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Autor Tópico: A Gata dos Telhados LVIII  (Lida 53674 vezes)
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Maria Gabriela de Sá
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« Responder #120 em: Julho 05, 2021, 19:51:19 »

Há sempre uma Aidazinha a meter a sua colherada num romance...
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Dizem de mim que talvez valha a pena conhecer-me.
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outono


« Responder #121 em: Julho 12, 2021, 18:52:56 »


LI

- Vamos ver se encerramos isto. – acrescentou Esteves. A minha cana de pesca não aguenta a ociosidade. E os robalos devem estar com saudades de umas minhocas traiçoeiras

O ex-inspetor Malanje, recentemente aposentado, saiu do Porto sem dar “cavacoâ€. Apenas informou a sua esposa que se deslocava numa visita breve a Lisboa para se encontrar com amigos, que não puderam estar presentes no seu almoço de despedida. A viagem surpresa prometida à mulher, tinha que esperar mais um pouco, “não perdes por esperar†disse-lhe antes de partir para a capital. Alojou-se num hotel com identidade falsa, conseguida através de um falsário recomendado por polícias angolanos, na sua ida a Luanda com Contreras. Nos seus documentos de identificação apresentava-se como um cidadão angolano, ligado ao partido no poder. Tinha vindo a Lisboa passar férias.
Na investigação feita em Angola conseguiu contactos de pessoas ligadas ao tráfico de menores. Sem autorização da polícia, à qual já não pertencia, usou-os para entrar na quinta onde se realizavam as festas com jovens. Recebeu um convite para estar presente no próximo encontro. Um carro viria buscá-lo ao hotel. Na quinta, foi conduzido para uma sala, onde lhe foi fornecida uma máscara para entrar na festa. Todos os convidados tinham de obedecer a estes procedimentos, uma forma de manter incógnitos os presentes. O mestre-de-cerimónias recebeu-o. Havia gestores de empresas, deputados, governantes. Gente mediática que não se queria expor. Explicaram-lhe as normas. Na festa podia escolher uma jovem, dependendo o pagamento, da sua idade, e condição. Quanto mais nova maior seria o pagamento, mas “ o senhor doutor, disse o anfitrião, está recomendado, por uma pessoa importante, terá tratamento VIP e terá um preço especialâ€.
Foi conduzido para um salão, onde lhe indicaram um lugar e onde lhe serviram uma bebida. Uma música de fundo, incaracterística, animava o ambiente. Meninas dançavam no centro do salão vestidas com trajes tribais, um laço rosa no cabelo. e com os seios descobertos. No fim da dança, uma moça muito jovem aproximou da sua mesa, e puxou-o para o centro. Foi-o conduzindo para fora do salão. Viu-se dentro de um quarto circular decorado em tons rosa. Havia uma cama redonda e espelhos à volta. Num ecrã passavam imagens pornográficas. A jovem perguntou-lhe se queria que se despisse, ou se preferia que fosse ele, a tirar-lhe as reduzidas roupas. O falso político angolano, tirou a máscara, e pediu-lhe que se sentasse junto a si na cama. Olhou-a nos olhos, onde lhe pareceu ver sinais de tristeza. Teve dificuldade em começar a falar. Corria o risco de ser descoberto. Procurou ser cauteloso.

- Posso perguntar-te como te chamas?
- Irina.
- Muito bem Irina, eu não vim aqui para fazer sexo.
Irina, baixou os olhos, e mostrou-se assustada.
- Apenas te quero fazer umas perguntas, que ficam entre nós.
- Senhor, não posso falar. Só posso fazer.
- Irina percebo. Não me conheces, e tens medo. Juro que o que aqui disseres não sairá deste quarto, sem a tua autorização.
- Quem é você? Polícia?
- Não interessa. Quero ajudar-te, se quiseres ser ajudada.
- A jovem fez um longo silêncio. Passaram-lhe em rápidas imagens, retratos do seu passado. A sua infância em Benguela, a vida difícil, numa família com muitos irmãos. A ida de um homem a sua casa para a comprar, com promessas de que iria ter uma vida melhor. Tinha catorze anos. As lágrimas que chorou. A vinda forçada para Portugal, com outras jovens. A entrada naquela quinta. Os homens que tinha servido. As ameaças que sofria. Como se podia abrir com um estranho. Não seria uma ratoeira? Respondeu.
- Estou aqui de livre vontade. Faço o meu trabalho.
- Malanje estava à espera daquela reacção. Sabia que aquela jovem dificilmente iria falar. Insistiu.
- Estou aqui para te ajudar, como a todas as outras. Se não quiseres acreditar, aceito. Vamos sair quando entenderes. Para quem manda nisto, fizeste o teu trabalho, como é costume. Depois vou-me embora. Só te peço que não divulgues o que aqui se passou.
Irina, envolveu-se novamente de silêncio. Malanje fez-lhe uma festa na cabeça,  colocou a máscara, e perguntou.
- Vamos?
A jovem  levantou o rosto, cor de ébano, e olhou para Malanje. Os olhos grandes e escuros pareciam dois lagos prenhes de água. Começaram a transbordar. Formaram dois rios que corriam pela face e desciam até aos pequenos seios nus.
- Espere senhor –disse –Parece ser sincero, mas tenho muito medo. Espero que volte, e então terei confiança e coragem para falar.
- Irina, não tenho muito tempo. Vou ver o que posso fazer.


Joaquim Correia reuniu a sua família, e como prometido, partiram para a aldeia onde nasceu. O outono sucedera ao verão, no ritmo milenar da mudança de estações. Chegaram à sua terra de origem, que também tinha mudado, de uma forma radical nos últimos cinquenta anos. A escola com duas salas, cheias de crianças, estava em vias de fechar. A sucessão de gerações fazia-se de uma forma desequilibrada. Os que partiram, eram habitantes transitórios, como Joaquim. Os seus familiares directos tinham cumprido o seu ciclo de vida. Restava a casa onde viveram, que Joaquim procurava manter e a mesma paisagem bucólica.
Rosalinda, sentia-se feliz por voltar aquele lugar. Sabia, pela sua mãe, que ali estivera muito nova, para recuperar de uma tosse convulsa , mas só tinha dessa estada, uma ténue lembrança, a de estar junto de uma árvore muito grande, um pinheiro bravo. Sabia que estivera na casa, dos pais do Joaquim, restruturada, e que fora recebida com todo o carinho. O seu avô, que se tinha separado da sua avó, e que se juntara a outra mulher, não as quis receber, porque a rejeitara a filha. Joaquim, que mantinha uma boa relação, com tia de Rosalinda já muito idosa, e com os primos de ambos, sucessores do novo casamento do seu avô, dissera-lhe que esses familiares, estariam interessados em conhecê-la.
A tia, Maria Lúcia, com uma idade avançada recebeu-os, na sua casa, onde vivia com uma filha solteira. Joaquim fez as apresentações.

