António Casado
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« em: Dezembro 10, 2013, 01:07:19 » |
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Romance O Poeta da Lua capÃtulo 1 - tomo 1 pagÃna 7 a 14
A verdade vestia aquelas palavras sinceras e moderadas. A vontade de saber, de aprender, perdera-a algures num ninho de pintassilgos entre uma árvore e outra fora do recinto da escola. - Faz um esforço, só um! – Implorou a mãe. – irei esforçar-me para que te sintas melhor. Mas antes de te deitares aviso-te: Se o teu comportamento não mudar farei o que te disse. Só quero o melhor para ti, filho. Deitou-se. Não conseguia dormir. A realidade acentuada pela mãe inquietava-o. Apercebeu-se que deixara pelo caminho os objectivos. Não eram muitos… eram os seus! O prazer de escrever definhara num mar sem tempo onde corria de um lado para o outro à procura de não ter tempo para pensar, para julgar, para sofrer. O convÃvio com a madrasta assumia um aspecto vampÃrico e atormentava-o como se uma terrÃvel ave de rapina o perseguisse e lhe retirasse a oportunidade de fugir. Ir para casa do pai? Impensável! Ela odiava-o! De uma coisa tinha a certeza nunca mais teria paz. Neste momento estavam em causa os cacos do que fora a famÃlia. A partir desse dia começou a escrever notas em pedaços de papel. Quando saÃa deixava-os sobre a pequena mesa no átrio de entrada. Entre os textos sobressaÃa de forma continuada a mensagem “nunca serei um farrapoâ€! O comportamento alterou-se. Passou a frequentar as aulas embora nunca mais conseguisse ser o aluno que fora. O desinteresse apegara-se à pele como lepra e não permitia que a cura triunfasse. Acabou por completar o Ciclo Preparatório em 1973 com médias inferiores à s que habituara mãe e professores. Contra todas as expectativas entrou para a Escola Comercial e Industrial de Setúbal com treze anos. Um edifÃcio enorme na baixa da cidade com longos corredores altos caiados de branco. Cada um deles com várias salas de aula. Fascinava-o o átrio! Uma pintura frente à porta de entrada representava algumas figuras históricas quinhentistas. Reconhecia Tristão da Silva, D. Henrique, Vasco da Gama entre outros. Referências marÃtimas de um paÃs expansionista. Também lá estava o astrolábio a fazer menção ao desenvolvimento da matemática e das ciências náuticas… Um expoente da sabedoria portuguesa! Detinha-se muitas vezes diante daquele colorido painel e sonhava com viagens e naus… Determinou prioridades temendo uma atitude da mãe. Os antigos amigos assediavam-no, mas recusava-os. Fez novas amizades com as quais partilhava os estudos. O restante tempo dedicava-o a si. Desta vez escutar as matérias nas aulas não era suficiente. Alguns momentos traziam-lhe o desencanto da tristeza como se o fracasso do presente o dominasse e impedisse de ir mais longe impondo barreiras invisÃveis e intransponÃveis. A vontade de fazer melhor, a certeza de não se sentir motivado, exasperava-o. A luta entre querer e não querer era desgastante! Leonardo era um aluno mediano e assÃduo. Tal como ele tinha poucos amigos. Via-o quase sempre só a deambular pelos corredores. Apesar de os colegas comentarem que era uma pessoa afável, de sorriso nos lábios, terno e sincero, parecia-lhe um árido deserto. Lembrava-lhe uma linda flor plantada no cimo de um prédio de cimento. Ignorava o que o levou a aproximar-se mas sentia-se aconchegado por aquele temperamento vulcânico e delicioso. Era um moço alto, forte, um ano mais velho, de curtos cabelos negros e olhos da mesma cor. As mãos sapudas davam-lhe a impressão de tenazes macias e quentes. Quando havia intervalos entre as aulas saÃam da escola e passavam pelo jardim municipal, o Bonfim, o antigo campo do “Anjo da Guarda†como o denominavam; o “ex librÃs†da cidade de Setúbal determinado em 1939. Ao fundo daquele arborizado espaço a Ermida do Senhor Jesus do Bonfim, chamada inicialmente “Ermida do Anjo da Guarda†fundada pelo padre Diogo Mendes em 1669. Passavam depois pelo estádio do Vitória de Setúbal inaugurado a 16 de Setembro de 1962 com a colaboração dos moradores e comerciantes – sempre foi um sonho da população ter um Clube Desportivo representativo da cidade. Dos desentendimentos do primeiro grande clube de futebol “Bonfim Foot-Ball Club†fundado em 1908 e da aliança com o primeiro grupo de destaque o “Setubalense Sporting Clubâ€, que envergava a camisola à s riscas verdes e brancas, fundado em 1910, nasceu a 5 de Maio de 1911 o clube “Vitória Foot-Ball Club†que passou a funcionar no Palácio Salema na Rua do Bocage. O estádio estava situado inicialmente no “Campo dos Arcosâ€. Só em Junho de 1912 é que “Vitória†apresentou ao público pela primeira vez as camisolas que ainda hoje mantém. Subiam até ao Liceu Nacional de Setúbal e cortavam pelas traseiras. Uma extensa propriedade inculta, recheada