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Autor Tópico: A fotografia (continuação)  (Lida 1227 vezes)
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Pedro Ventura
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« em: Dezembro 10, 2008, 22:18:05 »

Não obstante terem casa montada e um amor bem alicerçado, nem tudo foi um mar de rosas para António e Benedita Candeias. A vida da terriola sempre abarcou várias dificuldades a quem nela coabita, e este par não fugiu à regra. Sobretudo quando, no vigor da idade e no fulgor da bucólica paixão, o baixo-ventre de Benedita começou a ficar túmido, uma, duas, três, quatro vezes, e, no espaço de cinco anos, desataram a nascer em catadupa os rebentos do casal. Todas mulheres. Glória, Rosa, Constância e Deolinda Candeias, por esta mesma ordem cronológica. Desde então, António Candeias passou a ser alcunhado entre a populaça por António das Quatro, por serem quatro as suas filhas. Estas, apesar de bem-vindas, foram uma espécie de tentativa gorada na esperança de que nascesse um filho homem, um rapazola de mãos largas e possantes como as do seu pai, que António Candeias tanto almejava. Pois assim não quis as leis da natureza. Para Benedita até se tornara numa espécie de alívio, assim, pensava ela, não tinha de ficar com o coração na boca se algum dos seus filhos, acaso nascessem homens, tivessem de ser chamados a cumprir serviço militar ou até mesmo se os obrigassem a ir para a Guerra do Ultramar, como foram tantos os moços imberbes que, arrancados às famílias e à terra, foram obrigados a empunhar uma G3 e a expor a sua inocente juventude naqueles solos ignotos, impregnados de medo, morte e lágrimas. As quatro raparigas iriam ser anos mais tarde, depois de desabrocharem, depois das pernas começarem a ficar torneadas e as sinuosidades do peito intumescerem, um regalo para as vistas dos moços da aldeia. Quando saíam ao Domingo para ir poisar os delicados joelhos, intocáveis ainda por mãos mal intencionadas, no genuflexório e rezar a Deus, todas aperaltadas e escoltadas pelos progenitores, era ver os rapazes todos em sentido, de cabelinhos colados à cachola, risco ao lado ou ao meio conforme o gosto, as camisas de colarinhos pontiagudos abotoadas até ao pescoço, calças de sarja a deixarem avistar a meia branca, sapatos engraxados, como se passasse uma alta patente em vistoria, disfarçando os olhares cobiçosos e ocultando os pensamentos pejados de malandrice. Depois das quatro do casal Candeias passarem, acotovelavam-se uns aos outros, entre risinhos cúmplices e cochichos maliciosos. Na igreja, depois de fazerem o sinal da cruz, de olhos arredados do altar, os rapazes concentravam-se nas suas preces. Preces estas, que fugiam a quaisquer motivos religiosos.
Todos os partos de Benedita foram assistidos pela D. Casemira, que era a improvisada parteira da aldeia, mas que com o seu traquejo, sem qualquer ensinamento precedente, sem qualquer diploma, foi levando as suas inúmeras chamadas, o acuda-me, o S.O.S que se rogava aos gritos de boca em boca, a casa das mulheres cheias e gemebundas, como uma séria profissão em que a paga do serviço não se fazia em numerário, mas sim em géneros. Um presunto, alguns litros de azeite ou vinho, um coelho ou um galo, um anho ou um cabrito, o que houvesse de melhor em cada lar, como forma de agradecer o milagre da vida. A sua popularidade, o seu bom-nome e as suas faculdades, estendiam-se a todos os povoados limítrofes. Não chegava os dedos das duas mãos para contar os rebentos que puxou para a vida. Mas chegava os cinco dedos de uma, para contar os que vieram sem ela, e as mães que se ficaram devido às inestancáveis hemorragias, perante os pais e maridos incrédulos e as lamentações da socorrista que em pranto dizia, que se a tivessem chamado um nadinha antes a desgraça evitar-se-ia. No caso dos quatro partos de Benedita Candeias, apesar do susto da primogénita, Glória, tudo correra de feição. D. Casemira tinha a particularidade de por vezes embaraçar e deixar ruborizados os catraios com alguns pormenores dos seus nascimentos. Que um tinha chorado que nem um bezerro desmamado, que outro tinha-a borrado toda, coisas do género. D. Casemira padecera já muito velha, adunca e enrugada (conseguira a proeza de ser a única mulher centenária na aldeia), contudo, deixara o seu legado, os seus dotes, o seu saber, à sua filha mais velha que jamais desprezou a aldeia enquanto esta precisou de si, como se tivesse impresso no seu subconsciente a ideia de missão a cumprir. Todavia, anos mais tarde, com as evoluções no ramo da medicina, das novas instalações hospitalares da vila (a evolução é inimiga dos costumes, mas neste caso é bem vinda), e sentindo-se dispensável na aldeia, seguiu o seu destino e formou-se em enfermagem, já adulta, pois nunca é tarde para se perseguir um sonho, na cidade Invicta. Seria um orgulho para a D. Casemira sua mãe vê-la de bata branca, se ainda se encontrasse entre nós, mortais e efémeros seres.
