UMA ILHA ESTÁ SEMPRE AFASTADA DO CONTINENTE

Silvino Figueiredo
16 h ·

UMA ILHA ESTÁ SEMPRE AFASTADA DO CONTINENTE!
Hoje, tentarei sair da insana vida que me rodeia, para tentar perceber o que fizeram de mim e se alguma vez cheguei a ser eu, que desde nascido, enformado por costumes religiosos, sócio culturais, que me levaram ao clímax de pensar que era livre e
exclamar: “Sou livre”.
“Tenho liberdade” Livre?

O Homem, porque animal gregário, desde sempre teve sua força individual, mas diluída na força do grupo; do coletivo, fosse para conquista ou defesa de impérios!

Voluntariamente, quando um homem entra num grupo, não é para dar nada, mas sim do grupo tirar vantagens pessoais. Quando verifica que do grupo não retira dividendos, logo tenta o individualismo e no fracasso deste, tenta entrar noutro grupo para tentar executar, mais ou menos disfarçadamente seus objetivos lucrativos!

O próprio grupo, esse, também não se ilude, porque dentro dele, constituído por facções, que se digladiam pela obtenção da maior fatia do poder!

Conclusão: O Homem, primariamente, foi obrigado a viver em grupo, para sua defesa e sobrevivência, mas, atualmente, com os desenvolvimentos tecnológicos, tende mais para o microcosmo das independências individuais, desde logo refletidas na pouca preocupação em serem motores geracionais, através da manutenção da estabilidade da natalidade, pois quanto maior for o progresso e o desenvolvimento, estes fatores serão travões geracionais, nas nações ditas desenvolvidas, porque tudo é preterido a favor do sucesso, da carreira e do mostrar que um homem só é Homem pelo que tem, não um Zé-Ninguém.

Para trás está a cena bíblica do Diabo tentar a Cristo, com oferta de terras a troco da sua obediência!

Hoje, as tentações desviam-se para bens e serviços, e roubam-se milhões de euros e corrompem-se mentes, em segundos, como que um comboio, que bruscamente muda de sentido sem que seus passageiros se apercebam!

A evolução do caráter do Homem, desde seu aparecimento terrestre, nada mudou, aliás, mudou para melhor, porque, agora, não faltam manuais maquiavélicos, que ensinam, em minutos, os meios para se atingirem os fins, sem olhar à ética ou à moral!

Aqui, entroncam todos os atuais comportamentos dos políticos e governantes, apesar dos milhares de deuses, já terem sido criados pelo Homem, pregando a moral e a ética, porém, na prática há uma diferença abissal, cada vez mais, entre o que dizem e o que fazem, apenas fazendo o papel de “bons pastores”, guiando suas inocentes ovelhas ao redil da enganosa esperança, onde, regularmente são esfoladas ou tosquiadas.

A antanha transumância de gados, está substituída por saberes móveis dos conhecimentos, e, agora, todos os "pastores" têm conhecimento do “pasto global”.

Hodiernamente, a guerra é entre os “pastores”,dos donos de pastos fixos em suas ilhas, com cercas, e os que não deixam os das ilhas pastarem nos seus continentes! Tal facto comprova a teoria de que o Homem, quando em grupo, só procura seu interesse individual!
Pois então. Alguém dá alguma coisa sem nada em troca?
Ou seja, não há almoços grátis.

Afinal, agora, os das ilhas onde vão pastar?
O problema, que para mim não é problema, é o facto natural de qualquer ilha estar afastada dum continente e, como ilha que é, seus habitantes só vêm grandes horizontes líquidos, mas pouca terra firme!
Compreendo, porque cada homem é um produto, desde nascido, do ambiente social e religioso, até chegar ao ponto de se sentir livre e feliz! Livre e feliz?!

Eu, hoje, bem tentei sair de mim, fazer auto crítica, mas, o resultado é que quando me dizem que sou europeu, lá estou eu a dizer que sou português, e se me obrigam a estar em grupo, ficam já a saber que aguardo a minha vez de sacar. Aliás, mantendo a tradição de navegadores sacadores! É mentira?

Aumentou o número de escritores, o número de cientistas, o número de médicos, aumentou o número de concertos e de festivais, teatros, cinemas, milhares de poetas, milhões de poemas, de recitais, milhões de livros editados, acordos e mais acordos, meetings internacionais, uniões supra nacionais, os transplantes de órgãos, (só só falta transplantar mentes ou almas) mas, ao fim e ao cabo, sobrevém a eterna e humana irracionalidade animal: cada um ir para seu lado ou tentar juntar-se a outro rebanho, a outro gado, porque cada homem caminha com seus pés, não com as dos outros!

Modernamente, a Democracia é arte de governar, pelas palavras, em vez de pelas balas; ou seja; pela arte dos melhores "pastores" terem a arte de enganar suas ovelhinhas, seu gado, e levá-lo para o seu redil, para ser esfolado ou tosquiado.

Mas, não há que desanimar! Os pastores dão sempre suas bênçãos ou chocalhos dourados!
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Assina: uma ovelha negra. Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque