sobre a estrada de terra batida um cocheiro

[Bruno Sousa Villar]

Na londres do século

dezanove chovia muito

sobre a estrada de terra

batida um cocheiro

desembaraçava as

rédeas que se tinham prendido

ao luzidio pescoço preto do seu cavalo


Estava apressado em chegar

aos braços da sua mulher

que lhe preparava

uma reanimadora sopa quente,

acaso por isso não

reparou que quando a chuva se abate sobre

a terra deixa as chamadas poças que mais não

são que pequenos sulcos de vida abertos na terra

lamacenta.


Distraído e desconhecedor

pisou-as e seguiu viagem

com destino a casa.


Estava tão encharcado que

nem se lembrou de limpar

a sola das botas no tapete da entrada.


Entrou assim espalhando lama pelas várias divisões do lar,

terra molhada, vida ,no entanto,não sei porquê,

a mulher zangou-se mandando-o descalçar-se.


As flores que trazia na mão para a mulher,

que com tanto afã carinhoso colhera

desfizeram-se inexplicavelmente.