Figas de Saint Pierre de
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« em: Novembro 28, 2017, 21:33:11 » |
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“AH SEU FILHO DA PUTA†Num workshop de escrita, pediram-me para escrever sobre um facto, que para mim tivesse sido marcante. Lembrei-me do: “Ah! Seu filho da putaâ€
Como poderia eu, na escrita, vivenciar essa ocorrência? Ocorrência?! Ocorrência cheira-me mais a participação policial! Retiro a ocorrência, pois que foi mais um corrida que fiz, à frente dum lavrador, dono do pomar, onde eu andava a roubar fruta, mais pelo prazer de imitar soldados de Esparta, no seu duro treino militar .
Com seu “Ah seu filho da putaâ€, o lavrador corria atrás de mim, brandindo uma sachola! Eu fugindo, a tudo o gás, trepando pelo muro acima, de xisto, aà duns dois metros!
Quase que caÃa e ficava à mercê da sachola, todavia, o desespero da vÃtima, fugindo do seu algoz e do seu “Ah seu filho da putaâ€, dava para afiar as unhas, como garras, grudando-se à s saliências do muro de xisto até chegar ao seu cabeço, onde me pus de pé, para saltar para a rua, aÃ, uma cobra, bem enroscada numa saliência, em sua sonolência, despertada por trepidações murais, olhou para mim, mais propriamente para os meus pés, que quase a calcavam, que recuaram, atabalhoadamente “Olha-me este gajo!â€, deve ter pensado! Ui! Saltei, de qualquer jeito, sem amortecedores na queda!
Não fui logo para casa. Demorei a recompor-me e a tentar tirar a sujidade da roupa! De nada adiantou! Quando cheguei a casa, já o lavrador se tinha antecipado. Fizera queixa a meus pais! Resultado: Levei grande sova, com minha mãe a escovar-me a roupa, mas eu com ela vestida! Era para eu aprender. Meu pai prometeu-me que, para a próxima, dava-me umas correadas, com o cinto de suas calças. Meu pai não era de posses para usar suspensórios! Ai, a sova que ei levei! Ainda hoje me lembro, embora como uma certa ternura, da tareia e do “Ah seu filho da putaâ€, a primeira vez que ouvi, naquela minha aventura de roubar fruta, para treinar aos comandos de Esparta!
Saà à rua, para “refrescar†as dores no lombo. Estava eu a tentar andar direito, aprumado, como deve ser, quando , de repente, ouvi, novamente. -“Ah seu filho duma grande putaâ€. Cheirou-me a promoção! Olhei. Ao longe, vi que era um amigo meu, colega de aventuras, que fazia um posterior raid ao mesmo pomar! Não sei o que lhe aconteceu! Se também levou uma “escovadela†Só me lembrava da cobra, a olhar para mim! Ainda estaria lá? Tenho que perguntar ao meu amigo. A sova que levei resultou! Deixei de roubar fruta. Hoje, estranho ouvir chamar “filhos da puta†aos árbitros de futebol, que não roubam fruta, não são perseguidos à sachola nem fazem queixas a seus pais! …xx.. Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
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