Quem ler os teus contos e crónicas encontra uma matriz comum a todos eles, uma forma muito correcta, diria mesmo de "fino recorte" em relação à Língua Portuguesa. O que achas de alguns autores, até consagrados, que desvalorizam o aspecto formal da escrita, dando maior importância aos conteúdos? (Brito Ribeiro)

 

Pessoalmente, não gosto de ler prosas utilizando uma escrita demasiado incomum, mas compreendo que haja quem goste de as escrever e de as ler. Eu próprio, por vezes, escrevo uns pequeníssimos textos experimentais e num estilo pouco ortodoxo.

 

Cada escritor tem os seus próprios métodos de organização, uns mais impulsivos, outros mais reflexivos. Queres nos explicar como costumas estruturar os teus textos? (Brito Ribeiro)

 

Se forem textos longos (tipo novela), tenho de fazer um profundo e meticuloso trabalho prévio de preparação. Se forem histórias curtas do tipo "memórias", escrevo ao correr da pena.

No caso de pequenos contos totalmente imaginados por mim (ficção curta), faço uma pequeníssima estruturação prévia (e nem sempre); depois de começar a escrever, as personagens é que me comandam. É giro este processo criativo.

Em todos os casos, releio o que escrevi várias vezes e sempre faço correcções.

 

 

A sua prosa escreve-se em vários registos, registos esses que vão do humor, à análise e ao texto de reflexão, em qual dos diferentes registos se sente em maior comodidade criativa? (Dionísio Dinis)

Prefiro, sem dúvida, escrever ficção! Gosto de inventar histórias e personagens e de as deixar correr...comigo atrás delas.

Escrever porquê, para quê e para quem? (Dionísio Dinis)

Escrevo para ser lido por toda  gente! Se me apercebo que não o fazem, perco motivação e inspiração.

Dos autores do "Escritartes", poetas e prosadores, poderá citar alguns que sejam para si leitura obrigatória? (Dionísio Dinis)

Leio integralmente os trabalhos de dois: o meu primo e talentoso contista Brito Ribeiro (eu também tenho Brito no meu nome), cujos pais são os meus padrinhos de baptismo e a original poetisa Lucibei.

 

Relate aspectos de Vida, que considere terem sido importantes, no seu caminho das letras/poesia. (Dite Apolinário)

 

Sou um homem dos números, da matemática, da indústria. Só comecei a escrever em 2005 aproveitando as experiências de muitas décadas de interessantes vivências, de observação dos humanos e reflexão sobre as pessoas e os seus comportamentos.

As pessoas que me liam no blogue diziam que escrevia bem e isso entusiasmou-me e levou-me a escrever mais e mais.

Preciso de ser muito mimado pelos leitores...

...e não lido bem com a crítica.

Feitios!

 

 

 Como entende o seu percurso, desde que se encontra no site "Escritartes"? (Dite Apolinário)

 

Os textos que publico no "Escritartes" não são inéditos. Estão todos metidos lá no meio dos meus blogues e eu vou-os pescando e dando a conhecer a um novo auditório.

Curiosamente, quando leio um texto antes de o publicar aqui, introduzo-lhe sempre correcções porque nunca está como eu gosto. Sou muito miudinho!

 

Projectos...Existem por aí? (Dite Apolinário)

 

Gostaria de ter um canto num jornal para escrever e também de publicar em papel. Mas, se tal não acontecer, não fico muito preocupado e a Literatura portuguesa não perde grande nem valioso espólio.

 

 

Como liga nos dias de hoje a sua prosa ao mundo actual. (Conceição Bernardino)

 

Os meus textos são essencialmente localizados em ambientes urbanos do último quartel do século passado que são os que melhor conheço. Tenho alguma dificuldade em dar vida a personagens que sejam jovens da actualidade.

Penso que nas minhas prosas estão quase sempre expostos, de modo mais aberto ou mais subtil, as pessoas e os problemas do mundo actual ou de um passado recente.

A infidelidade é um tema recorrente nos meus trabalhos, talvez porque penso que os homens são essencialmente polígamos ao contrário das mulheres (mas isto está a mudar...e pelo lado feminino)

 

Acha que se escreve boa prosa em Portugal? Quais os seus autores preferidos? (Conceição Bernardino)

 

 

Actualmente, pouco ou nada leio! Mas já o fiz muito em diversas fases da vida.

Victor Hugo é, para mim, um autor empolgante: o único verdadeiramente grande romântico.

Em língua portuguesa coloco em destaque Eça de Queiroz e Jorge Amado.

Embora não aprecie poesia, não quero deixar de destacar Camões e Guerra Junqueiro que tão mal tem sido tratado pela intelectualidade lusa.

 

Nos teus contos, onde acaba o real e começa o imaginário? (Goretidias)

Os meus contos (eu diria os trabalhos de ficção pois já tenho umas 3 ou 4 novelas escritas) são essencialmente fruto da imaginação apesar de, como não podia deixar de ser, ir muitas vezes buscar inspiração a pessoas que conheço ou conheci. E há também uma componente autobiográfica que é inevitável, mesmo que não se tenha consciência disso. Mas as histórias são inventadas por mim. Quando tenho uma história verdadeira que acho merecer divulgação, apresento-a como tal.

Que pensas da actualidade editorial portuguesa? (Goretidias)

Não conheço minimamente bem o meio, mas parece-me que havendo tantos e tantos autores novos, as editoras apostam no seguro: os consagrados e as figuras públicas que muitas vezes nem escrever sabem.

 

Sendo o António um prosador com blogue próprio, como vê  e sente a interacção do que escreve na comunidade blogueira? Que balanço faz do tempo que despende na blogoesfera? Tem curiosidade sobre o perfil de quem o lê? (Mel de Carvalho)

 

Comecei a escrever em blogue no mês de Fevereiro de 2005.

Ao fim de dois ou três meses, os meus textos já tinham muitas visitas e comentários. Esta situação manteve-se durante esse ano e ainda 2006 e grande parte de 2007.

Depois notei uma quebra acentuada na procura dos meus escritos: não sei exactamente o porquê, mas hoje estou convencido que o meu tempo de ser "escritor de blogue" se aproxima do fim. Aliás, tudo na vida nasce, cresce, definha e morre.

Actualmente, a minha navegação por blogue é muito reduzida mas, nos tempos áureos, eram muito gratificantes as horas que por lá andava. Penso que a qualidade dos blogue baixou na razão inversa do seu número crescente.

Em relação à terceira parte da pergunta, devo dizer que sim: tenho curiosidade sobre o perfil de quem me lê.

 

O Escritartes é muito mais do que um local de divulgação da palavra escrita. A arte, de forma geral anda por aqui de mãos dadas com os signos (fotografia, pintura...), em muitos casos complementando-se mutuamente. Para além da prosa, existe algum interesse seu de que nos queira falar, por exemplo, leituras, passatempos, etc? (Mel de Carvalho)

 

Na área artística não tenho mais nenhuma actividade, mas interesso-me por várias formas de expressão artística,  com destaque para a música e o cinema.

Curiosamente, agora que deixei de trabalhar, uma actividade que me interessa (para já de forma platónica) é a organização de eventos no campo das artes e das letras.

 

 

Se tivesse de eleger um escritor consagrado como aquele que mais o marcou em toda a sua vida, quem escolheria? (Mel de Carvalho)

 

Dois: Victor Hugo e Eça de Queiroz