CAMPISTA CABRAL
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Escritor, poeta, documentarista e roteirista.
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« em: Maio 15, 2020, 18:43:09 » |
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Mais uma vez faço o registro neste espaço da insanidade que tem tomado conta do meu paÃs. Neste momento, dia 15 de maio de 2020, em tempos de pandemia, temos quase 15.000 mortos no Brasil. Parece que nada consegue frear tal insanidade. Parece que estamos em um longo pesadelo...
Se você sente nojo com tudo o que está acontecendo no paÃs, fique tranquilo com você mesmo, você está do lado certo! Se você, a cada palavra proferida pelo presidente, sente indignação e repulsa, fique tranquilo com você mesmo, você está do lado certo! Se você se sente perplexo com os conflitos criados pelo próprio governo em tempos de pandemia, fique tranquilo, você está do lado certo! Se você se sente envergonhado em usar a camisa da seleção porque não quer ser confundido com insanos e intolerantes, fique tranquilo, você está do lado certo! Se você não suporta qualquer relativização do que não pode ser relativizado, fique tranquilo, você está do lado certo! Eu não aguento mais escrever sobre esse tema em minhas crônicas. É deprimente e cruel e desgastante, mas, por outro lado, quando converso com amigos sobre a situação do paÃs, digo a eles que minha válvula de escape tem sido a escrita. A grande verdade é que consigo extravasar a minha angústia nas palavras. Quem me conhece sabe das minhas crÃticas ao PT! Fiz e faço crÃticas até hoje. Quem me conhece sabe que não defendo Lula! Não relativizo corrupção, seja ela ativa ou passiva. Mas a questão nesse momento não é ser ou não Lula! A questão não é ser de direita ou de esquerda. A questão é simples, não é possÃvel defender qualquer coisa ou pessoa que tenha transposto a linha da razão, da civilidade, daquilo a que chamamos de humano. A questão é mesmo muito simples. Há valores que são inquestionáveis, entre eles, a vida, a dignidade humana, o respeito, o diálogo... O que temos é algo tenebroso, asqueroso, maldito, terrÃvel mesmo e, se pudesse, utilizaria tantas outras palavras incisivas para descrever o nosso cenário de horror! Diferentemente do resto do mundo, temos, em nosso paÃs, grupos que criticam a quarentena e boicotam o distanciamento social com exaustivas fake News, com truculência e com insanidade. Apoiados por um governo cujo fundamento é a desinformação e a guerra de narrativas, vários brasileiros exteriorizam sem pudor o seu preconceito e sua total falta de empatia. Estou em quarentena e me sinto terrivelmente desrespeitado por quem defende a volta à normalidade. Mas que “normalidadeâ€? Não há normalidade! Na última crônica 5.000 vidas foram embora. Neste texto, quase 15.000 brasileiros perderam a vida! Que normalidade? Como disse a alguns parágrafos atrás, a escrita tem sido pesada, tensa e cansativa. Lembro de reclamar muito de escrever sobre polÃtica. Foram vários os textos sobre o mensalão, sobre o petrolão e sobre Temer... A crônica das coisas brandas e suaves foi sendo deixada de lado. Não que eu não prefira, entretanto, há uma urgência nas coisas. Esta urgência tem ditado a prosa! Assim se fez e assim se faz. A escrita é um dever e, como se diz, cada um luta com as armas que tem. Eu tenho a escrita e, com ela, vou escrevendo mais uma crônica sobre os absurdos atuais. Para terminar, chamo você, leitor, a ficar tranquilo consigo mesmo se sente exatamente o que expus no inÃcio. Quem tem bom senso e se direciona pela razão, sabe do que estou falando... Você que não concorda comigo, deixo de forma direta o que penso: você escolheu o lado errado! Por qualquer ângulo que se veja, não dá pra defender, sinto muito! Se ainda há um farrapo de dignidade, abra os olhos! Se ainda há uma chama que seja de humanidade, mude! Se a vergonha te impede de mudar, essa mesma vergonha definirá a escolha que fez, a escolha dos medÃocres, daqueles que souberam do erro e nada fizeram! Para você que ainda defende e crê cegamente que todo este torpor é o caminho eu só tenho a lhe dizer o seguinte: você é um ser humano muito mesquinho e não merece mais que esta linha... Em algum momento, o tempo e a história registrarão páginas e mais páginas sobre nossa época e, nestas mesmas páginas, estarão os que defenderam o certo e os que se mancharam e apoiaram o desumano, a crueldade, a indecência e a total falta de amor.
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