Figas de Saint Pierre de
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« em: Agosto 23, 2011, 22:12:06 » |
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-Ó avô, um dia tu vais morrer, não vais? -Vou. -Então vais-te juntar com o avô Manel, que está no céu, não vais? -É possivel. Pode ser que o encontre nas obras! -Ó avô, mas no céu não se trabalha, só se descansa! -Ó minha neta, mas a ociosidade é um pecado. -Ó Avô, mas o que é a ociosidade? -É não fazer nada? -Mas o avô Manel gostava de trabalhar! -Então, o descanso eterno, para ele, deve seu um castigo! -Pois é! -Então devia ir para o Inferno. Pelo menos, lá uma pessoa pula. -Jogam à corda? -Sim, com o rabo do Diabo! -Mas, se encontrares o avô Manel vê lá se lhe arranjas algum trabalhinho. -Tá bem. Quando o encontrar, convido-o para almoçar e depois peço ao dono do restaurante, para lhe dar emprego a lavar a loiça. -Mas no Céu não há restaurantes, avô. -Ó minha neta. Então, no Céu, só se descansa? Não há restaurantes! Sim senhor. Tu não ouves os trovões? -Sim -Pois ficas a saber que é quando servem feijoada à transmontana, e depois, os que fazem alguma coisa, vão ao quarto de banho. Por isso é que as nuvens ficam negras! -Ah! -E quando as nuvens são brancas, é sinal que funcionam como esplanadas, para tomarem o chá das cinco. -Ó avô, tu estás a brincar? -Estou, porque eu só vou para o céu se tiver alguma coisa para fazer. -Podes fazer os teus poemas, para os anjinhos!
-Os meus poemas não são para anjinhos. Achas que, se o teu avô morrer, com oitenta ou noventa anos, tem direito ao descanso eterno?! Isso é um negócio da china, que a Igreja promete! Viver cem anos e ter o descanso eterno, como prenda! Cheira-me a conto do vigário! -Então não é bom? -Sim, é como aqui na terra, em que os polÃticos, com meia dúzia d’anos de serviço, logo ganham direito à reforma, e por inteiro! É céu no terra! -Então, tu podias ser polÃtico, para treinar! -Ai minha, neta. Não há como ser criança, para dar bons conselhos! Um dia, vais perceber que ser polÃtico é ter o Diabo como conselheiro e prometer delÃcias celestiais! Depois vem o FMI? -O que é o FMI? -Acabou esta conversa. Agora, vou-te contar a história da Gata Borralheira. -Conta, avô, enquanto não vais para o céu, mas ainda demora muito! -És uma convencida! -O avô Manel, que está no Céu, já me tinha dito. -Tá bem. Quando eu morrer, para onde eu for eu digo-te. Telefono-te ou mando-te um e-mail! -Ó avô, estás a brincar? -Vamos lá à história. Aproveitemos, enquanto o céu está azul e as nuvens são brancas! ----------------------------xxxxxxxxxxxx-------------------------------- Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo Gondomar
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