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Autor Tópico: Oitavas  (Lida 1770 vezes)
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alemtagus
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« em: Maio 26, 2017, 18:05:43 »

De olhares soltos a consumir tantas falhas,
Por entre tormentos que não se esquecem.
Os homens fumam pequenas mortalhas
Nessas distantes noites que enriquecem.
Do cheiro pútrido e o gosto das batalhas
Consumadas em campos que estremecem
Sentem-se milhares de corpos nas fornalhas
Acesas por aqueles que nem vida merecem.

As feridas que reabrem na recordação
Dos mistérios desvendados sem glória
De em dia algum terem preocupação
Em abrir mais um livro de história,
Ao lembrar aquela tamanha solidão
Onde soaram as trompetas de vitória
Por entre estranheza e tanta confusão
Sinto a loucura que escorre da memória.

A incongruência da vida humana
Mostrada nos actos vis e dementes
E em tudo que do Homem emana
Nos seus diálogos surdos tão evidentes
São agora, todos os dias da semana,
Umas formas de vida inteligentes
Não mais que pobre gente insana,
A buscar de sonhos outrora diferentes.

O ar distanciado do sofrimento
Esboçado nas faces descoloridas
Por fome que não tem sentimento,
Ou sofre por ceifar tantas vidas
De crianças, velhos… todo um regimento
Sem culpa de tais acções desmedidas
Que loucos fazem a qualquer momento
Achando-as sempre divertidas.

O infame riso nos lábios do carrasco
Que vive do sofrimento e do mau trato.
Como se fosse carne para churrasco,
Para um barbecue barato.
Por considerar a vida um fiasco,
Um homem desconhecido que mato,
Fruta podre que descasco,
Uma vida de assassinato…

Este mundo em que vivemos
Nós os miseráveis, há milénios,
Que desprezamos aquilo que temos.
Nós os grandes génios
Pelo que inventamos e fazemos,
Polivalentes em todos os domínios,
Mesmo quando não conhecemos,
A dor dos nossos infortúnios.

Cinzentas tardes de cheiro a carvão,
Queimando carne nos cemitérios
Agora delapidados pela população
Que destrói todos os impérios,
Pelas mãos da revolução,
Como se fossem homens sérios
Que não ligam à discriminação
Ou a todos os outros mistérios.

Nesta incompleta história arrepiante
Que não começou, nem tem fim,
Que tem um desenvolvimento chocante
No qual todos dizem que sim,
Como heróis sem semblante
Que andam perdidos assim,
Temendo diariamente o onerante
Que é seu ego… enfim.

Por entre jogos de sorte,
Máfia de indivíduos facinorosos
Cuja ocupação é a morte.
Os nossos pensamentos ociosos,
Qualquer coisa que ninguém suporte
Por serem tão meticulosos,
Nada que a mim importe.
Incompetência de fiscais criteriosos.

Páginas infindáveis de velhos compêndios
Perdidas na biblioteca da nossa vida
Que nada mais é que censuráveis vilipêndios
De forma repressiva e desmedida
Que alastram como se fossem incêndios
Resultantes da colossal força perdida
Em terras para além dos silêncios,
Terras de entrada proibida.

A todos se apresenta a indiferença,
Lobo disfarçado em pele de cordeiro
Adulterando tudo na sua presença,
Como se fosse ele o primeiro
De todos aqueles com a sua semelhança.
Espelhos espalhados num terreiro
Que multiplicam a falsa esperança,
Que fazem autópsias de luz a algo verdadeiro.

Por entre agendas e calendários,
Contando e marcando os dias,
Guardando-os em mil armários,
Envoltos em nojentas porcarias,
Como se fossem objectos primários
Escondidos entre as pratarias.
Prateleiras forradas a luxos imaginários
Em modestas alfaiatarias.

Devaneios sistemáticos
Por entre pensamentos dispersos
De acontecimentos enigmáticos
Vindos de ilhéus Atlantes submersos,
Cheios de vida, com Duendes simpáticos
Que ludibriam esses momentos adversos,
Simples e problemáticos.
Medalhas de ferrugentos reversos.

Odes e maldições lançadas ao acaso
Em sonhos que mostram belezas do infinito
Seres desconhecidos, caso a caso,
Algo que mais não é senão bonito
Como um constante e sombrio ocaso
Incessante olhar de homem aflito
Num momento em que o defendo e arraso
Em quão perene conflito.

