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Autor Tópico: O Esfaqueador da Régua  (Lida 65146 vezes)
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Alice Santos
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De mãos dadas pela poesia.


« Responder #105 em: Janeiro 19, 2016, 17:12:26 »

Nem me atrevo a tentar escrever algo do género.
só a ler e reler...
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outono


« Responder #106 em: Janeiro 20, 2016, 19:35:57 »

Perseguição

Zé Silva Eira e Aida seguiram pela auto-estrada, em direcção à Régua. Em amena cavaqueira aproximaram-se das margens do Douro sem darem pela passagem do tempo. Na Régua esperaram pela chegada de Francisco Silveira e pelos inspectores da polícia judiciária. Continuaram juntos até Ribalonga. O dia já se começava a despedir quando se aproximaram da casa de José Ferreira.
No interior, trancados no escritório, Ferreira e o Navalhas mantinham uma acesa discussão. Maria, sempre discreta, não evitou ouvir.
-Quantas vezes te disse, para não voltares a visitar-me? disse Frerreira num tom exaltado. Estás a pôr em risco todo o plano. Estás a fornecer à polícia a pista que lhe falta. Até agora têm andado completamente às aranhas. Já não bastava a minha fillha estar a deitar tudo a perder?
-Acalme-se e fique descansado, disse Navalhas num tom mais sereno, procurando pôr água na fervura. Quando fugi do laboratório, tive o cuidado de verificar se era seguido. Eles não sabem para onde vim. Se quer salvar a pele esconda-me até encontrar uma forma de me arranjar condições para dar o salto.
-Eu não protejo nem tolero incompetentes. Falhaste na eliminação da virilidade de M,  isto é não conseguiste capá-lo e quase que o despachavas. Estavas agora com um assassínio às costas. Voltaste a falhar em Angola e no laboratório.
-Vamos pôr os pontos no sítio certo, disse Navalhas a denotar uma ligeira irritação. Fiz o melhor que pude e não me pode considerar o único culpado. Somos os dois. Estamos no mesmo barco. O senhor manda e eu executo. Não sacuda a água do capote. Tomei as minhas precauções, está tudo gravado. Não fui eu que traçou toda a tramóia foi o senhor. Portanto se houver naufrágio vamos os dois ao fundo.
-O plano tinha corrido lindamente se o M tivesse ficado impotente. Gaby podia gostar muito dele mas nunca se uniria com um eunuco. Tive depois de correr atrás do prejuízo e recorrer às cartas anónimas, para a afastar de M por incesto. Embora isso seja preconceito judaico cristão. No Egipto Antigo era prática corrente. Mas a teimosa não caíu na esparrela e agora mandou-se para Ãfrica. Se tudo corresse de acordo com o plano casaria com o Duarte Rosa. Agora que esse plano foi  por água abaixo, e que te vou despachar para parte incerta, já te posso dizer que o pai do Duarte é o Francisco Silveira. Aliás é o seu único filho embora tenha  outra paternidade. E o Francisco sabe.  Adiante. Coisas do passado. E esta era a forma de eu pôr a mão naquela farmacêutica que por acaso também é minha.
-Como  assim?
-Como assim? Elementar. O meu verdadeiro pai é o Frederico Ferreira da Silveira  que me produziu nas suas deambulações de delegado de propaganda médica. Marinheiro de água doce, uma mulher em cada porto. Assumiu muitos dos filhos, mas por eu ter nascido de uma senhora casada, manteve a descrição.
Então é irmão do Francisco e afinal também meu irmão?. Mas que grande embrulhada.  Isto mais parece uma novela da América Latina.
Da América Latina? Acabaste de me dar uma grande ideia. É para lá que te vou mandar. Não te vai faltar trabalho no mundo da droga. Eu vou continuar a luta para tirar o laboratório ao Francisco. É mais meu que dele. Quando o meu pai deu o golpe e passou de simples delegado a dono daquilo tudo foi comigo que contou. O Francisco, o menino de ouro, só se limitou a colher e foi-me dando umas migalhas, para me manter calado. A minha primeira vingança foi tirar-lhe a Maria a sua única paixão.  Quando lhe tirar o laboratório acabo o trabalho, mas preciso de encontrar a desmiolada da Gaby, que continua sem dar sinal de vida. Aliás ela e o intrometido estão desaparecidos em Angola.
O toque da campainha interrompeu a conversa. Zé Ferreira disse a Navalhas para sair pela traseiras e esconder-se na adega. Maria completamente assarapantada foi abrir a porta.
-Francisco? disse ainda mais atarantada.
-Prazer em ver-te Maria? Acompanho os inspectores Malange e Contreiras que suspeitam que aqui esteja um indivíduo conhecido como Navalhas.
Ao ver o marido aproximar-se Maria ainda consegui dizer em surdina.â€está na adegaâ€.
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« Responder #107 em: Janeiro 21, 2016, 12:58:48 »

