ANTES ERA NO RIO!

[Figas de Saint Pierre de]

ANTES ERA NO RIO!
Antes era no rio,
Quando água havia,
D’outras águas acima,
Onde o moinho milho moía,
Depois tornado farinha,
Depois tornada pão,
Que alimentava quem fome tinha!
E um simples naco de pão,
Com uma sardinha, já era refeição,
Que em tempo de guerra
Nem toda a gente tinha!

Agora, do rio herdado,
Em casa montado,
Já o rio mós não empurra,
Que antes eram cinco;
Uma fartura,
Moendo, quando água havia
E o moinho moía
E moleiro nele dormia!

Agora, eletricidade não faltando,
O moinho sempre girando,
Naquela cantilena,
Que movia penas do penado,
Penando se água não havia,
Não moendo milho,
Tornado farinha, para
Matar a fome a quem a tinha.

Felizmente,
Do rio não mais dependente,
Gira a mó, noite e dia,
E havendo milho não falta farinha,
Não falta pão,
E o moinho feliz,
Por estar na mesma família,
Que de mós no rio fazia vigília,
Todavia, agora num lugar,
Que rima com tardariz,
Que com seu trabalhar
Faz lembrar quando no rio moía
E água nos penados batia,
Batia, batia,
As mós rodando, rodando,
Do milho farinha fina fazia,
Mas tarde pão, que se comia.
Ai, que saudades, que já lá vão,
Mas em nós lembrando!
....xxx....
Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque