Maria Gabriela de Sá
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« em: Novembro 27, 2016, 22:16:20 » |
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(O que dia 12/11/2016 publiquei no facebook do Continente)
Hoje, dia 12/11/2016 , no Maia Jardim, Nogueira da Maia, por volta das 18h, depois de ter estado no café, naquele onde registam o euromilhões, a ler " A Conspiração" de Dan Brown durante um certo lapso de tempo, com uma dor incapacitante num calo ( sim porque eu tenho destes calos, dos calos dos pés), entrei na superfície comercial "Continente", com o objectivo de ir comprar uma sandes de leitão. Entrei então com o livro na mão, e nem sequer me quedei na secção dos livros. Fui direita ao local devido, onde tirei a senha 31. Bom, foi nessa altura que a estúpida dor recrudesceu e eu desisti do intento para tratar da urgência do calo em apuros... Na saída, sempre com o livro na mão e mais inocente do que a Inês de Pedro às mãos dos seus carrascos, fui interpelada por uma funcionária, a quem eu disse que o livro, não sendo meu de propriedade. dele tinha presentemente a posse, depois de um empréstimo que uma amiga me fizera: - Nós também o temos à venda. - Desculpe, entrei desatentamente - digo eu, posso provar, que o estive a ler ali no BAGGA. - E não foi ninguém ter consigo à entrada? O segurança? - Não. Não foi. Não fui interpelada por ninguém. - Vou chamá-lo E veio então o segurança, - Deve ter sido quando eu fui...- e o homem disse onde foi.- Então entra pelo hipermercado com um livro, e não diz nada? - Desculpe. Estava com pressa, e com uma dor num calo, nem pensei no assunto. - Mas devia,.. - O senhor é que tinha a obrigação de me interpelar, não eu a obrigação de me dirigir a si. - É humanamente impossível controlar tudo. - disse o homem, - Pois, é humanamente impossível ser perfeita. Sobretudo quando temos uma bota a apertar-nos um calo E, num tom arrogante, ele disse que achava muito estranho que uma tarjeta que, no início do livro, diz, "Bertrand" estivesse rasgada, numa clara insinuação que eu o tinha furtado. - Ó senhor!, veja o preço, a ver se é igual. Também tem aí o código de barras. - Tenho de chamar....e disse a categoria profissional da pessoa e a secção... E eu ali com o calo a morder-me como um desalmado, já com a bota desapertada e a ira em crescendo, insultando interiormente o sujeito de besta para cima. - É fácil de provar que o livro me foi emprestado!. - Continua a ser estranho que não consiga provar que o livro é seu... - Se não vai buscar o estupor do livro vou eu! - reagi indignada E, deixando o malfadado livro nas mãos do zeloso segurança, desandei dali, furiosa, capaz de esbofetear a insolência do homem e a sua falácia de polícia frustrado a confrontar uma criminosa de sábado à tarde como se eu fosse a famosa Joaquina Carteirista do Porto. . Procurei, procurei e nada, nada de "A Conspiração" de Dan Brown. . Nesse meio tempo ouvi uma senhora a dizer "o livro já é antigo". E pediu-me desculpa, entregando-mo. Saí, fui ao carro deixar o livro, descalçar-me e calçar a seguir umas botas sobresselentes que lá tenho sempre, a contar com as birras do meu calo de estimação. Entrei de seguida, fui à secção dos livros e do Dan Brown só lá tinha mesmo " Inferno", Fui buscar a sandes e, à saída, disse à menina que não se interrogou sequer por que é que o livro tinha no meio um marcador da Caixa Geral de Depósitos com um desenho de Fernando Pessoa estilizado: . - Tanta coisa e o livro nem sequer está aqui à venda! A criatura não me respondeu, quando, , sobretudo naquelas provadas circunstâncias, devia ter a humildade de saber que "o cliente tem sempre razão" e ali mais do que nunca, depois de provados o excesso de zelo e o excesso de palavras insensatas. Conclusão, foi pena mesmo eu estar terrivelmente desconfortável, porque garanto-lhes que, noutras circunstâncias, teria feito queixa do funcionário, já que a ele, no exercício das suas funções, era-lhe exigível que me interpelasse à entrada e que se deixasse de considerações e insinuações à saída. Já a mim, não me era exigível coisíssima nenhuma. O homem é que cumpriu deficientemente as suas obrigações. Mesmo assim, não consegui deixar de vir aqui destilar um pouquinho de veneno e dar ao Continente alguma literatura, escrita a traços de uma realidade escusável. Para a próxima entrarei com um ou outro dos livros que eu própria escrevo...
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