- Prima, estão aqui a Aida, a minha companheira, a Laura, uma filha que descobri recentemente, e a Rosalinda, filha da sua meia-irmã, que o seu pai abandonou, quando se separou da primeira mulher. Ela sempre a desejou conhecer.
Maria Lúcia, levantou-se com alguma dificuldade, e abraçou longamente Rosalinda.
- Peço desculpa, - pela atitude do teu avô. – disse sem esconder alguma emoção – Sei que estiveste cá com a tua mãe, há muitos anos, e que o meu pai vos rejeitou. Era muito nova e não pude fazer nada. Mais tarde, também a mim me rejeitou, quando me juntei a um homem, que ele não aceitou. Só muitos anos depois, voltámos a restabelecer relações. Era como era, mas nunca deixou de ser o meu pai, nem o teu avô.
- Obrigado tia, por me receber. Antes de conhecer o Joaquim, e depois da morte da minha mãe, fiquei sem referências familiares. Hoje retomo a ligação à família paterna, e estou muito contente. A minha mãe acabou por aceitar a situação: Não podemos mudar o que aconteceu.
- Quero que saibas Rosalinda, que nesta casa, tens as portas abertas. Eu, e os teus primos, recebemos-te com muito gosto. Os rapazes não vivem na aldeia. Partiram, como muitos outros. Vendemos as terras, e vivo com a Isilda. Espero ver-te mais vezes.

Rosalinda, quis visitar o local para onde a mãe a levava, para se recuperar da sua doença. Os pinheiros já não existiam, mas ainda reconheceu a ribeira que atravessavam para chegar aquele sítio, e prometeu que voltaria mais vezes.
No dia seguinte, Joaquim fez questão de visitar a feira anual, na sede do concelho que se realizava naquela altura. Estava sempre presente na sua memória, as vezes que lá fora, com o seu avô, Baltazar. Lá estavam as tendas que vendiam produtos diversos, carrosséis, e até o circo, que o deliciara na infância, mas que hoje parecia ter um ar decadente. Para Joaquim, já não tinha a mesma magia. A feira, acompanhara a mudança dos tempos. Havia uma coisa que parecia imutável: a cigana Oriana, que conseguia enganar o tempo, continuando a ler a sina na palma da mão. Olhou-o, reconheceu-o e disse:
- O menino Joaquim! Há quanto tempo? Pegou-lhe na mão. Tenho uma coisa para lhe dizer. Veio na altura certa. Sei que está feliz. Perdeu familiares, encontrou uma nova família, mas cuidado porque corre perigo. Vejo-o na linha da vida. A cigana Oriana nunca o enganou. Cuidado, muito cuidado.

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« Responder #122 em: Julho 12, 2021, 18:55:36 »

Continuando para bingo...
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outono


« Responder #123 em: Julho 19, 2021, 18:50:38 »

LII
- O menino Joaquim! Há quanto tempo? Pegou-lhe na mão. Tenho uma coisa para lhe dizer. Veio na altura certa. Sei que está feliz. Perdeu familiares, encontrou uma nova família, mas cuidado porque corre perigo. Vejo-o na linha da vida. A cigana Oriana nunca o enganou. Cuidado, muito cuidado.

- Por mais que pensemos que conhecemos uma pessoa, há sempre facetas que nos escapam – comentou Aida depois de se afastarem de Oriana – Sempre te conheci, Joaquim, como um homem pragmático. Não imaginava nem em sonhos, que acreditavas em previsões de ciganas.
- Não acredito, nem deixo de acreditar. Conheço-a desde a minha infância, e vejo-a com uma espécie de pitonisa, que antecipa o que chamamos de futuro. Não acredito em adivinhações, mas acredito num sexto sentido. E o meu, diz-me, que o Jacinto Teles tem um apetitoso petisco à nossa espera.
- Bons olhos te vejam,- disse Jacinto, que apesar da avançada idade, teimava em não abandonar o seu posto.
- Muito gosto em vê-lo com saúde, senhor Jacinto. Tem os genes de Matusalém? Quando se reforma? Desde criança, quando comecei a vir aqui com o meu avô Baltazar, que o vejo sempre no serviço.
- O teu avô, grande homem. Quando não me encontrares aqui, é porque me baldei de vez desta vida descontente, como ele. Agora sou uma espécie de anfitrião. Quem dirige a “espelunca†é o meu filho. Como podes ver, isto mudou muito, acompanhou os tempos, aburguesou-se, mas ainda vos sirvo um “jaquizinhos†à Jacinto, com marca personalizada.
- Era mesmo no que estava a pensar. Surpreenda as minhas convidadas.
-Hoje vens bem acompanhado. Era habitual vires sozinho.
- Como diz o povo, ti Jacinto, não há fome que não dê em fartura. Vivo numa corte de mulheres.

O inspetor Malanje, aposentado, regressou ao seu hotel, com uma dupla sensação. Por um lado, entrara na toca da depravação, por outro lado, pouco conseguira avançar na pesquisa. O que pensara ser uma operação rápida, estava a complicar-se. Como ia conseguir manter o sigilo, sem levantar suspeitas, e não cair na desconfiança da sua mulher. De uma coisa tinha a certeza. A PJ de Lisboa recebera o processo enviada por Contreras, e não tinha mexido uma palha. Só podia haver uma saída, contactar Correia, que estivera próximo dos meliantes e convencê-lo a colaborar. Sabia que apesar do afastamento do serviço activo, mantinha o “bichinho†do serviço policial. Resolveu contactá-lo, mas sem sucesso. Não atendia o telemóvel.
Nesse momento Joaquim Correia estava concentrado na degustação de um prato de “jaquinzinhosâ€, sem qualquer outra preocupação. Decidiu enviar mensagem:

“Estou em Lisboa, incógnito, atrás de um caso cabeludo. A situação está a complicar-se. Preciso da tua ajudaâ€.

Na PJ, o Bernardo Morais, foi chamado ao gabinete do director. Era um homem de estatura média, um pouco obeso, com um cabelo fixado com brilhantina, a coroar um rosto bolachudo, coberto por uma barba rala. A imagem certa de director, pensava Bernardo, sempre que estava na sua presença. Mandou-o sentar. Disse num tom pausado e peremptório.
- Recentemente foi entregue à sua brigada, um processo enviado do Porto sobre um eventual tráfico de jovens para prostituição. Esse processo já tem algum desenvolvimento?
- Com disse, senhor director, foi recebido há pouco tempo. Estamos ainda a estudar o dossiê.
- Muito bem. Então fiquem pelo estudo do dossiê. Recebi “ordens†superiores para não avançar com a investigação.
- Mas, não entendo. Já distribuí tarefas.
- Ouça inspector, não o considero ingénuo. Se a ordem vem de cima, é porque há gente importante, implicada.
- Senhor director, obedeço a quem manda, mas quando vim para polícia, pensava, se calhar ingenuamente, que a justiça não fazia descriminação.
- Pois, inspector Bernardo, compreendo. O facto é que temos que respeitar hierarquias. A nossa função é apanhar ladrões, homicidas. Quando se trata de gente acima de qualquer suspeita, “pia mais finoâ€. Lembra-se do caso chamado “ballet roseâ€, nos últimos anos do salazarismo? Eram as próprias mães que entregavam as filhas. Também foi abafado pelo poder. Estas situações são comuns a todos os regimes, e transversais socialmente. O que chamamos de vícios depravados, sempre existiram, e também nas camadas sociais privilegiadas. 
- Prostituta diz-se que é a profissão mais antiga. Mas com crianças, senhor director?
.- Pedofilia, senhor inspector, não é coisa nova. A utilização de crianças nesses “bacanais†é consequência da miséria e das injustiças. Quando muito prendemos um ou outro “bode expiatórioâ€, para mostrar que combatemos o crime, mas os utilizadores de altos extractos sociais estão protegidos. Não quero que pense, com este discurso, que concordo. Não posso é mudar a natureza humana.

Joaquim Correia deixou Aida na sua vivenda, e dirigiu-se para o seu apartamento. Precisava de estar só, depois de um fim de semana socialmente intenso. Sempre necessitara do silêncio seu retiro, para se encontrar consigo próprio. Tinha a companhia da gata Judite, mas esta respeitava o seu silêncio, e costumava dizer que era quem melhor o compreendia. Sentou-se na sua cadeira de descanso, acendeu um charuto, ligou o telemóvel e leu as mensagens. Chamou-lhe atenção a mensagem de Malanje. Achou estranho encontrar-se em Lisboa, e pareceu-lhe que se tinha metido onde não devia. Identificava-se com Malanje porque, como ele, saiu muitas vezes da “caixa†para conseguir fazer justiça. Marcaram um encontro num local discreto na baixa da cidade, tendo o cuidado de verificar se não eram seguidos.
- Sabes como eu sou, - disse Malanje – talvez um pouco obsessivo, não gosto de deixar uma tarefa a meio. Não estou na PJ, no entanto continuo preocupado com o caso do tráfico de menores para pornografia. O Contreras, enviou o processo para Lisboa, e há dias falou com o Bernardo Morais. Com evasivas e mais evasivas, percebeu que estava de mão atadas. Resolvi investigar por conta própria. Com uma identidade falsa consegui entrar na casa e contactar uma jovem, e bingo. Tem muito medo. Ainda tenho esperança que colabore. Preciso que me dês uma mãozinha.
- Cheguei a estar próximo de descobrir esse gang. Perceberam e trocaram-me as voltas. Acho que não vamos chegar aos “tubarãesâ€. Começou quando recebi um pedido para descobrir um marido desaparecido. Concluí que este não estava desaparecido, e não passava de esquema. Trabalhavam os dois para os traficantes. Depois apresentaram-se como vítimas. Já nem sei é se o o são, ou se mudaram de funções para despistar. É perigoso, mas podes contar comigo. Qual é o teu plano?
- Vou voltar à quinta, e tentar ganhar a confiança da jovem. Se isso acontecer penso tirá-la de lá. Pode dar-nos informações importantes. Conto contigo para executar o plano. E peço-te um favor muito especial. Telefona à minha mulher, e diz-lhe que estou contigo, numa missão especial. Disse-lhe que vinha encontrar-me com amigos, numa visita breve. Acontece que isto está a demorar, e é capaz de pensar, que ando metido com algum “rabo de saiaâ€.

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« Responder #124 em: Julho 24, 2021, 22:08:03 »

Este estripador tem mais vidas do que uma gata....

Abraço

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outono


« Responder #125 em: Julho 27, 2021, 18:49:05 »

LIII

 - Vou voltar à quinta, e tentar ganhar a confiança da jovem. Se isso acontecer penso tirá-la de lá. Pode dar-nos informações importantes. Conto contigo para executar o plano. E peço-te um favor muito especial. Telefona à minha mulher, e diz-lhe que estou contigo, numa missão especial. Disse-lhe que vinha encontrar-me com amigos, numa visita breve. Acontece que isto está a demorar, e é capaz de pensar, que ando metido com algum “rabo de saiaâ€.
Malanje, no seu papel de político angolano, contactou a organização que controlava a prostituição do novo “ballet roseâ€, da era democrática e pediu um encontro privado com Irina. A menina recebeu-o no mesmo quarto onde tinham estado, e mostrou-se mais descontraída. Disse-lhe que tinha decidido confiar nele, e que estava disposta a colaborar. O que pretendia, em primeiro lugar era sair daquele local. Malanje prometeu que ia fazer um plano, com ajuda de amigos, para a libertar, durante a próxima festa. Teria de pensar como a tiraria, sem nenhum dos vigilantes se aperceberem. Pediu-lhe para estar preparada, porque não ia ser fácil.

Aida dirigiu-se à fábrica de confecções para dar apoio a Laura. Perguntou-lhe se precisava de ajuda, uma vez que tinha assumido a gestão da empresa há pouco tempo. Laura aproveitou para esclarecer algumas dúvidas, relacionadas com a gestão de pessoal, que tinha sido entregue a Rosalinda. Aida conhecia cada uma das suas trabalhadoras, e tratava-as como familiares. Dizia quando as contratava, “esta empresa é uma grande família. Quem não entrar com esse espírito, é um corpo estranho. Aqui têm creche para os filhos, serviço de saúde, refeitório. Quero que se sintam bem. O lucros, são reinvestidos também na realização pessoalâ€. Aida fazia questão de contratar pessoas que passavam por dificuldades. Foi no cumprimento dessa missão, que em meados dos anos oitenta, deu trabalho a uma jovem franzina e tímida, que apareceu em resposta a um anúncio. Confessou que tinha desempenhado as funções de empregada doméstica. Fora dispensada depois da morte do patrão, e não possuía qualquer família. Os pais, e o único irmão, estavam mortos. Foi acolhida, tendo sido autorizada a dormir nas instalações até arranjar um alojamento. Chamava-se Maria Luísa Ruço. Na conversa com Laura, Aida lembrou-se dessa Jovem. Perguntou:
- Filha, verifica se a Maria Luísa, ainda é nossa colaboradora. Sei que cerca de um ano depois de trabalhar connosco, casou com um funcionário da autarquia, tendo ido viver para um bairro camarário.
- Laura consultou a lista de pessoal, e respondeu:
- Sim, é nossa trabalhadora. Mas porque fazes essa pergunta?
- Durante o almoço com os ex-polícias, que nos estão a ajudar no caso do “estripadorâ€, foi referido esse nome, que me pareceu familiar, mas que só mais tarde relacionei com essa pessoa. Lembro-me de a contratar, e recordo a sua aflição. Manda chamá-la. Preciso de falar com ela. Pressinto que é a chave que pode abrir, o mistério do assassínio das “raparigasâ€.

JCorreia, no seu papel de detective, encontrou-se com Malanje, polícia aposentado, com dificuldades de sair da pele de PJ, para elaborarem o plano para libertar Irina. Malanje informou Correia, que tinha feito uma planta da casa de prostituição, com base na descrição de Irina, a partir da qual elaborou o percurso de fuga. A partir do quarto onde se encontravam, iriam fazer um caminho, que os levaria a uma porta nas traseiras. Os funcionários, concentrados na festa, e na entrada principal, não costumavam vigiar a parte de trás, que não estava iluminada. Iria ajudar Irina a saltar o muro que circundava a casa. Correia estaria do lado de fora para a receber e levar para um lugar seguro. Ele voltaria para a festa para não levantar suspeitas.


