Semáforo vermelho

[Figas de Saint Pierre de]

Destino :Porto
Objetivo: Buscar um lote de poemas, mandados encadernar para oferecer a um familiar.
Local da cena: Cruzamento da Rua Passos Manuel com de Sá da bandeira
Pormenores do cenário: Semáforos no vermelho para peões.
Atores. dois velhotes; autor do texto e outro, surgido do nada.
Desenrolar da cena: Esperando que ficasse verde para atravessar a rua e, de repente:
-Desculpe. Não costuma ir a encontros de poetas?
-Sim. Sou o Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque-
-É que eu mateio-o, logo que o vi.
-Ó diabo! Então já ressuscitei, porque estou aqui, a seu lado! (risos)
-O senhor escreve bem, mesmo muito bem. Faz poemas com fino humor e com muita profundidade!
-É o que calha.
O sinal ficou verde. Atravessámos a rua. Ele virou Passos Manuel acima. Eu continuei Sá da Bandeira abaixo, ouvindo-o declamar o poema, dum só verso: “Bom Natal”, a que eu retribuí com o “Boas Festas”
Olha-me esta!
Fiquei sem saber quem era, mas ele sabe da minha poesia, mas pouco ou nada de mim.
Há dias assim!
Quando levantei o livro, folheei e li alguns dos meus poemas, procurando-lhes seu humor e sua profundidade! Desisti. Lembrei-me do “Ninguém vê o cisco em seu olho”. Ofereço o livro, mas nenhum poema escolho!
Fico a aguardar que no próximo encontro o vermelho dure mais tempo, para ele me explicar.

[Maria Gabriela de Sá]

Pois, encontros imediatos de grau poético!


Abraço

[Goreti Dias]

Há verdes intrometidos!

[Figas de Saint Pierre de]

Concordo com o verde intrometido. Estava com ciúmes do vermelho! Kissinhos