Como as moedas tinham de entrar em casa e não vinham bater à porta, António e Benedita Candeias viviam da mão-de-obra que empregavam na terra dos demais, quando eram solicitados para as vindimas por exemplo, e da sua parcela de chão fértil onde cultivavam com gosto e prazer, batatas, couves, abóbora, feijão verde e encarnado, alfaces, ervilhas e favas, cebolas e tomates, pimentos e pepinos, um pouco de tudo, por assim dizer, ou para se ser tecnicamente mais correcto no termo, viviam da sua policultura. Desta forma, iam subsistindo. O pouco dinheiro que iam granjeando, servia para comprar aquilo que a terra não podia dar. O petróleo para as candeias que faziam a vez da luz eléctrica que só ali chegara anos mais tarde devido a burocracias municipais da vila que tutelava a aldeia, o arroz, as massas, o café de cevada, o açúcar e o sal, o peixe, essencialmente a sardinha e o carapau, os mais acessíveis às bolsas da plebe, que, uma vez por semana, ao sábado, vinha do litoral e percorria centenas de quilómetros numa furgoneta para chegar àquele lugar recôndito. O peixeiro entrava na povoação a buzinar, estacava no largo, e os catraios, largando as brincadeiras que os ocupavam, corriam ao seu encontro a ver quem conseguia ficar com a corneta que o homem do pescado erguia no ar. O petiz felizardo (por ser o mais alto, era quase sempre um rapaz chamado Óscar, a ficar com a corneta), às pressas dava o giro à aldeia a soprar o instrumento, avisando os habitantes que o vendedor chegara, e no final, com os bofes de fora de tanto esforço, tinha como recompensa a melhor sardinha ou o melhor carapau. À mesa da maior parte das famílias, a iguaria era distribuída de uma forma arrepiantemente racionada. Uma sardinha para três (quantas pessoas não verbalizam ainda hoje estas palavras, quando em conversa se confrontam duas gerações bem distintas) ou um carapau para quatro, tal dieta forçada. Certa vez, tornado a casa, dono e senhor de uma gorda e fresca sardinha que o peixeiro lhe retribuiu como prémio. Para seu espanto, não se encontrava ninguém em casa. Pensou ligeiro, jogou uma pitada de sal no pescado e pôs-se a atiçar umas brasas na lareira para gozar do acepipe que lhe fora oferecido. Cortou um pedaço de broa de milho e meteu a sardinha a crestar. Inesperadamente, entra-lhe a mãe em casa e pergunta-lhe o que fazia de volta da lareira. Respondera-lhe, ingenuamente, que fazia umas brasas para assar a sardinha que ganhara do peixeiro. A mãe, numa voz autoritária ordenou-lhe que apagasse o lume. Se havia uma sardinha em casa para comer, teria de esperar pelos seus quatro irmãos que também eram filhos de Deus. E assim foi. O pedaço de broa de milho voltou ao lugar de onde tinha saído e a sardinha acabou por ser dividida à mesa, à hora de jantar, por todos os quatro irmãos do grande Óscar, o rapaz da corneta, que ainda hoje deve estar com aquela aguadilha na boca. Mas assim era nesses tempos, a miséria, se a havia, tinha de ser repartida por todos. 
