A poesia como objecto de expressão artística sugere-lhe outras artes associadas, ou entende a poesia como uma expressão artística, perfeitamente estanque e individualizada? (Dionísio Dinis)
A satisfação de ver o poema em papel impresso poderá determinar o fim do percurso do mesmo ou, poderá o poema ser um acto de escrita em construção permanente? (Dionísio Dinis)
Pensa existir no universo de poetas do "Escritartes" gente com valor e "direito" a serem publicados e, se sim, pode mencionar alguns autores? (Dionísio Dinis)
O Escritartes deu-lhe algo em termos progressivos, como pessoa e na escrita? (Dite Apolinário) Sim... Apesar de ainda me considerar uma "caloira" neste espaço, tenho sido tão bem acolhida que é impossível não sentir desde já um carinho especial pelos membros do Escritartes. Tenho um enorme respeito pelos fóruns literários e pelo trabalho de união que espaços assim promovem entre pessoas que têm a paixão da escrita e da leitura. Desde que comecei a escrever, que aprendi a ter coragem de mostrar as minhas palavras às pessoas através de comunidades literárias e foi assim que eu ganhei força e incentivo para continuar agarrada à folha de papel. O Escritartes é um espaço de partilha, de convívio e sobretudo de amizade entre seres humanos apaixonados pela alma e pela sensibilidade... só me poderia dar muito quer seja como pessoa ...quer seja na escrita...é uma fonte de inspiração e eu só tenho que agradecer por isso. Escreve... Porque... (Dite Apolinário)
Tem em mente, alguma proposta a fazer ao Escritartes, para o melhorar? (Dite Apolinário)
Como descobriste a tua vocação para a poesia? queres falar-nos do teu percurso poético? (Conceição Bernardino)
Mas desde miúda que adoro escrever... sempre tive esse bichinho dentro de mim e era um bichinho que se alimentava também da representação. Acho que sempre fui uma pessoa com expressividade...Tive pena de nunca ter seguido esta vertente profissionalmente, apesar de algumas experiências amadoras que tive. Podemos ter todos os sonhos do mundo, mas nem sempre os conseguimos realizar a todos, não é verdade? Mesmo assim, sinto-me uma pessoa particularmente sortuda neste aspecto... porque sonhei e algo já aconteceu desse sonho. Mas voltando à tua pergunta Conceição... este gosto pela poesia foi descoberto quando me apaixonei pelos poemas de um amigo meu. Fiquei encantada com a capacidade que ele tinha de mostrar o que sentia com a poesia. Apesar de gostar imenso de ler Florbela Espanca, Pablo Neruda e outros poetas, nunca tinha experimentado a poesia e, quando li esses poemas , não resisti e comecei eu mesma a tentar passar os meus sentimentos para o papel. Inicialmente, era um pouco tímida a escrever e disfarçava um pouco as emoções, mas fui ganhando coragem e as palavras foram fluindo e surgindo com mais naturalidade. Depois, houve um momento menos bom na minha vida que me "obrigou" a encontrar uma forma de conseguir paz e serenidade dentro de mim e a folha de papel foi, sem dúvida, a minha salvação e só devido a ela me ergui de novo para a vida. Devo cada sorriso por mim conquistado à poesia e tenho uma dívida para com ela que sinto que terei que pagar eternamente... mas não me importo! |
Sendo o mundo literário muito expansivo entre escritores de poesia, temes o factor concorrência? Sentias medo se alguém te pedisse ajuda como se pode editar um livro e que editoras procurar? (Conceição Bernardino)
Não tenho que temer o factor concorrência, porque é algo que existe e não dá para ignorar... No entanto, não considero que esteja num patamar literário onde a concorrência seja importante...Costumo dizer que ainda sou uma formiga como escritora... e se um dia chegar a ser uma formiga com um grão de arroz na barriga, já me posso sentir muito satisfeita por isso. Por enquanto, o meu maior prazer é sentir que as minhas palavras têm as asas que eu gostaria de ter e que por isso vão conseguindo viajar pelo coração de algumas pessoas. Agora até onde é que essas asas vão levar as minhas palavras? Isso já depende da sorte e sobretudo da paixão com que elas voam. Quando à tua outra questão...não, não sentia medo se alguém me pedisse ajuda para saber como editar um livro, porque já mo fizeram. Já existiram pessoas que se dirigiram a mim a perguntar se eu as podia ajudar a encontrar uma editora e o que deviam fazer para serem editados. E é claro, que tive todo o prazer em aconselhar essas pessoas baseada nas experiências que já tive onde e como procurar uma oportunidade no mundo da escrita... mas sobretudo alertei essas pessoas que nem tudo eram mares de rosas e que deviam informar-se de todos os seus direitos como autor. Considero que os meus erros devem servir para evitar que outros os cometam por desconhecimento… ou, pelo menos, para alertar outros para a existência da possibilidade de serem cometidos erros simplesmente por sermos demasiado inocentes e crédulos nas pessoas que surgem louvando o nosso suposto "talento".
