Tino Saganho
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« em: Setembro 08, 2016, 23:49:31 » |
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O AZAR DEU SORTE...
Como habitualmente, Lara saiu de casa apressada para o emprego, no seu automóvel Golfe. O tempo estava chuvoso e, numa travagem mais brusca, o carro derrapou e bateu na traseira de um BMW. Os condutores saÃram dos veÃculos e a rapariga, visivelmente perturbada, foi a primeira a intervir: – Meu caro senhor, peço-lhe imensa desculpa pelos danos e transtorno que lhe causei. – Não há razão para ficar tão preocupada, menina. Como vê, os danos são apenas materiais e o mais importante é que nós estamos bem. O meu nome é LuÃs. Trabalho na empresa de meu pai. – Eu sou Lara. Trabalho numa florista, na cidade. Ao fim de uns breves minutos de diálogo, ambos concordaram em retirar os carros para a berma da via com o propósito de facilitar o trânsito. Os veÃculos ficaram em condições de prosseguir viagem. Aproximava-se a hora de entrada para os empregos e os intervenientes no acidente entenderam que seria melhor resolverem o problema no fim do trabalho. Trocaram identificações e despediram-se. Lara era uma moça solteira, com 25 anos de idade, elegante e bonita como uma flor! Nas artérias por onde passava na cidade do Porto, atraÃa e encantava toda a juventude do sexo oposto. LuÃs, o condutor do BMW, era um rapaz com 28 anos de idade, também no estado civil de solteiro e filho único de um empresário de calçado, cuja empresa estava sediada na área de Paços de Ferreira. Na hora e local combinados encontraram-se e a jovem, com ar de preocupação, confessou: – Eu assumo toda a responsabilidade do acidente. Tenho o carro no seguro, apesar da validade terminar hoje. Se este azar me acontecesse amanhã ou nos dias seguintes, não sei o que seria de mim, porque a minha empresa só me pagará o salário daqui a duas semanas e só por essa altura renovarei o seguro. LuÃs escutou a moça em silêncio, de olhos fixos nos seus e esboçou um gesto com a cabeça que, a ser traduzido seria: – Coitada da rapariga. – Se recebe o salário só daqui a duas semanas, não pode pagar o seguro e sem seguro não pode usar o carro. Como pensa deslocar-se para o emprego? – Terei que arriscar. Preciso de sorte. Depois de preenchida e assinada a papelada para a seguradora, o jovem dirigiu-se à rapariga, sorridente: – Agradeço-lhe a honestidade com que assumiu a sua responsabilidade. E agora faça-me um favor: – Aceite este dinheiro e pague o seguro. Temo que não tenha a sorte pelo seu lado e fique em desgraça. Depois de olhar o jovem com ar de surpresa e uns segundos de hesitação, Lara sugeriu: – Aceito a sua bondade na condição de empréstimo e quando receber o salário devolvo-lhe o valor. – Combinado! – Concluiu LuÃs. E despediram-se. O filho do empresário de calçado em cuja empresa trabalhavam cerca de 70 funcionários era respeitado pelos empregados que o apelidaram de patrão filho. Cerca de duas semanas depois, Lara telefonou-lhe para lhe devolver o dinheiro e encontraram-se. – Quero devolver-lhe o valor que amavelmente me emprestou e agradecer a sua bondade. E agora permita-- me que lhe pague um café. – Disse a florista ao lesado do acidente, que a olhava de sorriso nos lábios. – Esqueça o dinheiro que lhe fará mais jeito a si que a mim. E agora faço-lhe um pedido: Em nome da «simpatia/amor» que estou sentindo por si, peço-lhe por favor que aceite este cartão e vá à oficina arranjar o seu carro. Já está pago! Lara não resistiu à s lágrimas. Procurou os olhos do jovem que se declarara apaixonado, mergulhou neles por alguns segundos, abraçou-se ao pescoço e deu-lhe um beijo. Estava aberto o caminho para uma relação amorosa que havia de unir as suas vidas. Depois desse dia, encontravam-se assiduamente. Cerca de três meses depois do dia do «bate chapas», a feliz rapariga aguardava, ansiosa, a chegada do namorado ao restaurante. Ao avistá-lo, correu para ele e cobriu-o de beijos. Momentos depois, o jovem ofereceu-lhe uma rosa vermelha e surpreendeu-a deste modo: – Lara, eu amo-te muito! Queres casar comigo? – Casarei já hoje, meu amado noivo! - Desabafou a bela rapariga, mergulhada em lágrimas de felicidade. A união matrimonial consumou-se cerca de dois meses depois e LuÃs presenteou a esposa com uma loja de flores.
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