RosaMaria
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« em: Outubro 23, 2008, 12:35:18 » |
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CapÃtulo III – Pedro
Carla já estava atrasada, tinham de levar o pequeno Guilherme à escola e ainda não estavam prontos. Acordaram mais tarde e aqueles poucos minutos faziam toda a diferença. - Pedro, despacha-te o Gui está atrasado - Que queres que eu faça? Não posso ser mais rápido. Pedro ainda estava na casa de banho a terminar o seu duche matinal. Era a mesma coisa todos os dias. Carla queixava-se da sua lentidão, mas não havia nada a fazer. Desde que se lembrava, ele era sempre o último a estar pronto. Gostava de fazer as coisas com calma e seguindo uma certa rotina. Parecia que se fosse de outra maneira, o mau humor instalava-se pelo dia todo. O pequeno Guilherme, que já andava no segundo ano, estava já à mesa a comer os cereais que sua mãe Carla lhe tinha colocado à frente. Era um molengão a comer, e isso ainda mais enervava sua mãe. - Come Gui, vais chegar atrasado à escola - Está bem mãezinha, já vou - A pasta está pronta? Não te esqueças do saco da ginástica. Está aqui o teu lanche, não te esqueças de o comer sim? A Dona EmÃlia já me disse várias vezes que não te vê comer. Guilherme nem respondeu, estava no mundo da lua… a sua maior preocupação era o teste de matemática que tinha de fazer naquele dia. - Aqui estou eu, prontinho para sair. Vá lá depois não digas que a culpa é minha, Carla. -E não comes nada Pedro? - Não, tomo o pequeno almoço depois, fica descansada. Pedro tirou o carro da garagem, enquanto Carla preparava as últimas coisas. Instalaram Guilherme na sua cadeira do banco de trás e lá seguiram em direcção ao colégio onde o Guilherme andava. Pelo caminho foram falando de coisas soltas, do que cada ia fazer nesse dia, do teste de matemática do Gui, do fim de semana que se aproximava, das vendas que estavam mal, dos alunos da Carla, o habitual para preencher o tempo que demoravam nas filas intermináveis. - Já te disse que o Rui vem no sábado? - Já. Fica lá em casa ou na casa da tua mãe? - Isso é que não lhe perguntei. Mas pelo sim, pelo não é melhor contarmos que ele fica em nossa casa. - Tens razão. Além do mais o Guilherme já está com saudades dele, e assim aproveitam todos os bocadinhos para se entreterem os dois. É bom ver o sorriso do teu irmão quando está com o nosso filho. -Tens razão. Por acaso ando preocupado com ele. Ainda ontem ao telefone, não gostei nada da voz dele, parece apático, distante. - Aà é? E que achas? - Não sei Carla, não sei mesmo. A única coisa que sei, é que ele ainda não aceitou o que aconteceu. -Será? Mas já se passaram dois anos , não há mais nada a fazer ,ele bem sabe. - Sim claro, mas que queres? Ele sempre foi o elo mais frágil, Tudo aconteceu demasiado rápido para ele. Temos de o apoiar. - Certamente, sabes que adoro o meu querido cunhado. Estavam já em frente ao colégio do Guilherme. Parou o carro, deu um beijo no seu filho e na Carla. Carla era professora e dava aulas de Biologia no mesmo colégio onde o seu filho estudava. - Não te esqueças do meu carro. Quando ele estiver pronto avisa-me que eu vou de metro lá buscá-lo ok? -Certo Doutora.. Pedro esboçou um sorriso maroto, pois sabia que a sua Carla adorava aquele mimo do doutora… se estivessem em casa já tinha saltado uma almofada em direcção dele.
continua...
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