O que sobejava dos ganhos de António e Benedita Candeias, era arrecadado na instituição bancária, que é o mesmo que dizer debaixo do colchão de palha, e tinha como fim a compra dos primeiros animais de criação que viriam mais tarde a ser uma fonte de sustento para a copiosa família. E agora, com mais dois pares de bocas a pedir alimento, o dinheiro tem de provir de algum lado.
As necessidades dos Candeias foram as comuns entre os habitantes do sítio. O andar descalço pelos campos ao frio e à chuva (sapatos só aos domingos para ir à missa) que na idade adulta se reflectiria nos ossos, a carência de vestes para todas as filhas (muita da roupa era oferecida pelas gentes mais abastadas e servia de umas para as outras), o pão de semanas e muitas das vezes bolorento, etc. Como a evolução da qualidade de vida do meio era tão imperceptível, as condições que os pais passaram foram idênticas às que as filhas foram sujeitas. Mas alguma coisa evoluiu nestas raparigas e nos da sua geração: as ganas de zarparem dali para fora, da pasmaceira como diziam, na ânsia de uma vida nova, uma vida de sonhos e aspirações, que lhes piscava o olho e chamava noutras latitudes. E foi pela mesma ordem que nasceram, que todas elas, depois de terminarem a escolaridade obrigatória que o Salazarismo impunha, abandonaram a terra que as criou.
A primeira, Glória, mais objectiva e determinada quanto ao seu futuro, foi a que rumou para maiores distâncias. Emigrara para França com o marido que já levara da terra, um derrete antigo, arranjara trabalho como empregada de balcão num café Parisiense trés chic, como fazia questão em afirmar, estabelecera-se, e convertera-se na típica emigrante que vinha em Agosto no seu Mercedes de cor vistosa, ano sim ano não, passar as férias a Portugal junto dos que mais estimava e rever amigos da sua mocidade, outros filhos da terra que, como quem não quer a coisa, mostravam a sua nova opulência, os carros com os seus vidros fumados e aleirons, os cordões e anéis de ouro, quiçá fretados para que a fachada fosse mais persuasiva quanto à condição social, ou até mesmo pechisbeque, na festa do emigrante que não passava de um bailarico no largo da igreja, onde em cima dum atrelado de tractor, que fazia de palanque, se ouvia a tocar modinhas populares ao som da concertina. Dançavam e rodopiavam uns com os outros, olvidados de que lá fora laboravam no duro (talvez esse fosse o real objectivo destas reuniões). Era nessa altura também, que a procissão a Nossa Senhora de Fátima saía à rua depois das várias disputas para pegar no andor que deixaria os ombros dos carregadores vincados, primorosamente ornamentado pelas beatas mais convictas, as beatas que tomavam a casa de Deus como sua. Estes eram praticamente os únicos acontecimentos que faziam desmonotonizar o ritmo da povoado. Glória conseguira comprar uma fracção de terra na aldeia e começara a levantar uma vivenda de rés-do-chão e primeiro andar onde fazia a intenção de passar o resto dos seus dias, quando regressasse definitivamente, de bolsos cheios e com negócio em vista, na companhia do marido e dos dois filhos que articulavam melhor o francês do que a língua paterna.
Já Rosa, optou por Lisboa. Largara sozinha a aldeia, unicamente com as vestes que levava colada ao corpo, todavia, assim que juntou uma maquia, enviou-o à irmã Constância com uma carta que lhe dizia para se meter na camioneta e vir ter com ela, que cabiam as duas no quarto que alugara, lá para os lados do Aqueduto das Águas Livres, em Campolide, de onde se vislumbrava a arcaria da monumental obra que D. João V mandou erguer. E assim foi. Constância recebeu o seu ingresso de emancipação e no dia seguinte, mal o astro-rei abrolhou, jornadeou a pé, sem parança, os doze quilómetros até à vila, por montes e serras, por caminhos de cabras, a cortar caminho para ser mais presto, com os seus sapatos domingueiros que jamais trilharam tais irregularidades geográficas, meteu-se na primeira camioneta do dia e foi ter com a sua mana à capital alfacinha, à cidade de todas as esperanças. Ambas, depois de lavarem muitas escadas, de servirem em casas de donas ricas, depois de comerem o pão que o Diabo amassou, depois de muita fominha, conseguiram trabalho nos Hospitais Civis, onde a fome deixara de ser problema e onde conheceram os maridos que andavam na mesma peleja. Um que tinha costela Alentejana e outro Beirã. Casaram depois de várias indecisões, de quem fica com quem, de quem gosta de quem. Sempre mais unidas, por viverem na mesma cidade, depois de alguma estabilidade, todos os anos os dois casais metiam-se às estradas ziguezagueantes do norte, no Ford Anglia de sessenta e três que Rosa comprara às pagelas mais o esposo e faziam uma visita aos pais. Para chegarem àqueles confins, demoravam doze horas de alcatrão, já contando com as inúmeras paragens para deixar o vetusto automóvel arrefecer e dar-lhe de beber, não fosse dar o badagaio numa dessas estradas no meio do nada e onde a paisagem nos engole. Hoje em dia as duas fazem parte dos quadros da função pública e tem uma vida dita normal.
