marcopintoc
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« em: Setembro 28, 2008, 01:08:35 » |
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Tu ! Sim! Tu aà com os olhos pregados no monitor ou no papel. Voltaste? Voltaste ou és novo nas crónicas do motel? Se fores um virgem leitor recebo-te e aviso-te. Estás em local de histórias de prazeres profanos. Se não...Bem-vindo(a) de novo, criatura de prazeres obscuros. Tira a roupa e acaricia-te obscenamente. Voltemos ao motel... O carro que pára na recepção... Ou talvez não... Vamos encontrar Vitalino, português genuÃno, nascido nas beiras, vindo para a cidade por força das fomes. Fomes ? Sim, fome de trabalho, fome de vida, fome de animação e movimento. Vitalino é o faz-tudo do motel. Repara as lâmpadas fundidas, as fechaduras encravadas, a cama que se partiu por cavalgada heróica de corpos em êxtase, a televisão que só transmite estática em vez da pornografia que foi contratada pela gerência. É feio, feio como a merda , feio como ...tudo. Pensavas que ia dizer caralho ???? Talvez , mas desses há daqui em sobra no motel. Por isso limitemos a fealdade de Vitalino ao absoluto do horrÃvel. Vive só Vitalino, quarto alugado, colecção de revistas pornográficas em mala oculta debaixo da cama. Fode???? ...sim ...Fode com Euros pois jamais houve mulher que se abrisse para ele de livre vontade e dissesse : - Tem-me. ou ... -Faz-me um filho. Ou.... - Ama-me. O narrador parece-te estranho hoje? Ignora ! Estás no motel ...tudo é permitido ..excepto crianças e cadáveres. (Respira, Respira. Estás demasiado embrenhado (a))
Vitalino contempla com um interesse muito interessado o carro que acaba de parar na recepção. MatrÃcula recente, bem lavado, alta cilindrada, lá dentro...três. São três. Bruno , Marta e Vera. Sejam bem-vindos ao motel Um dia ,Vera disse : - Vamos fazer um trio com o teu namorado. Marta olhou, desconfiada, e replicou: - Queres come-lo? Vera negou: - Não .A vocês os dois Marta gostou e falou. Bruno escutou e quis também: - Mas sem preservativo. Marta concordou, Vera acumulou três meses de desejo e um teste HIV. Hoje vieram para o motel. Olha para eles. São lindos, tão lindos. Entraram. Para a suite 9. Cama redonda e grande. Muitos espelhos. Nas paredes e tecto. Vitalino viu e agradeceu a Katya, recepcionista romena que sempre o nega. - Dá-lhes a 9 – disse Vitalino - Sim – disse Katya – vai-te embora, embora por favor – não suporta o odor a agua de colónia barata e o enchumaço eterno dentro do fato-macaco. Vitalino foi. Tinha uma tarefa. O carro está parado. Dentro da garagem. Sobem os três para o quarto; Marta, Bruno e Vera. Beijam-se . Ele beija-as, elas beijam-se. Tanto desejo no ar. Desejo ? Não! Tesão No corredor cruzam-se com uma empregada de andares, gorda , mulata, velha para os seus padrões, Vera pergunta a Marta : - Comias a cota ? Marta diz: - Não , por amor de Deus , é horrÃvel . A empregada pensa ( chama-se EloÃsa) : « Mauricinho filho da puta» Agora. Dentro do quarto. Vejamos. As roupas que se vão . Três corpos esculturais, totalmente depilados; desejo assegurado. MDMA e Viagra. Luxúria que perdurará. Vejamos. As fêmeas quase anoréxicas, parcos seios, finas pernas. Ele, musculatura cuidada, tempo de ginásio, o pai paga. Olhemos, lÃnguas e mãos, todos trocados, quem é ela , quem é ele ? Quem são ? Suspiros. Desejo. Marta diz: - Está tão na moda fazer em grupo. Erecto , animal, ele diz: - Sim amor, vamos ser “swingers†Calada , Vera pensa: « Vamos morrer de prazer» Lá fora Vitalino escuta e vê. Nos espelhos , ocultas , obscenas irmãs de Orwell , as câmaras esperam. Continua a dança, quÃmico devaneio. As câmaras enxergam. Tudo. Vitalino também. No seu escritório, minúsculo e sujo, no computador, no ecrã, o baile de corpos prossegue. Olhemos também. O pasmo de Marta quando a lÃngua entra em sÃtio de que não era sÃtio de lÃngua de mulher. O olhar fixo de Bruno nos corpos fêmea enrolados em caracol e na azáfama. E Vitalino vê, não aguenta, o dedo clica e o olho electrónico das câmaras abre-se ao mundo. Câmara 1 Os olhos de Marta cerrados, o rubor na face, o grito prestes a eclodir. Câmara 2 O labutar de Vera dentro de Marta. Aonde o prazer é mais intenso Câmara 3 A perspectiva geral. A fila do devaneio. Marta escancarada, Vera ajoelhada , Bruno por trás . Os corpos em sincronia. Dentro, fora , Dentro , fora...Mais depressa. E Vitalino vê, E eles miram , Como gigantescos olhos de Medusa as câmaras pulsam. Os seus furores eléctricos propagam-se, para lá, para longe, para a rede.
Para eles verem. Para eles se tocarem. Em Bragança no frio transmontano, em Pequim, no Rio , em Faro antes de se ir para a faina do mar, em Lisboa , em Londres , em Paris,Praga, Tóquio antes do Nikeei abrir , Nova Iorque depois da derrota dos Knicks; lá , em frente aos seus solitários monitores todos miram . E amanhã Amanhã, alguém vê e diz - São as vacas do quarto ano de Direito Alguém se exalta e profere: - Este tipo andou comigo no futebol Alguém copia , “sampla , “maila “, grava , “youtuba†E todos sabem e todos dizem: - Puta, vaca , lésbica de merda ....
Meses depois: Bruno fanfarrona perante uma audiência fascinada após o quarto “drinkâ€. Marta parte para um MBA, longe , onde não haja Internet. Vera; Vera salta do décimo andar coberta de vergonha E Vitalino? Esse espera, Que mais três beldades venham à suite 9.
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