Considero que a tua poesia tem várias características marcantes, ritmo, muita cor e uma aparente simplicidade que a torna muito bela. Gostaria de conhecer as tuas preferências literárias, e se há algum autor em especial onde vás beber a tua inspiração. (Brito Ribeiro)
No entanto, tenho algumas preferências... tanto na poesia como noutras vertentes da escrita. Gosto bastante de Florbela Espanca, Pablo Neruda, António Aleixo, o nosso inconfundível Bocage..e Helberto Helder. Depois, sou também uma apaixonada por Luís Sepúlveda e Isabel Allende… Não me inspiro em nenhum escritor em particular... mas costumam dizer que eu sou uma Florbela Espanca caótica... talvez porque escreva sobre sentimentos fortes e me entregue de corpo e alma a cada poema que em mim nasce.
Sabemos que editaste um livro de poesia muito recentemente. Este livro, certamente escrito com muito amor e dedicação, tem, com toda a certeza, uma história. Queres dizer-nos como te surgiu a ideia de o editar e as dificuldades que encontraste ao longo desse percurso? (Brito Ribeiro)
É um livro que reúne momentos particularmente intensos para mim... vou ser sincera, e digo sem medos, que é um livro escrito na primeira pessoa. Falo de mim e dos meus sentimentos como mulher. Descrevo momentos em que senti emoções muito fortes e difíceis de explicar de uma forma racional... mas a verdade é que foram sentidas e, por isso, debrucei-me no papel e escrevi cada sentimento…cada dor… cada batida no peito. Todos nós sentimos alguma vez na nossa vida sentimentos que não compreendemos porque nos trespassam o corpo e atingem em cheio a alma ... que nos levam a ser impulsivos nos gestos e nos afectos. A história deste livro nasce aqui... nestes afectos obsessivos sentidos e doados com entrega total. A ideia de o editar já veio de algum tempo atrás, mas este processo foi bastante doloroso e com algumas desilusões pelo meio.Era um livro que se encontrava preparado para ser editado por uma outra editora, mas que a oito dias do lançamento e por uma falta no entendimento entre mim e essa editora no que diz respeito a algumas alíneas do contrato, acabou por não ocorrer , por decisão minha. Considerei que o contrato não me respeitava como autora da obra e, por isso, tive que tomar essa decisão dolorosa de não o assinar e adiar o sonho por mais algum tempo. Neste momento, posso dizer que não me arrependo de o ter feito… a desilusão foi muito grande, mas valeu a pena esperar este tempo. Tive a oportunidade de tornar o conteúdo do livro mais apetecível e com mais qualidade e estou bastante satisfeita com o resultado final. Considero que cresci como pessoa e abri os olhos com estes solavancos que encontrei no mundo da escrita...
No
processo de escrita, consideras-te uma criadora de personagens? Podes
explicar? (Goretidias)
Queres falar-nos um pouco sobre a tua criação literária e os processos nela intervenientes? (Goretidias)
Costumo escrever por instinto e normalmente é uma criação feita num acto impulsivo. Não escolho cenários...nem momentos próprios para o fazer...é a minha mente que os escolhe por mim. Preciso de algo muito forte para sentir a necessidade de me expor ao mundo...e esta vontade não tem hora marcada.
A Daniela é uma detentora de uma escrita visceral e orgânica (assim a vejo). O seu novo livro "Afectos Obsessivos" têm como título uma imagem forte, uma ideia subjacente de que, os afectos, são ou podem ser, obsessivos. Acredita seriamente na "obsessividade dos afectos" ou estamos perante a concretização de que "o poeta é um fingidor"? (Mel de Carvalho)
Sendo a Daniela ainda muito jovem já têm no seu Currículo várias experiências de publicação (blogues, suporte papel...). Existe algum projecto de que nos queira falar? Um projecto editorial, por exemplo... (Mel de Carvalho)
Neste momento, não tenho um novo projecto definido... tenho a ideia de melhorar mais a divulgação do livro “Afectos Obsessivos” com a criação de um site à semelhança do que concebi para o meu primeiro livro, mas com uma "roupagem" diferente e mais “chamativa”. Depois, quero continuar com a escrita... talvez regressar a uma ideia antiga de publicar um conto... eu costumo dizer que é a história de uma cinderela dos tempos modernos. Cheguei ainda a escrever algumas partes desse conto... com uma vertente um pouco sarcástica nas palavras e com algum humor. Quem sabe, se não voltarei a ele? No entanto, a poesia ainda flui com força nas veias… por isso vou deixando, sem forçar outros caminhos.
Se tivesse de escolher um poeta consagrado como o seu ídolo (aquele que, assim, de repente, diria: marcou-me, quem escolheria? Apenas um! (Mel de Carvalho)
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