BOAS FESTAS. LEMBRA-TE SEMPRE DA GENTE.

BOAS FESTAS. LEMBRA-TE SEMPRE DA GENTE
Tinha estacionado as renas na rua e perante o espanto daquele menino, a correr, aquele barbudo atravessou a sala. Tinha descido pela chaminé daquela torre! Era o Pai Natal, que, apertadinho, corria para a casa de banho daquela casa!
Antes de iniciar a viagem o Pai Natal tinha decorado todas casas, onde havia meninos para entregar prendas, por isso não hesitava no caminho e até já levava as calças desapertadas, vendo-se um pedaço de barriga, branquinha como um pedaço de gelo do Polo Norte!
-Papá, Mamã, o Pai Natal já chegou!
-Onde está ele?
-Atravessou a sala e foi para o quarto de banho.
Imediatamente, os pais do menino quiseram verificar o que se estava a passar, tanto mais que ouviam o som da descarga do autoclismo! Quase que se esbarraram com o Pai Natal, que os evitou, dizendo:
-Desculpem, eu volto já!
Saiu pela porta do apartamento, meteu-se no elevador e desceu do décimo andar até ao rés do chão!
Na rua as renas estavam inquietas. Alguém tinha passado e furtado um saco, precisamente o que tinha a prenda para aquele menino que estava na sala!
O Pai Natal ficou aflito! E agora? O menino não podia ficar prejudicado, sem prenda, até porque ele, o Pai Natal tinha utilizado o quarto de banho da casa. Tinha sido uma emergência. Tencionava dar a prenda, infelizmente alguém tinha-a roubado! Desesperado, o Pai Natal recordava o olhar do menino, espantado, ao ver aquele velhote, vermelho, quase com as calças na mão, sem prenda para lhe oferecer! Sentia-se envergonhado. O menino não podia ficar prejudicado. Tinha que ser rápido. Que fazer?
Como nas suas viagens pelos céus, entre estrelas, estas era suas amigas e, para não atrapalhar a velocidade do trenó, arrumavam-se para lhe dará passagem. O Pai Natal pediu-lhes ajuda. A Estrela Polar prontificou-se a ajudar! Como? Pediu a uma nuvem para cobrir a casa do menino, para ninguém ver, enquanto ela, num instante ia, à velocidade da luz, ao armazém de brinquedos do Pai Natal, situado no Polo Norte buscar um. O Pai Natal, antes da Estrela Polar partir disse-lhe qualquer coisa ao ouvido, mas que ninguém ouviu.
Certo foi que a Estrela Polar, com uma das suas pontas de estrela pescou o presente que o Pai Natal mencionara. De regresso, tudo isto foi só nuns segundos, e como o Pai Natal não queria, outra vez, descer pela chaminé do apartamento do menino com um das suas pontas enfiada na chaminé deixou cair a prenda!
Entretanto, o menino, que se tinha retirado da sala, ouviu um barulho e, olhando para a lareira, onde estava seu sapatinho, viu um embrulho, salpicado de negra fuligem.
-Pai, Mãe, olhem.
Os pais acorreram e viram o embrulho
-Vês. Afinal, o Pai Natal foi teu amigo! Ele só quis brincar contigo! Para nós até foi uma honra ter utilizado o nosso quarto de banho.
-O menino, ansioso, desembrulhava, desembrulhava o embrulho até que:
-Pai, Mãe, olhem, é um computador, mas é esquisito!
-Deixa ver.
O Pai viu, leu as instruções. A alegria foi geral. Era um computador moderno, mas ainda um protótipo, ainda não no mercado! Colocava-se um fio, com uma ventosa, na testa e o computador ligava e escrevia o pensamento do utilizador! Que maravilha! Era automático! Se os pensamentos fossem bons, de amor e paz, por exemplo, então o fundo do ecrã logo ficava cor-de-rosa, se fossem maus ficava preto, se de esperança ficava verde, se de raiva ficava vermelho, se fossem políticos ficava amarelo, etc. Em caso de impressão, as folhas saíam, automaticamente, com a cor apropriada aos pensamentos. Porém, em caso de necessidade, o utilizador podia-o colocar em modo normal; ou seja em modo clássico!
-Fantástico, disse o Pai do menino. O Pai Natal só quis brincar contigo. Foi tudo fita.
Para o ano vamos estar atentos e, a prevenir, para em caso de emergência, colocaremos, no quarto de banho, rolos de papel higiénico, estampado com:
“Obrigado Pai Natal. Boas Festas”
“Lembra-te sempre da gente”
“Podes obrar sempre na casa da gente”
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Autor deste original e inédito, escrito no dia 12 de Novembro, do ano 2015, pelas 22h15:
Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar