Sem título(154)

[Dionísio Dinis]

Sem título(154)

Diremos dos actores e dos mimos,
palavras com gestos e cabeças a fazer o pino,
na combustão feérica do primeiro instante do mundo.

E faremos das coisas tangíveis cores intranquílas e frases beligerantes, como se
se pudéssemos fazer dos firmamentos humanos sacrário e sarjeta das coragens
 e cobardias mundanas.
Seremos, assim, na vox populi dos mal sucedidos e bem assassinados, por quem manda
 e demanda em terra  de ignaros e amorfos, seremos então, gente
de mãos lavadas como Pilatos.
Sem coragem nem ousadia, beberemos a cicuta
ao som de qualquer vendilhão do templo.

Erguemos braços e vozes
na ágora desnuda, e o  eco da nossa miséria de ser,
crava-se na garganta, cola-se nos rostos
em máscaras e sorrisos
plasmados em gestos pusilânimes.

Dionísio Dinis

[Alice Santos]

"gente
de mãos lavadas como Pilatos.
Sem coragem nem ousadia,"

... somos mesmo... tantas vezes nos alheamos de tudo e todos... quantas vezes a coragem se esvai por entre os dedos...

Gostei Dionísio. Dizes sempre tanto na tua poesia.
Obrigada.

[Goreti Dias]

Nada pior que ser amorfo. Pior que ser um Pilatos!
Um poesia repleta de sentidos e sentimentos. Diferente do habitual, este poema. Nem por isso menos digno! Muito bom! parabéns!

[Dionísio Dinis]

Grato pelas leituras e comentários.Abraços.

[Tere Tavares]

Dionísio, uma poesia que, apara além dos alertas, é de profunda reflexão. Um jeito personalíssimo que tens de elaborar tua poesia.
Beijo

[gdec2001]

Meu caro
Se é poesia não sei . O que sei é que é muito bom .
seu
geraldes