Maria Luísa ficou surpreendida por ser chamada a comparecer no gabinete da Direcção. Sentia que tinha uma dívida de gratidão para com a empresa, que a aceitara num momento difícil. Sempre se esforçara para corresponder ao apoio que lhe foi dado. Aida, sentada numa cadeira, recebeu-a, com uma atitude informal, e pediu-lhe que se sentasse junto de si. Depois de lhe perguntar se se sentia bem, e se estava satisfeita na empresa, disse-lhe que queria falar-lhe sobre questões familiares, relacionadas com um assunto que estava a investigar.
- Lembro-me, muito bem do dia em que a entrevistei, para trabalhar aqui. – disse Aida, num tom calmo e um pouco intimista. – disse-me, então, que estava sozinha, após a morte da sua mãe e do seu irmão. O que lhe queria perguntar, era como se chamava o seu irmão, e quando faleceu.
-  Adérito Ruço, era o nome do meu irmão. Morreu em 1994 de doença. Desculpe D. Aida, mas há algum problema?
- Não, ou nada que tenha a ver consigo, de quem tenho informações muito positivas. Sabe dizer-me de que doença morreu, o seu irmão?
- Ele apanhou SIDA, e esteve em tratamentos vários anos, e sempre a piorar. Nós não tínhamos uma vivência muito próxima, e não sei como foi contaminado, mas a minha mãe dizia-me que tinha sido com “mulheres da vidaâ€. Ele estava muito revoltado, e costumava dizer que as “putas†o mataram, e que tinham que pagar.
- E acha que ele concretizou essas ameaças?
- Não sei. Enquanto a minha mãe foi viva, contrariava-o, e ele obedecia-lhe. Tinha-lhe muito respeito. Depois da morte da mãe, vivia uma vida solitária, e tinha dificuldade em o contactar.
- Maria Luísa,- continuou Aida, - vou pôr, como se costuma dizer, as cartas na mesa. A Otília que é encarregada de turno, é filha de uma das vítimas, do chamado estripador de Lisboa, que nunca foi descoberto pela PJ. Estou a ajudá-la a encontrar o criminoso, até porque conheci a sua mãe, Clotilde. Mesmo que isso não tenha consequências jurídicas para o “estripadorâ€, será uma forma de encerrar o assunto, na sua cabeça . Na investigação que temos estado a fazer, o Adérito aparece como um possível suspeito. Diga-me: dos contactos com o seu irmão, apercebeu-se de algum comportamento que o pudesse comprometer? Como faleceu, o que me disser, não terá nenhumas consequências.
- Como disse, não seguia, muito de perto, a sua vida. Procurava ajudá-lo, mas ele recusava ajuda. Dizia-me que já estava condenado, e acrescentava que iria fazer justiça, a quem o condenou. Chegou a dizer-me: “resta-me pouco tempo. Quem me passou a doença, já começou a pagarâ€. E ficava por aí. Não me pareceu ser capaz de fazer mal a ninguém. O que sei é que sempre o conheci, com perturbações mentais, depois de ter sobrevivido, milagrosamente, às cheias de 1967. O que lhe posso confirmar, é que era cliente de prostitutas, como afirmava a minha mãe.
- Obrigado Maria Luísa. Ajudou-nos muito. Pode voltar para o seu trabalho.
- O que achas das informações da Maria Luísa? - perguntou Aida.
- Do que sei da situação dos suspeitos, parece ser o que encaixa, no perfil do “estripadorâ€. Desapareceu de cena depois do terceiro crime, porque deixou de estar vivo. A data da sua morte coincidiu com o fim dos crimes. Faz sentido.
Aida, concordou com a análise de Laura, e mandou chamar Otília, para a informar. Do sector de produção responderam que não estava, que se ausentara, um pouco perturbada, alegando que tinha um assunto para encerrar.
- Caramba Laura, a Otília parece que saiu para fazer justiça, pelas próprias mãos. Só pode ter ido para o Lumiar onde vive o informático, que ela concluiu ser o assassino.. Foi com a ideia que ficou, após a reunião com os ex-inspectores Chama a Rosalinda para informar os “polícias†que tem ajudado no caso. Nós vamos para lá, para tentar evitar uma injustiça.

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« Última modificação: Julho 28, 2021, 20:05:44 por Nação Valente » Registado
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« Responder #126 em: Julho 28, 2021, 18:56:20 »

Injustiças? Ele há tantas por aí!
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« Responder #127 em: Agosto 04, 2021, 18:47:38 »


- Caramba Laura, a Otília parece que saiu para fazer justiça, pelas próprias mãos. Só pode ter ido para o Lumiar onde vive o informático. Foi com a ideia que ficou, após a reunião com os ex-inspectores Chama a Rosalinda para informar os “polícias†que tem ajudado no caso. Nós vamos para lá, para tentar evitar uma injustiça.
Laura conduziu, de sul para norte, o carro, à margem das regras de trânsito, serpenteando entre filas de veículos, e enervando os pacatos condutores. Passou a ponte a alta velocidade, arriscando um acidente. Aida, a seu lado, ia um bocado apavorada e pedia-lhe calma. Laura fazia de conta que não a ouvia e continuava a acelerar. A sua condução era arriscada, mas a sua perícia ao volante, garantia segurança. Quando pensava num desporto para praticar, surgia-lhe na mente, o automobilismo.

Rosalinda começou contactar os outros investigadores. JCorreia tinha o telemóvel sempre ocupado. Da casa de Esteves recebeu a notícia que ele estava incontactável, num concurso de pesca. Batalha Romã encontrava-se numa reunião urgente no seu partido, para decidir como votar na Assembleia, o PEC IV. Galhardo estava no casamento de uma filha. Apenas Vitorino se mostrou disponível. Prometeu que iria imediatamente para o local. Rosalinda ficou mais tranquila, pois o ex-inspector, conhecido pela sua moderação, e capacidade de dialogar, era uma peça importante.