Mas que "família" rsrsrs!
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Maria Gabriela de Sá
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« Responder #108 em: Janeiro 22, 2016, 22:08:27 »

     As serpentes deste mundo

        Luanda seria maravilhosa, não fossem as sombras que me seguem. Mas, por agora, não quero saber de nada.
        Só foi pena o preto bêbado que conduzia o Mercedes não entrar com ele a direito pela esplanada. O Navalhas iria desta para melhor e acabava-se tudo. Talvez eu nem sequer tivesse de me confrontar com a pesada folha de serviço dos meus pais... e dos pais dos outros...
      Já é mais do que tempo de eu e M. tirarmos as casquinhas a que temos direito.
      E é por isso que nos próximos dias vamos viver no paraíso... Eva e Adão... Raio partam as serpentes deste mundo…
« Última modificação: Fevereiro 04, 2016, 19:49:22 por Maria Gabriela de Sá » Registado

Dizem de mim que talvez valha a pena conhecer-me.
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« Responder #109 em: Janeiro 23, 2016, 18:29:38 »

Raios partam mesmo!
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outono


« Responder #110 em: Janeiro 28, 2016, 19:06:00 »

Tirar casquinhas
O idiota do Navalhas pode deitar tudo a perder. Acabou por trazer para minha casa a PJ, num acto de irresponsabilidade. Despachei-o para a adega e já bolei o plano para o entregar à polícia. Agora tenho de ir ter com os inspectores e com o hipócrita do Francisco. Lá esta ele a olhar para a Maria com olhos de carneiro mal morto. Estou-me na tintas. Tenho é que despachá-los com o seu troféu, o Navalhas. Depois tenho de me mandar, dar à sola, antes que a coisa esquente para o meu lado. Dirigi-me aos visitantes com o meu melhor sorriso:
-Boa tarde senhores. Por cá meu caro Francisco? A que devo tanta honra? Em que posso ajudar?
O Francisco fez-me uma vénia que me causou nojo. O sonso estava a levar a melhor. Quando o cumprimentei, senti gordos sapos atravessados na garganta
-Desculpa Zé esta visita inesperada, mas conduzi até aqui os inspectores, porque suspeito que o Tó Silva Eira que tentou assassinar-me, se refugiou nesta casa.
-Tens razão Francisco, se falas de um indivíduo conhecido por Navalhas. Entrou-me pela casa adentro, queria que lhe desse dinheiro, para emigrar e refazer a vida, mas consegui encerrá-lo na adega..
O Inspector Malange franziu o sobrolho. Percebi que não estava a engolir a peta. Interrogou-me com alguma arrogância:
-Senhor Ferreira, desculpe, mas não entendo: porque razão veio para a sua casa e porque lhe veio pedir dinheiro?
-Elementar senhor inspector-disse com firmeza, tentando virar o feitiço contra o feiticeiro- o Navalhas confessou-me que foi despedido pelo Francisco, para quem afirmou trabalhar, e que, sabendo da nossa amizade, veio pedir-me ajuda.
Muito bem-replicou o inspector, com ar pouco convencido- vamos então proceder à detenção do Silva Eira para interrogatório. Levamo-lo para o Porto ainda hoje, apesar da hora tardia. Amanhã voltaremos a contactá-lo.
Um peso saiu-me de cima. Assim que os inspectores saíram com o Navalhas, telefonei para o aeroporto e marquei lugar no primeiro voo para Luanda. Arrumei umas roupas numa pequena mala, e avisei a Maria que ia sair de imediato para tratar de assuntos urgentes.  Não havia tempo a perder. Tinha combinado com o Navalhas o que devia dizer, mas receava que mais tarde ou mais cedo desse com a língua nos dentes.
***
Enquanto Francisco e os inspectores regressavam ao Porto, Zé Silva Eira e Aida decidiram pernoitar na Régua. Dirigiram-se ao Hotel Régua Douro e Silva Eira pediu dois quartos individuais, mas Aida interrompeu-o:
-Dois quartos para quê Zé? Não cabemos os dois no mesmo.
-Está bem Aida. Seja. Vou pedir um quarto com duas camas.
-Com duas camas? Perguntou Aida quase a perder a paciência. Pede um quarto com uma cama de casal e conversa acabada.
Depois de uma frugal refeição junto ao Douro, Aida e Zé foram para o Hotel. Na porta do quarto colocaram a etiqueta “Não incomodarâ€. Respeitinho. Não incomodamos. Por isso, o que se passou portas adentro não se sabe. Talvez tirem as casquinhas a que têm direito. Quem quiser saber mais  puxe pela sua imaginação.
« Última modificação: Janeiro 28, 2016, 21:09:45 por Nação Valente » Registado
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« Responder #111 em: Janeiro 29, 2016, 21:09:00 »

