o lugar. Mas não eram excepção.

      Assim era ver era ver macaquitos, leõezitos e todos os outros a puxar freneticamente o pano preto nos sapatos dos representantes das várias facções. Aquele barulho estridente era, no imediato,  a forma mais descarada de, junto com a lata da graxa que continuaria a servir no futuro, pedir um lugarzito de chefe, rafeiro que fosse, bem como o respectivo cartão a confirmá-lo. Além de que continuaria a prevalecer a hierarquia dos engraxadores e tudo continuaria como dantes.

      O teatro estava montado. E já que se pretendia acabar com as regras da sucessão antigas, era bom que o futuro fosse engendrado em panfletos, convívios, festas e discussões, a fim de o povo poder eleger o seu rei, ou presidente, uma vez que um e o outro não faziam diferença nenhuma,  em sã consciência.

      Muita tinta correu, muitos galhos foram quebrados, muita caca foi arremessada, muitos cozinhados foram feitos.

      E assim chegou o dia das eleições. Os votos, por fim, estavam a ser contados. A expectativa era grande.

      Ã€ boca das urnas todos se interrogavam se os resultados iriam confirmar as sondagens,  que tinham dado a vitória embora renhida aos macacos. Nalguns lugares ganhavam os leões, noutros os macacos. Os sorrisos intercalavam-se e os gritos dos candidatos e apoiantes faziam-se ouvir,  à medida da divulgação dos resultados.
A noite avançava. Durante a espera, as chicletes cantavam na boca de todos, à vez. Os macacos ganhariam! − asseverava-se. Não! São de novo os leões! − contradizia-se.
Mas, oh surpresa das surpresas! Quem haveria de imaginar o que estava prestes a acontecer? Talvez o elefante viesse por fim a impor-se na selva, onde o seu grito atroava os ares − pensavam uns. Pode ser que a girafa venha dar uma nova dimensão estética à governação,  acabando com alguns cabeças duras que por aí proliferam − diziam outros.

      A realidade estava prestes a revelar-se.

      A pequena sardinha, que até aí tinha estado relativamente silenciosa, acabara de ganhar, democrática e decisivamente, a eleição,  e era a rainha de todos os animais da terra, do ar e do mar.

      A selva, finalmente, rompera com a prepotência e o compadrio. O povo desejava agora ansiosamente que a pequena sardinha, dourada e luzidia, esvaziasse os tachos da rapaziada lançando os engraxas no desemprego.

     Eis senão quando, no palco improvisado onde a nova monarca se preparava para falar aos súbditos, ao seu lado apareceram as habituais chagas sifilíticas dos pimentos, tomates e pepinos, a broa e o caldo verde que, em uníssono, gritavam:

      ï€­Viva a sardinha assada!

      ï€­Viva!...
« Última modificação: Setembro 22, 2014, 16:23:16 por Maria Gabriela de Sá » Registado

Dizem de mim que talvez valha a pena conhecer-me.
Goreti Dias
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« Responder #1 em: Setembro 23, 2014, 09:41:36 »

Bem... Esta alegoria é soberba! Sabes o que lamento? Que as pessoas gostem tão pouco de ler. Neste conto, far-se-ia muito pelo raciocínio do público que tivesse vontade de ler e perceber! Além de muitíssimo bem escrita, contém em si uma panóplia de situações e ditos irónicos fabulosos! Voltarei para reler!
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Maria Gabriela de Sá
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« Responder #2 em: Setembro 23, 2014, 12:53:36 »

Foi o que te falei, estava na  próxima colectânea mas retirei, por causa do espírito dos outros contos... Foi escrito quando Sócrates ganhou a primeira vez...

Beijinho, gracias.
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Dionísio Dinis
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« Responder #3 em: Setembro 23, 2014, 16:39:49 »

Lê-se com gosto, por gosto e com alegria.Quando as letras aliam o humor à inteligência e ao fino recorte da prosa, o leitor é claramente bafejado pela sorte.
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Pensar amar-te, é ter o acto na palavra e o coração no corpo inteiro.
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Maria Gabriela de Sá
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« Responder #4 em: Setembro 24, 2014, 22:37:59 »

Obrigada DD, Beijinho
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outono


« Responder #5 em: Setembro 25, 2014, 22:00:34 »

Uma prosa que cativa e prende do princípio ao fim. Uma história bem imaginada e melhor contada. De graça e com graça. Recomendo.
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Maria Gabriela de Sá
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« Responder #6 em: Outubro 09, 2014, 17:27:24 »

Obrigada, Nação valente. Vejo ali ao lado um Lili a espreitar, vou ver que novidades traz ela.

Abraço
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António Lóio
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Quanto menos penso mais existo


« Responder #7 em: Outubro 12, 2014, 20:44:52 »

La Fontaine diretamente do séc XVII para os nossos dias. Parabéns!
Tom
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Maria Gabriela de Sá
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« Responder #8 em: Outubro 13, 2014, 16:41:44 »

Obrigada, Tom, Abraço. Já deu para perceber que os animais são as minhas personagens privilegiadas- risos,
« Última modificação: Julho 15, 2020, 00:36:12 por Maria Gabriela de Sá » Registado
Goreti Dias
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« Responder #9 em: Outubro 24, 2014, 07:27:50 »

Como te entendo!...
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Maria Gabriela de Sá
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« Responder #10 em: Julho 19, 2020, 02:15:09 »

Passei por aqui e entrei,,,
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Bom dia. Para todos um FigasAbraço
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Sejam bem vindos às escritas!
Agosto 14, 2023, 16:52:48
Boa tarde!
Janeiro 01, 2023, 20:15:54
Bom Ano! Obrigada pela companhia!
Dezembro 30, 2022, 19:42:00
Entrei para desejar um novo ano carregado de inflação de coisas boas para todos
Novembro 10, 2022, 20:31:07
Partilhar é bom! Partilhem leituras, comentários e amizades. Faz bem à alma.
Novembro 10, 2022, 20:30:23
E, se não for pedir muito, deixem um incentivo aos autores!
Novembro 10, 2022, 20:29:22
Boas leituras!
Novembro 10, 2022, 20:29:08
Boa noite!
Setembro 05, 2022, 13:39:27
Brevemente, novidades por aqui!
Setembro 05, 2022, 13:38:48
Boa tarde
Outubro 14, 2021, 00:43:39
Obrigado, Administração, por avisar!
Setembro 14, 2021, 10:50:24
Bom dia. O site vai migrar para outra plataforma no dia 23 deste mês de setembro. Aconselha-se as pessoas a fazerem cópias de algum material que não tenham guardado em meios pessoais. Não está previsto perder-se nada, mas poderá acontecer. Obrigada.

Maio 10, 2021, 20:44:46
Boa noite feliz para todos
Maio 07, 2021, 15:30:47
Olá! Boas leituras e boas escritas!
Abril 12, 2021, 19:05:45
Boa noite a todos.
Abril 04, 2021, 17:43:19
Bom domingo para todos.
Março 29, 2021, 18:06:30
Boa semana para todos.
Março 27, 2021, 16:58:55
Boa tarde a todos.
Março 25, 2021, 20:24:17
Boia noite para todos.
Março 22, 2021, 20:50:10
Boa noite feliz para todos.
Março 17, 2021, 15:04:15
Boa tarde a todos.
Março 16, 2021, 12:35:25
Olá para todos!
Março 13, 2021, 17:52:36
Olá para todos!
Março 10, 2021, 20:33:13
Boa feliz noite para todos.
Março 05, 2021, 20:17:07
Bom fim de semana para todos
Março 04, 2021, 20:58:41
Boa quinta para todos.
Março 03, 2021, 19:28:19
Boa noite para todos.
Março 02, 2021, 20:10:50
Boa noite feliz para todos.
Fevereiro 28, 2021, 17:12:44
Bom domingo para todos.
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