Otília saiu da fábrica e dirigiu-se no seu carro para o Lumiar. Durante dias tinha estudado as rotinas do informático, Silvério Marques. Sabia que por volta das cinco da tarde chegaria a casa. Após os depoimentos dos ex-polícias, a sua mente concluíra, que era ele o criminoso. Tudo parecia encaixar. O local do assassinato, o perfil do suspeito, a frase “não me faças mal ruço†que alguém ouvira a vítima dizer. Esperou-o à entrada de um prédio, com marcas de cansaço, pelo uso, e pela idade. Quando ele entrou, Otília aproximou-se, e encostou-lhe uma faca às costas. “continua a andar como se nada se passasse.â€. Surpreso e assustado, Silvério Marques, subiu até ao primeiro andar, por uma escada de madeira, que gemia a cada pisadela. Abriu a porta e entrou em casa. Otília fechou a porta, e verificou que estava num corredor comprido, “põe as mãos ao alto, e vira-te devagarâ€. A faca acompanhou, sem tremer, o movimento do corpo de Silvério, que sentiu a dureza da lâmina por cima da roupa. “quem é a senhora, o que quer?â€. Otília, tentou conter a raiva, e evitou espetar-lhe a faca na barriga, como acontecera à sua mãe. “quero ver de perto a tua cara de assassino, quero sentir a tua respiração, o teu medoâ€. Sou Otília, a filha da mulher que mataste e esventrasteâ€. Silvério, procurou perceber o que estava a acontecer. “Não a conheço, e nunca matei ninguém. Deve haver algum equívocoâ€. Otília fez pressão no cabo da faca. “Qual equívoco? Não tens memória? Esqueceste-te, que foste o “estripador de Lisboaâ€, que matou prostitutas? Esqueceste-te que foste interrogado pela PJ e te safaste, por não haver provas? Não tens remorsos por tirares a vida a uma jovem? A justiça não te apanhou, mas eu descobri-te.†Confessa e pede desculpa, para começarâ€.

Laura e Aida chegaram ao local eram cinco e dez da tarde. Deixaram o carro mal estacionado no passeio, e subiram as escadas a correr. Bateram à porta. Otília continuou a pressionar a faca. “Não te mexas, não abrasâ€. Do lado de fora ouviu-se a voz de Aida.
-Acalma-te Otília. Não faças um disparate. Pensa nos teus filhos. Não há provas que esse senhor seja o estripador. Abre a porta e deixa-nos entrar, para conversarmos.
- É ele, só pode ser ele. Encaixa no perfil. – disse Otília, num tom descontrolado.
- Ouve, - continuou Aida – sempre te ajudei, e quero continuar a ajudar-te. Acabou de chegar o investigador Vitorino e disse que tem novos dados. Pela nossa amizade, abre a porta.
Otília afastou-se de Silvério, mantendo a faca em posição de ataque, e deixou Aida entrar.
- Dá-me essa faca. O Vitorino tem novidades. Silvério não é o estripador. E mesmo que fosse não é correcto fazer justiça “tipo taliãoâ€. Serias igual ao criminoso. Vitorino, explica o que descobriste.
- Fui encarregado pela nossa equipa de consultar o processo. Encontrei em anexo, uma caixa de pacotes de leite, a que não foi dada muita importância na altura. Estive a analisá-la e pareceu-me que tinha marcas digitais suficientes para serem identificadas. Quando chegaram os resultados de um laboratório, comparei-as com impressões digitais de vários suspeitos, e bingo. Coincidiam com as do Ruço.
- Mas este é o ruço, disse Olívia.
- Não. Este é-o ruço, pela cor do cabelo. O outro, o Adérito, é Ruço de nome. Daí a confusão. Acontece que o verdadeiro criminoso, morreu de SIDA, depois do último assassinato. A doença, que atribuiu às prostitutas terá sido a razão que despoletou os crimes. Mas haverá outras explicações. Não é possível determinar todas as motivações, algumas inconscientes, que estão na mente de um “assassino em sérieâ€.
- Cheguei à mesma conclusão, - acrescentou Aida – depois de falar com a Maria Luiza, que trabalha lá na fábrica, e que descobri que é irmã do Adérito. Mas sempre viveram separados, e não tinha conhecimento de que ele praticasse esses crimes.
- Eu vou, à polícia, fazer queixa dessa louca. - disse Silvério -  Se não fossem vocês, podia ter-me matado.
- Peço desculpa, senhor Silvério.- afirmou Aida – Tente compreender. Otília, perdeu a mãe, quando era uma criança. Teve uma infância complicada. Só queria confrontar o criminoso, e assustá-lo. Fez uma avaliação errada. Duvido que o matasse. Esqueça. Ela foi muito castigada. Não adianta estar a fazer queixa.

JCorreia dirigiu-se para as traseiras da casa onde se realizavam as festas com meninas, como tinha combinado com Malanje. Este levou Irina para o primeiro andar, e a partir daí, caminhou por corredores que conduziam a uma escada exterior, de metal. Desceram até ao solo. Uma luz envergonhada, iluminava uma pequena faixa de terreno, junto à parede. Escondendo-se na escuridão, chegaram junto do muro. Malanje ajudou Irina a subi-lo. Do lado exterior JCorreia, segurou a jovem e desceu-a. Nesse momento, Malanje, pareceu-lhe ouvir passos, e antes de se virar, sentiu uma forte pancada na cabeça, e entrou num sono profundo. O detective levou Irina para o carro, e partiu em direcção ao Sul.

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« Responder #128 em: Agosto 05, 2021, 20:18:27 »

A escada de metal dava um outro romance. Era linda, mas foi vendida ao desbarato....
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outono


« Responder #129 em: Agosto 12, 2021, 18:57:29 »

LV

Protegidos pela escuridão, chegaram junto do muro. Malanje ajudou Irina a subi-lo. Do lado exterior JCorreia, segurou a jovem e desceu-a. Nesse momento, Malanje, pareceu-lhe ouvir passos, e antes de se virar, sentiu uma forte pancada na cabeça, e entrou num sono profundo. O detective levou Irina para o carro, e partiu em direcção ao Sul.
O descapotável do detective Correia foi posto à prova, e não desiludiu. Respondeu sem queixas à prova a que estava sujeito: sair rapidamente do local para Lisboa, para passar a ponte para a outra margem. Quando se aproximava da ponte, o detective notou no espelho retrovisor, um carro que lhe fazia companhia. “porra estou a ser perseguido†Infringindo regras de trânsito, acelerou ainda mais, sem conseguir despistar o carro que o seguia. Depois de passar a ponte, o carro perseguidor conseguiu aproximar-se e ligou uma sirene, fazendo sinais para encostar. Correia, resolveu obedecer, pois estava a pôr em risco, a Irina, muito assustada. Dois agentes da polícia, armados, saíram do carro e prenderam o detective, acusando-o de rapto da jovem que transportava.

Malanje acordou numa sala da casa de festas, com uma forte dor de cabeça. Abriu os olhos, e viu-se rodeado de imagens turvas, que se movimentavam à sua volta. Reparou que estava imobilizado numa cadeira. Uma figura corpulenta, aproximou-se, e perguntou:
- Já acordaste? Gostaste da soneca. Chegou a altura de dizeres quem és e para quem trabalhas, disfarçado de político angolano. Ou queres voltar a dormir?
- Não tenho nada a dizer,- respondeu numa voz entaramelada - procurando ganhar tempo, para pensar numa estratégia.
Uma mão grande e pesada atingiu-na na face. Sentiu que só conseguia abrir um olho.
- Deixa-te de merdas. Se queres sair daqui pelo teu pé, vamos fazer um acordo. É simples. Dizes para onde levaram a Irina, e libertamos-te. Troca por troca. Nada de novo, é um clássico.
Com o único olho operacional, Malanje começou a divisar as feições do homem que o interrogava. Divisou, também, entre quem o rodeava, uma figura feminina. Veio-lhe à memória a sua mulher, que o esperava, para umas merecidas férias. Não podia desiludi-la. Recorreu à sua experiência, como polícia, e percebeu, que só podia sair daquela situação, usando a inteligência. Não podia negar o óbvio: a sua participação na fuga de Irina.
-  Admito que queria levar a Irina. – confessou Malanje -Planeei a fuga, com ajuda do exterior. Não contava ser descoberto, mas já que o fui, rendo-me à evidência. Espero que não me fechem o outro olho, para vos puder conduzir, para onde ela vai.