Veleiros e barcaças que se cruzam
Em mares altos de tempestade
Adamastores que pegam na chuva e sopram
Mostrando desequilíbrio e desigualdade
Entre homens que se usam,
Fantoches encordoados da divindade
Que a tudo se escusam
Perante o chicote da verdade.

Astrónomos enterrados em ciências perdidas
Em livros que são agora ilegíveis
Carregados de letras indefinidas,
Que relatam experiências impossíveis
Com as habituais cobaias iludidas
Por promessas sempre irrecusáveis,
Tapando os olhos às mortes imerecidas.
Pensamentos inimagináveis.

Aquela força que nos faz perecer
Entre fumos de incêndios irreais,
Excessos cometidos ao velho entardecer
Cuja morte não lhe chega jamais.
Centenária sede de viver,
Cada vez mais, sempre mais,
Infindáveis caminhos do conhecer
Que nos tornam algo superior a animais.

Poetas miseráveis que vão escrevendo,
Procurando suas amadas seduzir
À luz de uma vela que lhes acendo,
Em candelabros de prata sempre a luzir,
Escorrega a cera que vai derretendo
Até a nada se reduzir,
Coisas simples que não entendo
Nestas terras mouras sem Grão-Vizir.

A distância que nos separa, interminável…
Entre dias e noites de obscenos pensamentos
Que mostram um lado de todos nós, memorável…
Um dia esquecido nos teus sentimentos
Neste mais do que certo amor, inviável…
Em todos os sentidos partem meus juramentos
De uma vida sempre sem destino, instável…
Sempre viajante, em infinitos firmamentos.

Desejo de continuar um romance perdido
Entre palavras e milhentas desaprovações,
Daqueles que não são mais que um amigo… fingido,
Que aparece… desaparece… situações,
Para desgosto meu, homem ofendido
Velho e cansado por estas humilhações,
Demónios e vermes que me vêm perseguindo,
Espaço cada vez maior entre nossos corações.

O silêncio da escuridão
Em noites de nevoeiros e temporais,
De chuvas lacrimosas em dia de Verão,
Quentes saunas de produtos naturais
De antigas florestas abatidas como solução,
Desastres não ecológicos mas laboratoriais
Feitos pela ciência louca que adora a solidão
Estar rodeada por ninguém, entre animais.

Saindo de uma batalha… incólume,
Eis o nobre guardião eterno,
Tapado pelas honras do costume,
Qual Lúcifer em seu inferno
De cor amarelo lume,
Que obedece a um subalterno
Que espalha enxofre e seu perfume
No vento cortante do Inverno.

Como num evidente acto sexual,
Um espasmo de alegria que se solta
No meio da multidão, com voz natural
Como se fosse iniciar a revolta,
De contornos definidos e fundamental.
Tantos problemas à minha volta
Que me rodeiam nesta vida brutal
Que o mar cobre e exulta.

Secundíparas que choram em conjunto
Pela morte terrena dos seus
Que juntam a cada dia mais um defunto.
Cemitério de Muçulmanos e Judeus
Um caixão em cada vala, tudo tão junto,
Que esperam os milagres de um qualquer Deus,
Vidas angustiantes sem assunto,
Que diferem em credos, meus ou teus.

Acções incontidas de enormes prazeres
Que controlam as vidas como num sonho,
Que nos mostram os mais belos dizeres
Vindos do povo em músicas que componho,
De dentro de pautas que tu escreves,
Em tudo o mais, eu suponho
A guerra, a paz e tudo o que defenderes.
Eu dito, tu fazes… tu pões, eu disponho.

Monólogos inconstantes da consciência
Que se bate no dia a dia por qualquer razão
Não encontrada jamais na inteligência,
Navegante em limbos e paraísos de ilusão
Que se cruzam sistematicamente na demência,
Na procura infindável da única solução
Que deriva de uma qualquer consequência
Que nunca teve razão ou motivo de ser uma equação.

Dormem os Deuses nos seus leitos de prazer
Sobre compêndios divinais a ouro paginados,
Os Sátiros que os lêem sem saber.
Horas que são anos e meses misturados
Em todo o tempo, sem nada a fazer
Nestes Olimpos perdidos de névoas cercados,
De oásis adornados por Vénus a seu bel-prazer
Com seu menestrel cantando odes a seus pais amados.