E imaginação é coisa que não nos falta!
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« Responder #112 em: Fevereiro 03, 2016, 22:37:39 »

          ( O amor triunfa sempre)
        

          Não me deixam em paz
          A minha mãe telefonou-me. Além de querer saber como vão as coisas entre mim e o Matias, quase completamente restabelecido, queria deixar-me ao corrente das novidades.
          Consta lá por Portugal, nas já habituais violações do segredo de justiça e nas vozes de caverna, que os Ferreira e os Silveira são realmente farinha do mesmo saco. Além de uma cambada de mafiosos. As últimas apontam para que o meu pai que não é pai e o meu pai que é pai sejam dois irmãos, a que uma trupe de gente promíscua juntou ainda mais dois. Um bom e um mau, os Zés, Tonhos ou seja lá quem for e que, todos juntos, chafurdam à volta da mesma gamela chamada Laboratório, onde uns enriqueceram e outros quase bateram a caçoleta. Como o pobre do Matias, agora a viver à custa de um fígado alheio colhido das vísceras de um cigano.
          Tenho pena da minha mãe, coitada. O seu pecado maior foi apaixonar-se por um crápula e casar-se com outro. Um assassino, ainda que por interposta pessoa. Na verdade, ninguém me consegue convencer que o Zé Ferreira só quisesse pregar um susto a M.! Um susto que tinha em mira deixar o pobre do meu amor diminuído entre pernas? Pelo amor de Deus! Ele que não faça de mim parva. Depois, deve também pensar que a minha mãe é burra e que é incapaz de escutar atrás das portas e vasculhar os papéis que ao longo dos anos encontrou lá por casa a falar de um laboratório, decisivamente relacionado nos dias de hoje como o mesmo onde Francisco Silveira e ele próprio têm interesses.
          Nunca julguei o Zé Ferreira, para recuperar o malfadado laboratório, capaz de tantas barbaridades! Ao ponto de me querer casada com um homossexual como é o Duarte?! E, com este, na sua alegada paternidade,  mais uma surpresa para o romance do Esfaqueador da Régua ficar ainda mais intrincado. O homem é mesmo perverso. O que ele queria era privar-me dos prazeres da carne, de qualquer maneira: com o Duarte por ele não querer, com o Matias por não poder, e assim sucessivamente…
          Por falar nisso, nos últimos tempos a minha vida foi mais doce do que mel. M., quando lhe narrei os últimos acontecimentos em que participei directamente e o pus ao corrente da venda do Jeep para custear a vinda para Luanda, ficou radiante. Mandou lixar o laboratório, os Zés, os Tonhos e os Franciscos, pois o mais importante era ser feliz. E os dois, aqui neste lado do mundo, temos sido realmente muito felizes. Apesar da segurança que tanto eu como M. sentimos em todo o lado,  como se fossemos uma carga preciosa de Diamantes. Pelos vistos, eu sou. Como filha de Francisco Silveira, encarno a figura da Fortuna, um bom partido. Embora não tenha sido por isso que puseram a segurança atrás de nós.
          Esta trama tem cá uma urdidura! E, neste momento, o único enganado é o Zé pai que não o é.