Otília, ficou surpreendida com as explicações de Vitorino. Habituada à dureza da vida desde tenra idade, não conseguiu prender as lágrimas que teimavam em soltar-se. Olhou para Silvério Marques, e disse.
-Peço desculpa pelo que fiz. Deixei-me levar pela emoção. Agradeço a D. Aida, para quem tenho uma dívida, por me ter ajudado, mais uma vez. Não entendo é que necessidade tinha o Adérito, se sabia que ia morrer, de matar jovens, que podem não ter sido as responsáveis pela sua doença.
- É uma dúvida pertinente,- disse Laura – mas é muito difícil perceber o funcionamento da mente humana. E por mais teorias que se apresentem, é difícil entender como funciona a mente do assassino em série. Desde disfunções orgânicas, até processos de desenvolvimento, há várias explicações. Adérito passou por uma tragédia, que lhe pode ter moldado a personalidade. Agora que, com ajuda dos “inspectoresâ€, descobrimos o assassino, vamos encerrar o assunto.

JCorreia retirou da carteira o cartão de antigo subinspector da PJ, e disse aos agentes que não havia razão para usarem as armas. Tentou convencê-los, que a menina estava a ser usada por uma rede de tráfico de menores, para pornografia. Os polícias, insistiram que receberam ordens para os prender, e que iriam cumpri-las.
Ao dirigir-se, algemado, com Irina para o carro da polícia, viu aproximar-se a grande velocidade, um carro de cor vermelha, que lhe pareceu familiar. O carro só parou quando embateu na viatura policial. Correia viu sair do seu interior Batalha Romã, que perante a surpresa dos agentes, lhes apontou uma arma “mão no ar, ou disparo†ao mesmo tempo que lhes tirava as armas. A seguir imobilizou-os na viatura acidentada, e retirou as algemas ao detective Correia.
- Cheguei mesmo a tempo. - disse -  Já tinha saudades deste tipo de operações.
- Mas como sabias o que estava a acontecer?
- Esta conversa não existiu, entendes? – continuou Batalha Romã.
O inspector Bernardo Morais, com quem trabalhei, contactou-me para te ter sempre debaixo de olho. Tenho andado a seguir-te. Por isso não pude responder a um pedido de Laura. O Bernardo foi afastado do caso do tráfico de menores de Ãfrica, iniciado pela PJ do Porto, e sabia que tu e o nosso colega, recentemente aposentado, como é o seu nome (?) continuavam por conta própria. Teve que respeitar ordens, mas continuou atento. Não se deixa corromper, por essa escumalha exploradora.
- Referes-te, a Malanje? – perguntou Correia – Ele entrou na casa onde se utilizam as meninas e conseguiu entregar-me a Irina. Se a polícia me seguiu é porque se aperceberam da operação, e comunicaram à polícia. Receio pela sua vida.
- Pelo que sei, o Malanje, é especialista em sair de situações complicadas. Continua a tua missão. Sai daqui com a menina. Eu também me vou raspar, antes que cheguem reforços. O meu carro ficou amachucado mas é valente, não me vai abandonar. Vou dar conhecimento ao Bernardo, e ver se Malanje precisa de ajuda.

-JCorreia levou Irina para a vivenda de Aida. Rosalinda informou-o que Aida e Laura tinham ido para o Lumiar, onde Otília se preparava para se vingar de um suspeito do homicídio da mãe. Já me informaram, que está tudo controlado, e que vão regressar. Disseram-me que o ex-inspector Vitorino tem provas que identificam o estripador, e que este morreu, pouco tempo depois do último crime.
- Foi o que sempre defendi. - afirmou Joaquim – Um assassino em série, por norma, de acordo com os perfis conhecidos, não para de repente.

Batalha Romã, mandou uma mensagem,  ao inspector Bernardo Morais, para lhe dar conhecimento do que se estava a passar.

- Companheiro, o Malanje e o Correia, conseguiram tirar da casa de prostituição, uma menina. O Correia transportava-a no seu carro quando foi perseguido pela polícia. Consegui chegar a tempo de evitar que fosse preso. Mas Malanje ficou dentro da casa, para onde me dirijo. Gente poderosa está protegida por forças policiais. Se puderes ajuda-me.

O inspector Bernardo leu a mensagem. Sentiu-se manietado. Ao fim de uns minutos, breves, mas que lhe pareceram uma eternidade, chamou a sua equipa, e falou.
-Como sabem, fomos afastados da investigação do tráfico de jovens. Gente muito importante boicotou-a. Mas houve investigadores privados, ex-polícias, que avançaram. Entraram no covil dessas feras, e estão a fazer estragos. Precisam de suporte oficial. Que se lixe. Contra a hierarquia, vou avançar.
- Não o vamos deixar sozinho, Chefe. Melhor do que se lixe, que se foda. Qual é o plano.
- Partimos agora para o local, para chegarmos a tempo de os apanharmos.
- Mas se temos que entrar na casa, precisamos de um mandato de busca. Ou não? Perguntou o elemento, mais jovem da brigada.
- Perdidos por cem, perdidos por mil. Arranjamos o melhor mandato. Quem convoca a imprensa para o local?

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« Última modificação: Agosto 12, 2021, 19:02:41 por Nação Valente » Registado
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« Responder #130 em: Agosto 12, 2021, 22:47:34 »

A imprensa é sempre um bodo para curiosos... Avance a Imprensa
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« Responder #131 em: Agosto 20, 2021, 20:15:03 »

LVI
- Partimos agora para o local, para chegarmos a tempo de os apanharmos.
- Mas se temos que entrar na casa, precisamos de um mandato de busca. Ou não? Perguntou o elemento, mais jovem da brigada.
- Perdidos por cem, perdidos por mil. Arranjamos o melhor mandato. Quem convoca a imprensa para o local?

Porquê a imprensa, chefe?
- Porquê a imprensa? Em que mundo vives, Asdrúbal? Vê-se que és “maçarico†na polícia e analfabeto na sociedade…
Gargalhada geral
…Expliquem ao aprendiz,- disse o inspector sem conseguir conter o riso - o papel da imprensa, como caixa de ressonância. E vamos mexer-nos antes que os criminosos se ponham a andar.

Batalha Romã, ligou a Correia, para saber se a menina estava em segurança, e informar que a brigada de Bernardo Morais da PJ, se estava a dirigir para o local, para prender, para interrogatório, os responsáveis. JCorreia, deixou Irina entregue a Aida, que chamou seguranças da sua empresa, para as proteger. No seu descapotável, dirigiu-se, de novo, para a quinta. Na estrada marginal caia uma chuva miudinha. Acelerou. Queria chegar depressa para ajudar. Nem que chovessem picaretas (pensou) desistia. Quando chegou ao local a humidade agarrara-se-lhe á roupa, que se colava à pele, mas não se apercebeu. A adrenalina estava no máximo.

A brigada da PJ, saltou a vedação da quinta com as televisões a acompanhar a operação em directo. Quem se encontrava dentro do edifício foi apanhado de surpresa. Os prisioneiros, acusados de pedofilia, foram lavados para interrogatório. As meninas, depois de recolhidos alguns testemunhos, ficaram no local, sob a guarda policial. Malanje foi libertado.
JCorreia juntou-se a Batalha Romão e a Malanje, que prestavam declarações à comunicação social.
Na PJ, o inspector Bernardo Morais, foi chamado, com urgência, ao gabinete do Director. Ao entrar, notou que este, por natureza calmo, caminhava de um lado para o outro, em passos ruidosos, como se quisesse rebentar o chão, e desaparecer. Aproximou-se de Morais, agarrou-o, e disse:
- Inspector, desgraçou a sua vida e desgraçou a minha. Estava surdo quando lhe disse que estava afastado dessa investigação. O que lhe passou pela cabeça? Desobedeceu às minhas ordens, resolveu actuar por conta própria, e meteu a imprensa ao barulho. Aparece como herói nas capas de jornais, e depois?
- Acalme-se senhor Director. Está a exagerar. Contra a minha consciência, cumpri as suas ordens e abandonei a investigação. Continuou a ser feita por um detective privado, aposentado da PJ, e por outros seus antigos camaradas. Como é óbvio, não controlamos a sua acção. Apenas decidi intervir quando eles já tinham começado a operação. Teria sido um escândalo, se chegasse à comunicação social, a nossa inércia, num caso de tráfico de menores e de pedofilia. Devia estar grato com a  intervenção. Não quero ser herói, porque não sou. Todo o mérito a quem o tem, Correia e Malanje.

- Detesto detectives privados, a brincar aos polícias, mas adiante. Já lhe tinha explicado, que estava a ser pressionado, superiormente, para não intervir. Agora. que a bomba rebentou, começam a chegar os estilhaços. Estou a ser pressionado para me demitir, pelo poder político. E quando os estilhaços se forem diluindo, vão rolar cabeças. E você que ganha? Pensa que vai acabar com essas coisas. Sempre existiram, (veja o caso dos ballett rose) e vão continuar a existir. E não julgue que concordo. Estão no ADN da natureza humana.
- Fiz, com a minha brigada, senhor Director, o que tinha que fazer. Compreendo a sua posição perante as hierarquias, mas não o vou comprometer. Se for necessário, assumo a total responsabilidade.
- Deixe de inventar, inspector. Neste ponto da situação não há recuo. Estamos no mesmo barco e assumimos todos juntos, a borrasca, mas não tenha ilusões. A justiça irá actuar, e gente protegida pelo poder, de uma ou de outra maneira, irá safar-se. Têm bons advogados, e não se esqueça que a corrupção, está entranhada em todo o corpo social.
- Pode ser como diz, mas não podemos baixar os braços. A imprensa, embora com os seus exageros e oportunismos, vai mobilizar a opinião pública. O tráfico de menores até pode continuar, como diz, no entanto, mostrámos à sociedade, que cumprimos o nosso dever. A seguir, malou bem, é a vez dos tribunais.
No dia seguinte, em todos os jornais, o caso de pedofilia, era assunto de capa, com fotos de JCorreia, Malanje, e Batalha Romã.

PJ prende rede de traficante de menores, instalada no concelho de Cascais, com a preciosa ajuda de detectives privados.

JCorreia após o fim da operação informou Aida e Laura que estava no seu apartamento. Sentia-se exausto, física e mentalmente. Precisava de descansar. Estirou-se na cadeira longa, com vista para o Tejo. Depois daqueles dias alucinantes, reencontrou-se consigo. Era assim que se sentia bem. Só, mas ao mesmo tempo, acompanhado pelos seus livros e por aquela paisagem que não o cansava, e nunca lhe era infiel. Admitiu que a sua vida tinha mudado, mas interrogava-se se era isso que queria. Talvez a cigana Oriana estivesse certa, e no seu intimo sentia-se feliz no seu papel de solitário. Encheu um copo de wisque e saboreou-o em pequenos goles. Olhou o rio que adormecia, e expressou em voz alta os pensamentos que lhe roubavam o sono.
- Começo a estar farto de gatas. Foi bom reencontrar Aida, foi bom saber que tinha uma filha, e uma prima…
Um miado prolongado interrompeu-lhe as reflexões.
- Caramba, Judite, nem tinha dado pela tua presença. Não sei se protestas, nem se me percebes. Fica descansada, pois quando falei de gatas não te incluía. Tu és a única que não me arranja sarilhos.
- Trriiiim.
- Estou! Quem fala.
- A tua velha gata. Não me reconheces a voz?
- Não. És a Aida? Não parece.
- Qual Aida, qual carapuça? Sou a Irene, dos tempos do PREC. Vi-te na televisão, e nas capas dos jornais. Estás quase na mesma. Fiquei com vontade de te rever. Podíamos marcar um encontro?
- Irene, Irene, há quanto tempo! Tens estado num palco visível, ao contrário do meu. Tenho seguido a tua carreira, sempre a crescer. Outra gata. Estou rodeado de gatas. Parece Karma. Olha, como deves calcular tive um dia duro. Preciso descansar. Depois ligo-te.
- OK. Descansa guerreiro. Fico à espera.
JCorreia, bebeu um último gole. A imagem do rio desvanecia-se, suavemente.

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« Última modificação: Agosto 20, 2021, 23:07:47 por Nação Valente » Registado
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« Responder #132 em: Agosto 20, 2021, 21:31:20 »

Eu também estou cansada preciso de uma cama. Abraço
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outono


« Responder #133 em: Agosto 26, 2021, 19:43:03 »

LVII
- Irene, Irene, há quanto tempo! Tens estado num palco visível, ao contrário do meu. Tenho seguido a tua carreira, sempre a crescer. Outra gata. Estou rodeado de gatas. Parece Karma. Olha, como deves calcular tive um dia duro. Preciso descansar. Depois ligo-te.
- OK. Descansa guerreiro. Fico à espera
.
JCorreia, bebeu um último gole. A imagem do rio desvanecia-se, suavemente.
O azul rio, o bulício do porto, os barcos deslizando sobre as águas, foi a imagem que JCorreia viu, quando abriu os olhos, emergindo de um sono profundo. Na sua memória persistia o nome de Irene, e o seu telefonema. No seu acordar, algo confuso, não conseguia perceber, se o contacto de Irene, fora real ou resultara de um sonho. Consultou o telemóvel, e comprovou a existência da chamada. A antiga namorada voltara mesmo, depois de longos anos de ausência.
Levantou-se da sua cadeira de descanso, e foi à cozinha preparar o pequeno-almoço. Comeu fruta para desintoxicar dos excessos do dia anterior. Ligou para a casa de Aida. Era necessário ouvir Irina, e pensar no seu futuro. Atendeu-o Rosalinda.
- Olá Rosalinda. Posso falar com Aida?
- Não, porque ela saiu com Laura. Foram à fábrica. Eu fiquei com a Irina, e com um segurança, para o que der e vier.
- OK. Fico descansado. Sabes se já decidiram o que vão fazer com a Irina.
- Falámos com ela, e ficou decidido que fica connosco. Quanto às outras meninas, soube que vão ficar sob a tutela de uma instituição para menores. E tu como estás?
- Bem. Dormi como um anjo, mas ainda estou a recuperar. Volto a ligar.