No desabrochar das flores mais belas
Das cores que iluminam o campo sem nada,
Como se fossem simples e esguias velas
Iluminando uma cripta abandonada
Junto a confessionários de igrejas e capelas
Ao lado de uma pequena campa plantada
Em memória de divas e donzelas
Tiradas à pressa de histórias de banda desenhada.

Objectos inúteis que ornamentam um quarto,
Embelezado por cortinas levantadas pelo vento,
Mostram a memória que me fica quando parto,
Conseguindo esquecer tudo aquilo que não tento,
Que desta triste vida vou ficando farto,
Esperando o futuro que parece tão lento
Como o andar de um pesaroso lagarto,
Que vai parando a todo o momento.

Mulher de olhos azeitona que amou,
Com riso sempre sarcástico e bonito
Que mais um coração enfeitiçou,
Que outros olhos pôs olhando o infinito,
Numa dimensão distante que a todos escapou,
Por nosso alcance ser tristemente finito,
Por não sabermos que só o amor matou
A quem não ama e não ouve este grito.
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De uma letra nasceu a palavra
De cada palavra um pensamento
Nasce o Homem da terra que lavra
E de sua mão o mais puro sentimento
Goreti Dias
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« Responder #1 em: Maio 26, 2017, 18:32:35 »

Uma excelente escrita! Seja bem aparecido.
Abraço
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Goretidias

 Todos os textos registados no IGAC sob o número: 358/2009 e 4659/2010
Dionísio Dinis
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« Responder #2 em: Fevereiro 16, 2021, 19:20:39 »

Que de lautas letras assim se façam merecer altíssimos cantos. Fausto Bordalo Dias talvez não desdenhasse casar música com este poema.
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Pensar amar-te, é ter o acto na palavra e o coração no corpo inteiro.
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Bom dia. Para todos um FigasAbraço
Agosto 14, 2023, 16:53:06
Sejam bem vindos às escritas!
Agosto 14, 2023, 16:52:48
Boa tarde!
Janeiro 01, 2023, 20:15:54
Bom Ano! Obrigada pela companhia!
Dezembro 30, 2022, 19:42:00
Entrei para desejar um novo ano carregado de inflação de coisas boas para todos
Novembro 10, 2022, 20:31:07
Partilhar é bom! Partilhem leituras, comentários e amizades. Faz bem à alma.
Novembro 10, 2022, 20:30:23
E, se não for pedir muito, deixem um incentivo aos autores!
Novembro 10, 2022, 20:29:22
Boas leituras!
Novembro 10, 2022, 20:29:08
Boa noite!
Setembro 05, 2022, 13:39:27
Brevemente, novidades por aqui!
Setembro 05, 2022, 13:38:48
Boa tarde
Outubro 14, 2021, 00:43:39
Obrigado, Administração, por avisar!
Setembro 14, 2021, 10:50:24
Bom dia. O site vai migrar para outra plataforma no dia 23 deste mês de setembro. Aconselha-se as pessoas a fazerem cópias de algum material que não tenham guardado em meios pessoais. Não está previsto perder-se nada, mas poderá acontecer. Obrigada.

Maio 10, 2021, 20:44:46
Boa noite feliz para todos
Maio 07, 2021, 15:30:47
Olá! Boas leituras e boas escritas!
Abril 12, 2021, 19:05:45
Boa noite a todos.
Abril 04, 2021, 17:43:19
Bom domingo para todos.
Março 29, 2021, 18:06:30
Boa semana para todos.
Março 27, 2021, 16:58:55
Boa tarde a todos.
Março 25, 2021, 20:24:17
Boia noite para todos.
Março 22, 2021, 20:50:10
Boa noite feliz para todos.
Março 17, 2021, 15:04:15
Boa tarde a todos.
Março 16, 2021, 12:35:25
Olá para todos!
Março 13, 2021, 17:52:36
Olá para todos!
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Boa feliz noite para todos.
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Bom fim de semana para todos
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Boa quinta para todos.
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Boa noite para todos.
Março 02, 2021, 20:10:50
Boa noite feliz para todos.
Fevereiro 28, 2021, 17:12:44
Bom domingo para todos.
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