          Nem sei se me dói descobrir-lhe os podres em que o amor que lhe tinha apodreceu também. Nunca tive tempo para chorar grandes lágrimas, dividida entre a certeza de ele não passar de um bandalho e a dúvida de que não o deve ser... Afinal, não sei se fingido, como no teatro dum palco e numa peça que ele decidiu representar, deu-me algum amor. Comprou-me brinquedos e levou-me muitas vezes ao médico com a pele atacada pelo sarampo e a arder em febre. Mas o querer vender-me como uma vaca sagrada indiana, primeiro ao Duarte, e depois, já em desespero de causa, ao próprio irmão Francisco Silveira para recuperar a merda do laboratório através de mim, coloca-o na lista das personagens deste romance fatela como o crápula número um.
          O que me dá um certo gozo é pensar que ele enganou o irmão bem menos do que a minha mãe o enganou a ele quando me levava já na barriga no dia do altar. E irónico, irónico é o Zé Ferreira, com a história das cartas anónimas e da propalada relação de incesto entre Gaby, eu própria, e Matias, ter atirado ao que “viu†e acertar, em dobro, no que não viu. Sim porque, casando eu com o Francisco Silveira ou com o Duarte, homossexual por inteiro mas só em certos locais longe de S. João da Pesqueira, haveria sempre o incesto como resultado. Bem pior do que no romance "Os Maias"! Eça de Queirós estaria próximo a rebolar-se de vergonha lá no túmulo em Santa Cruz do Douro por não ter sido capaz de ir tão longe.
          Bom, vou para dentro. M. acabou de regressar. Foi ao bairro mais chique de Luanda. Não me disse a quê, mas presumo uma surpresa para breve… Pressinto que não será um casamento como a piroseira do meu aniversário no Vintage, com uma legião de convidados…, ainda bem! E Deus queira que Zé Ferreira não me apareça tão cedo à frente…porque aqui a justiça faz-se bastantes vezes pelas próprias mãos…
« Última modificação: Fevereiro 06, 2016, 16:03:41 por Maria Gabriela de Sá » Registado
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« Responder #113 em: Fevereiro 04, 2016, 12:58:18 »

Mas que grande final se avizinha!
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outono


« Responder #114 em: Fevereiro 06, 2016, 20:03:53 »

Sexo e poesia

O amor triunfa sempre, foi a ideia que me veio à cachimónia, quando o telefone me acordou naquela manhã preguiçosa.
Tem uma chamada do Porto.
Ainda andei embeiçada pelo M, mas agora reconheço que não era amor mas devaneio. Senti-me atraída pelo seu porte, pelo olhar expressivo, enquadrado num rosto bem esculpido e emoldurado numa barba tratada a preceito. Ainda me causou alguma taquicardia acompanhada de afrontamentos. E não eram, nem podiam ser da menopausa.
Do laboratório…
Nessa altura, bastava o tipo estalar os dedos para eu cair de queixos no seu regaço. Felizmente o M andava ensimesmado pela morgada de Ribalonga. Que lhe faça bom proveito. Até lhe cheguei a ter uma raiva do carago. E quando tive que representar aquele fatela no seu aniversário, só me apetecia esganá-la.  Agora percebi  que M não era homem para mim,  nascida nas Fontainhas e criada no Bolhão. Sou mais mocinha de coiratos que de queques com manteiga
Zé acorda
O Zé dorme que nem uma pedra. Vendo bem até merece. Quando os galos começaram a cantar ainda nós estávamos bem despertos.
O amor triunfa sempre
O Zé esteve à minha altura, nunca deu parte de fraco. Numa simbiose quase perfeita, demos asas ao amor sem limites, cavalgando arco-íris adormecidos no nosso corpo, acordando estrelas esquecidas nos nossos desejos ancestrais. Poesia e sexo devem ser irmãos gémeos. Foi isso que me atraiu no Duarte, quando a sua voz me despertava os sentidos e me etilizava em bebedeiras de êxtase. Frases sonoras repescadas em poetas do Escritartes e que me habitam a memória.

e o meu amor tem mais vidas que uma para amar-te


Amor impossível e eternamente platónico, pois o Duarte não navegava nas minhas águas. Quando descobri fiquei triste, não por ele mas por mim.

procuro-me mas não me encontro como queria

Posso fazer a ligação?
O que tem que ser para nós à nossa porta há-de bater. Admiro a sabedoria popular aprendida nas agruras da vida com a vida das pessoas simples. Aqui estamos eu e o Zé no início de uma aventura que promete não ser fácil, mas que acredito que será desafiante. Para já começou bem.
 
e o amor é belo, muito belo,

-Bom dia Aidinha. Fala Francisco. Quero pedir-vos que no regresso passem por Ribalonga e tragam a Maria. Contactou-me e disse-me que estava muito triste e assustada. O marido saiu para parte incerta. É um homem acossado e pode ser perigoso. Além disso ela também quer testemunhar.
Que se passa Aida?
A Maria está a precisar de ajuda e eu não posso negar-lha. Recebo-a de braços abertos. Depois falamos melhor.
Que horas são Aidinha?
-São horas de vivermos o nosso sonho de olhos bem abertos, meu coelhinho? Como diz o meu pai “trabalho é trabalho, conhaque é conhaqueâ€. Toca a levantar, temos de voltar a Ribalonga para levar a D. Maria. Palpita-me  que o Francisco vai reviver o seu grande amor da juventude.
O amor triunfa sempre.

em ânsias de futuros por construir
« Última modificação: Fevereiro 16, 2016, 21:21:57 por Nação Valente » Registado
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« Responder #115 em: Fevereiro 20, 2016, 14:15:51 »

Ora bem, cá estamos nós de novo! Força!
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« Responder #116 em: Fevereiro 20, 2016, 19:55:21 »