A mais rebelde das quatro, Deolinda, fugira para Vigo sem dar cavaco a ninguém e por lá estivera uma porção de anos sem dar notícias aos inquietados pais que não sabiam do seu paradeiro. Um dia lá se lembrou que tinha família e lá se dignou a redigir umas linhas, que de tão escassas mais pareciam um telegrama fugidio. Dizia que arranjara uma boa ocupação, que estava bem na vida, que tinha um marido carregado de bago, que os pais já eram avós e que um dia desses aparecia por lá para lhes apresentar a neta que já contava quatro primaveras. Todavia, as palavras que redigira aos velhotes ocultavam outras verdades. Na realidade a filha mais nova dos Candeias, talvez por algum recalcamento no seu âmago, por ter ficado sozinha, sem as irmãs, e ter sido a última a ter deixado a terra, dedicava-se à vida e o marido não ganhava boas massas, ela é que o sustentava a ele e ao seu vício da droga e do jogo ilícito em caves clandestinas e enfumaradas. A única verdade que ela não escondeu aos pais, foi a de que tinha uma filha. Hoje em dia Deolinda vive em Valença, portas meias com o Rio Minho, na fronteira com Salvaterra, o marido faz parte do passado que não lhe deixa saudades e trabalha numa gasolineira de boné na cabeça.
Este foi um retrato conciso das quatro irmãs, filhas de António e Benedita Candeias, que depois de tantos anos sem se verem só se voltaram a reencontrar pelo pior dos motivos, aquando anos mais tarde, foram levar o pai a enterrar. O que leva a crer que a morte separa mas também junta.
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Bom dia. Para todos um FigasAbraço
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Sejam bem vindos às escritas!
Agosto 14, 2023, 16:52:48
Boa tarde!
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Bom Ano! Obrigada pela companhia!
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Entrei para desejar um novo ano carregado de inflação de coisas boas para todos
Novembro 10, 2022, 20:31:07
Partilhar é bom! Partilhem leituras, comentários e amizades. Faz bem à alma.
Novembro 10, 2022, 20:30:23
E, se não for pedir muito, deixem um incentivo aos autores!
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Boas leituras!
Novembro 10, 2022, 20:29:08
Boa noite!
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Brevemente, novidades por aqui!
Setembro 05, 2022, 13:38:48
Boa tarde
Outubro 14, 2021, 00:43:39
Obrigado, Administração, por avisar!
Setembro 14, 2021, 10:50:24
Bom dia. O site vai migrar para outra plataforma no dia 23 deste mês de setembro. Aconselha-se as pessoas a fazerem cópias de algum material que não tenham guardado em meios pessoais. Não está previsto perder-se nada, mas poderá acontecer. Obrigada.

Maio 10, 2021, 20:44:46
Boa noite feliz para todos
Maio 07, 2021, 15:30:47
Olá! Boas leituras e boas escritas!
Abril 12, 2021, 19:05:45
Boa noite a todos.
Abril 04, 2021, 17:43:19
Bom domingo para todos.
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Boa semana para todos.
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Boa tarde a todos.
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Boia noite para todos.
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Boa noite feliz para todos.
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Boa noite feliz para todos.
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Bom domingo para todos.
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