Figas de Saint Pierre de
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« em: Maio 16, 2020, 19:17:48 » |
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BEIJOS E ABRAÇOS CONGELADOS Estou confinado, … com meus beijos e abraços congelados, no frigorÃfico, em frascos de quarentena!
Que pena não poder sair de casa, para ir ao cinema, só em casa, mas não é a mesma coisa!
Falta-me a coca cola e as pipocas, as caras bonitas a meu lado, os beijos dos artistas no grande ecrã e a morte dos bandidos, que há e que é preciso dar cabo. Pum pum. Mais um!
Tudo isso passou aos tempos antigos! Quando será o amanhã?
Agora, confinado, para me entreter, olho sapatos, que não calço, roupas, que não visto e laca que não gasto, pois que desde que saio da cama, só de pijama e de chinelos existo!
Nunca olhei tanto para o meu quarto!
Reparo no tecto branco, nas paredes beges, no candeeiro cilÃndrico, cheio de moscas e suas borradelas. AÃ, eu torno-me cÃnico e com armas toscas; com meus chinelos, pás, pás, tento dar cabo delas!
Tantas coisas em que eu agora reparo, mas que, antes, eu não reparava!
Até no quarto de banho, quando entro para largar minha caganita, reparo no formato da sanita,onde, agora confinado, mais me descargo!
Antes, …eu ouvia que estando vivo prejudicava a economia, agora não!
Puseram-me de quarentena, para me conservar! Querem-me são como um pêro! Não percebo. Em que ficamos? É para viver ou morrer? Quando é que eu vou ao cinema? Minha casa é minha prisão!! Pelas janelas, vejo a Natureza, com o ar mais limpo, mais beleza, mas bom seria, voltarmos à alegria de passearmos na Avenida da Liberdade, porém, eu, agora, confinado, nas paisagens não me passeio, mas lá que gostava lá isso gostava; d’ir, como eu, antes, ia, (e bem) nas excursões da INATEL, comer num restaurante, sentar-me num jardim, tomar um café e comer um pastel de Belém, para desenvolver a economia!
De idade sou um velho, mas, ainda, com muitos beijos e abraços, no frigorÃfico, congelados, em frascos de quarentena,---que pena! Mas, um dia, ----ainda quentes, a filhos, a netos e amigos serão dados e, livres, iremos, todos, ao cinema! Foi isto que vim aqui dizer: Que o amor e o amar, entre novos e velhos, tem sempre o mesmo sabor, e que após a chegada e partida de qualquer covarde cóvide, que nos corta a liberdade com que se vive, o Amor acaba, sempre, por ficar, para a todos poder beijar, abraçar e amar, ao natural, em todo o mundo, também aqui; em Portugal. …xx.. Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
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