vitor
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Olá amigos.
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« em: Outubro 31, 2008, 11:15:07 » |
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O rastilho seco desta bebedeira inocente no limiar da verdade, quando se corta no horizonte sensÃvel do mergulho vasto de si, con-tra os seus próprios devaneios no grito avulso da espingarda que explode num dia certo o sangue das veias. Ou que rios molhem este destino infecundo, este constante ser natural de noites lisboetas num rumo trivial, de portas abertas e fechando-se nelas, sorvido entre copos vazios a lezÃria o leve, num assopro interior e de despudor, a mesa ao canto que me senta sobre si e me agarra a mão, de estalidos, os dedos vingam lentamente cada estalo de contracção a própria vida. Desprendo-me por isso, e por aÃ, solto vagarosos sorrisos nesta lentidão de escrúpulos. Esfacelar lentamente cada movimento num girar atónito, crio em mim um espanto que a mim mesmo confunde, este contorcer-me sem origem, por dentro, na orla dÃspar daquilo que sejam apenas sensações possam na verdade ser reais, e nelas, eu, num olhar abrupto e de sorrisos sádicos como tantas convém, ou porque o grito me desperte o olhar ainda, Pandora, como se a vida fosses, e em ti tento buscar-me, perder-me salutarmente nas esquivas efusivas do teu bamboleante caminhar e beber-te sóbrio, como tantas penso estar, os lacrados e sugados beijos arranjados ao acaso, sei lá já, nada saberei como tantas vezes me presumo sentir, e disso, ou nisso, apenas este especar ambulante da minha própria consciência nos fecundos mares da noite mais sincera. Um corrupio súbito sempre constante. Uma viagem sem margens desta fronteira causticada nos escombros vertiginosos de uma qualquer mão a que me apegue, num jeito sem jeito nenhum, tento disfarçar as minhas lacunas, e nisso nunca falo, sabes Pandora, faço-o comigo, sempre que possas não ouvir-me, não me compete inferiorizar-me perante tanta verdade no teu rosto indecifrável, de faces alargadas a maresia de chumbo dos meus mais antigos pressentimentos, custe o que custar, nada direi que possas ferir-te, basta de gritos nesta casa sem rumo! É nisto que a vida me torna, sabes, um alojado de coisa alguma que vibra os corredores do passado num alucinar frequente, que incomoda, perturba, faz das coisas a mais insignificante que seja, rasgar a pele contra luas adormecidas num instante, como este, como a noite de hoje, sem os corpos se tocarem na verdade, como se tudo me levasse a lado algum, não, por aà não vou, garanto, fico, nem que seja numa paragem fictÃcia e correr sem destino, como quando num campo de batalha os soldados perdem o rumo do seu medo, e já nada temem, a morte fatÃdica nasce a cada segundo, como morrer queimado por dentro. Mais que a própria vida, o que dela restar. (...)
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