Aida e Laura levantaram-se cedo. Queriam chegar antes da abertura da empresa. Receavam o primeiro encontro entre Otília e Maria Luísa, depois da atribuição do assassínio da mãe. ao Adérito, irmão de Otília. Avisaram o porteiro que quando elas chegassem, as encaminhasse para o gabinete da Direcção. Maria Luísa foi a primeira a chegar. Laura explicou-lhe o que pretendia. Sentada na secretária esperou que chegasse Otília. Quando esta chegou, Laura encarregou-se de a mandar sentar, num lugar previamente determinado.
- Mandei-as chamar, - disse Aida, recorrendo a uma atitude serena – para esclarecermos, como gente civilizada, os acontecimentos, relacionados com a morte da mãe de Otília. Quero deixar claro que me empenhei nessa tarefa, e que a conclusão a que os investigadores chegaram, a atribuição do crime ao irmão de Maria Luísa, não lhe atribui a ela nenhuma responsabilidade.
- Eu sei que ela não foi a assassina. – disse Otília, sem olhar para maria Luísa -Nem ia culpá-la disso. Mas quando a olho, não consigo dissociar que é irmã, do homem, que matou jovens que não lhe fizeram qualquer mal.
- Sou irmã do Adérito e sou a primeira a condenar o que ele fez. - disse Maria Luísa, sem conseguir segurar uma lágrima teimosa -  Sou mais velha, e desde muito jovem, fui servir para casa de pessoas da cidade. Foi por isso que não fui arrastada pelas cheias de 1967. Enquanto a minha mão viveu, procurei estar presente para a ajudar. O meu irmão, sempre o conheci como uma pessoa solitária. Depois da morte da minha mãe deixámos de conviver. Ele não queria qualquer ajuda. Vivia sozinho, trabalhava num armazém da zona onde habitava. Quando adoeceu com SIDA tornou-se ainda mais taciturno e revoltado. Nunca imaginei que fosse capaz de cometer esses actos bárbaros. Se o fez, embora nada adiante, peço desculpa.
- Não te esqueças Otília, -disse Laura - que a minha mãe te acolheu nesta casa, quando passavas um mau bocado, da mesma forma que recebeu a Maria Luísa, quando foi dispensada pelos patrões, e não tinha para onde ir. Era irmã de Adérito, porque foram filhos dos mesmos pais. Nada mais os ligava. O que nós pretendemos é que não dupliques o assassino. Está morto. Maria Luísa, como tu, luta para sobreviver. O que queremos é que, nesta empresa, se respeitam. Maria Luísa já te pediu desculpa, e não tinha que o fazer. Se bem a conheço, também está chocada. Vamos encerrar este assunto.
- Devo muito a Aida, e respeitarei a sua vontade. Nunca pagarei o que fez por mim. Conheceu a minha mãe e procurou saber quem a assassinou. Descobriu, e encerrou-se a assunto. Ainda não o fiz na minha cabeça. Vou tentar, mas não será fácil.

JCorreia tinha a mente ocupada com a lembrança de Irene. Rememorou, o dia em que a conheceu. Foi em 1973, durante as últimas eleições no modelo salazarista, que persistiram depois da morte do ditador. Tratava-se de eleições de faz de conta, que o novo governo realizava para dar a impressão que abraçara, de corpo e alma, a democracia. Joaquim Correia, decidiu dar a sua colaboração à coligação antifascista, que se formou para disputar essas eleições, contra o sistema. Costumava aparecer na sede da oposição a oferecer os seus préstimos. Numa noite, quando entrou no local, reparou numa jovem, com um aspecto desinibido, que também lá estava. Pouco depois um dos coordenadores apareceu para entregar uma tarefa. Estavam presentes ele e Irene.
“Vocês querem ir entregar um comunicado à comunicação social?â€
Receberam uma lista de estações de rádio, para fazer a entrega. Irene utilizou o seu mini cooper, e conduziu-o pelas ruas da cidade. Correia encarregou-se de entregar, o comunicado. Durante o trajecto, foram trocando palavras de ocasião.
- Chamo-me Irene, e estou a começar uma carreira de actriz. Seguindo uma tradição familiar e por convicção, quero dar o meu contributo, para o fim de quarenta anos de ditadura. É tempo desses filhos da puta prestarem contas.
Algum tempo depois, ainda voltaram a estar juntos numa acção de campanha no Rossio, na companhia do poeta Ari dos Santos, a distribuir flores vermelhas aos transeuntes. A tarefa política foi interrompida pela política que os obrigou a abandonar o local.
No ano seguinte, já a ditadura tinha caído, Joaquim quando ia a subir as escadas, que levavam à casa onde estava hospedado, Joaquim, deu de caras com Irene que as vinha a descer.
-Irene, que surpresa?
-Digo o mesmo. Por acaso, não me andas a perseguir?
-Impossível. Moro aqui. Mas não me importava. Era sinal que tinha bom gosto.
- Eu também, moro aqui. Aluguei há dias o terceiro andar esquerdo.
A partir desse encontro, a relação entre Joaquim e Irene, foi-se cimentando, passando de uma simples amizade, para uma paixão escaldante, que terminou quando as opções políticas se tornaram insanáveis.
JCorreia, pegou no telemóvel para ligar a Irene e viu a mensagem que lhe enviou Malanje.

   Já estou no Porto. Desculpa esta saída à francesa, mas a minha tarefa aí, acabou. Os meliantes estão entregues à justiça, como deve ser. Não esqueço a tua preciosa colaboração. Tive de regressar de imediato, para não correr o risco de a patroa, me pôr a mala à porta. Com mais calma, espero que voltaremos a conviver.

- Olá Irene. Pensei na tua proposta e aceito o convite para jantar.
- Não me desiludiste. Era o que esperava. Pode ser hoje. Se concordares, vou fazer a marcação.
-Para onde vais marcar?
- É surpresa. Depois mando-te o roteiro.

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« Responder #134 em: Agosto 28, 2021, 22:58:50 »

Mande, mande, que eu às vezes perco-me...

Abraço
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Novembro 10, 2022, 20:29:08
Boa noite!
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Setembro 05, 2022, 13:38:48
Boa tarde
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Boa tarde a todos.
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Boa tarde a todos.
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