A tantos poemas, a tanta poesia

[Figas de Saint Pierre de]

 A TANTOS POEMAS, A TANTA POESIA!
Tantos poemas, tanto poetar,
tantas tertúlias a declamar,
e senhoras e senhores, bem vestidas,
bem vestidos.
bem comidos, bem nutridos, fazem,
lêem, dizem belos poemas, com pena dos mendigos!

Eu olho para os casacos de pêlo,
para lindos relógios, para ver que horas são,
e são aplaudidos. aplaudidas.
com muitas palmas ficam gloriosos, com seus egos cheios,
mas com a contradição, que logo se topa;
Quantos deles a mendigos já deram sopa?

A pior coisa que a poesia tem é não encher barriga a ninguém,
porém, ouvir poetas a protestar é lindo,
sabe bem, mas quando a poesia acaba
o mundo fica como estava, a não ser que a poesia seja
com versos feitos balas de canhão e mudança se veja

Ah, mas aí, poesia com balas de canhão é perigosa,
pode estragar casacos de vison e ricos relógios, para ver que horas são!

Afinal, para quando a hora, para “arrumar” com os oito,
que comem mais de metade da humanidade sem pão?

O que gosto é de ver e ouvir poesia e algumas anedotas
até chegar a hora dos vir embora
e tudo ficar na mesma, dentro de portas!

Ficou tudo resolvido, no tempo moderno como no antigo!
Que horas são?

----Figas