de matos e canaviais estendia-se até à Estrada da Baixa de Palmela. Conheciam bem aquele sÃtio. Esgueiravam-se por uma brecha aberta no canavial e sentavam-se junto ao ribeiro de água doce e transparente que corria por entre as pedras. Era o esconderijo do resto do mundo onde se sentiam libertos de tudo e todos. Viviam a proximidade com a natureza e uma liberdade sem limites. Falavam de tudo o que lhes vinha à cabeça. Riam, choravam, preocupavam-se… tudo ali, junto à serenidade mansa da água. Naquela tarde quente de Abril também. Ainda se fazia sentir um pouco a aragem fria de Março que abandonara o poleiro há três dias. Deitaram-se num pedaço de areia branca junto ao riacho. Alexandre deitou a cabeça sobre os braços cruzados e olhou a pequena nesga de céu por entre as folhas compridas, verdes e viçosas das canas. Leonardo ficou ao lado, virado para ele, apreciando a sua viagem pelo sonho. Um silêncio tranquilo envolveu-os. O mistério daquele recanto transmitia-lhes sensações de placidez e repouso. Leonardo com a mão alisava a areia enquanto Alexandre galopava nas asas de um poema por escrever. Alexandre despiu o casaco e colocou-o sob a cabeça fazendo de travesseiro. O corpo envolvido pela camisa era atraente. Os traços firmes despertavam em Leonardo sensações de bem-estar. - Gosto de estar aqui. – Confidenciou Leonardo que continuou a apanhar grãos de areia com a ponta dos dedos e, erguendo o braço, deixava-os cair no chão. Alexandre não respondeu, nem quando o braço esticou um pouco e alguns grãos secos e frescos lhe agraciaram o peito. Leonardo continuou com os desenhos, agora sobre o ventre do amigo como se de uma mensagem se tratasse. - Posso chamar-te Alex? – Perguntou-lhe. Sorriu. Porque não? Era muito mais prático. - Podes. A mão sapuda repousou sobre o peito e delicadamente afastou a areia com movimentos tranquilos e suaves. Alex anuÃa com um sorriso à s brincadeiras. Fechava os olhos e lia os movimentos das pontas dos dedos sobre a camisa. Leonardo dobrou-se sobre ele e beijou-o no pescoço. Não se moveu. Soube o que o amigo procurava com aquele gesto quente e gracioso que o deliciou; estava disposto a deixá-lo caminhar, ir até onde quisesse. A inexperiência de qualquer acto sexual impedia-o de tomar uma postura. Sabia que estava prestes a ter uma experiência e isso não o desagradava. A curiosidade de sentir outra pessoa tocá-lo superava qualquer medo ou repulsa. Até aà o único prazer que conhecia era a masturbação que praticava na banheira mergulhado na água quente, ou na cama enrolado nos cobertores. Já se surpreendera nalgumas manhãs quando ao acordar notava que estava molhado. À pressa tentava limpar-se com vergonha que a mãe reparasse nalguma coisa e se enfurecesse. Incomodava-o as erecções matinais principalmente quando Maria dos Anjos o destapava depois de ter inventado mil argumentos para não sair da cama. Neste momento era a mão de Leonardo que desabotoava a camisa e como esponja a rolava devagarinho sobre a pele palpando os mamilos erectos. Os olhos mantinham-se cerrados à vida que os rodeava e como alguém que passa uma fronteira virtual visualizava as ondas de prazer que cresciam e o estimulavam. Os lábios quentes e rosados do amigo sorviam o calor da pele enquanto a lÃngua acariciava o peito e o externo, de cima para baixo, até se perder no pescoço, subir pelo queixo e deter-se entre os lábios secos de excitação. Era a primeira que o beijavam nos lábios. Estranho, mas não repulsivo. Continuava inerte diante dele, à s portas de um prazer desconhecido esperando que elas se abrissem e lhe contassem todos os segredos do mundo. A mão passava agora pelas calças apertando o vulto quase erecto. Com os dedos correu o fecho e as cuecas brancas surgiram como que por magia expondo diante dos olhos sequiosos todo o volume oculto. Alex levantou a cintura e as calças desceram até aos joelhos. As cuecas acompanharam-nas. Quando a areia fria se fez sentir no traseiro estremeceu. Os dedos do amigo seguraram o instrumento de prazer e massajaram-no até o sentirem firme. - Posso brincar com ele? – Perguntou Leonardo com a respiração ofegante e os olhos brilhantes. Alex acenou com a cabeça. Enquanto a lÃngua descia pelo umbigo e a boca recolhia o pénis Leonardo ia-se despindo cada vez mais louco e transpirado de tesão numa descontrolada vontade de ser possuÃdo, de gozar, de viver o prazer que a mente projectava na pelÃcula dos sentidos. - Gosto de ti. – Segredou-lhe Leonardo ao ouvido. Uma eterna canção faminta de sensações bradava dos céus e a ladainha do desejo ensaiava ecos de harpas pelas canas verdes. Os lábios voltaram a roçar-se. Os sapatos foram expulsos dos pés; a roupa atirada para o lado deixando-os nus da cintura para baixo. - Levanta-te…
O Poeta da Lua Chiado Editora
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