Reencontro
Não entres em pânico Maria Ivone Ferreira. Admite que a vida não volta a ser como era. A Gaby, em Angola, a juntar os trapinhos com o Matias, o Zé Ferreira em parte incerta, e eu aqui sozinha, neste casarão, sem saber o que fazer. Vou ter que dar um novo rumo à minha vida. E começo para aceitar a disponibilidade do Francisco para me ajudar. Afinal é o pai biológico da minha filha. Amanhã, parto para o Porto com Zé Silva Eira e Aida. Não vou instalar-me na casa de Francisco como ele me pediu. Instalo-me num hotel acessível, talvez em Valongo. Para já, quero colaborar com a justiça. Sei que o Navalhas vai ser ouvido por um juiz de instrução e acabará por confessar tudo o que eu o ouvi dizer.
Vivi com o Zé mais de duas décadas e ainda não o conheço. Nunca o imaginei metido em esquemas reprováveis. Sempre escondeu ser meio irmão de Francisco. É certo que embora ele soubesse da minha relação ele, na juventude, não o informei que quando nos casámos já trazia um presente seu na barriga. Com o acordo do Francisco decidi não fazer essa ,para não complicar mais as coisas, já muito complicadas, desde que a mãe dele me rejeitou e ameaçou deserdá-lo se casasse comigo.
O Zé Ferreira deu à sola de vez. Pelo que apurou a polícia partiu para Ãfrica para safar a pele. Jogou todas as fichas e perdeu. É uma carta fora do baralho e da minha vida, mesmo que volte para prestar contas à justiça. Respeitou-me e ajudou-me a criar a Gaby, mas também é verdade que o Francisco seguiu à distância o crescimento da filha, e muitas vezes nos ajudou, já que a agricultura é actividade muito incerta. No momento em que a minha família está a emigrar para Angola, vou manter os pés na terra. Parece-me que o Francisco quer retomar a relação interrompida pelas contingências da vida. Quem nos separou não pode voltar a fazê-lo.
Ironicamente, a Gaby, será a proprietária do laboratório, porque é a única herdeira. E o M que era o braço direito do Francisco retomará o seu lugar. No fim, tudo irá acabar bem, como nos romances do Júlio Dinis. A ricaça casará com o pobretanas depois de cumprido o seu calvário . Aliás, sempre foi esse o desejo do Francisco. Não sei até se não foi ele quem lançou o M, o seu delfim, para os braços da Gaby, numa aventura que curiosamente começou com uma despedida, numa noite gélida, na estação da Régua. Seja como for, o esquema deu certo, e a Gaby e o M se assim o quiserem serão os continuadores dos Silveira. Espero que terminem a sua longa  lua-de-mel em Luanda, e dêem sinal de vida.
Eu e o Francisco iremos fazer, também, a nossa lua-de-mel tardia. Depois quero dedicar-me à poesia e à escrita. No segredo da minha solidão, fui escrevendo, e agora quero trazer essas emoções para a luz do dia. Apenas o Duarte tem conhecimento desta minha faceta, e tem-me incentivado a participar nas tertúlias poéticas. Acho que chegou a altura, até porque o Francisco também é homem de cultura e está determinado a apoiar-me. Hoje temos jantar marcado,  onde não faltará uma boa ementa, bem regada com um Quinta do Vale Meão 2011, o melhor quarto vinho do mundo na selecção da revistaâ€Wine Spectator†ainda  mais saboroso porque é produzido por um grande amigo da família, gente das vinhas como nós  Mas o mais importante é que esse jantar marcará o início do nosso reencontro.

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« Responder #117 em: Fevereiro 21, 2016, 21:05:15 »

O início do fim? A ver vamos!
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« Responder #118 em: Fevereiro 24, 2016, 20:31:42 »

Que não haja fim neste romance intrigantemente bom. Gostava de ler, em qualquer placard,  " num livro a sair perto de si".
Seria bem merecido.
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« Responder #119 em: Fevereiro 28, 2016, 01:02:40 »

"Comportamentos estranhos"

Que vida boa!
Que o diabo não ouça! Cruzes canhoto!.
Por falar nele, esta noite, com o M. ao lado a dormir como um anjinho, depois de termos feito o que Deus manda, espero que sem multiplicação, acordei com um pequeno pesadelo mais ou menos maluco.
Sonhei, no pouco tempo dormido, que o Matias começava a ter comportamentos como os ciganos.
O primeiro dos quais era ter um casamento de sete dias e que eu vestisse uma saia do tamanho das abas de um embondeiro. Um outro era o seu desejo, cada vez mais vivo, de comprar uma carroça.
Eu acho que só pode ser por causa do fígado transplantado.
A propósito, será que os Inspector Contreiras e Malanje já deitaram a luva ao Esfaqueador da Régua?
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Bom dia. O site vai migrar para outra plataforma no dia 23 deste mês de setembro. Aconselha-se as pessoas a fazerem cópias de algum material que não tenham guardado em meios pessoais. Não está previsto perder-se nada, mas poderá acontecer. Obrigada.

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Março 13, 2021, 17:52:36
Olá para todos!
Março 10, 2021, 20:33:13
Boa feliz noite para todos.
Março 05, 2021, 20:17:07
Bom fim de semana para todos
Março 04, 2021, 20:58:41
Boa quinta para todos.
Março 03, 2021, 19:28:19
Boa noite para todos.
Março 02, 2021, 20:10:50
Boa noite feliz para todos.
Fevereiro 28, 2021, 17:12:44
Bom domingo para todos.
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