O pequeno é pequeno mas não se dispensa

[Valdevinoxis]

O indivíduo é cada vez menos importante. Cada vez mais há menos lugar para a pessoa, para quem acha que existe um “eu”... este fica cada vez mais entre aspas.
   - Globaliza-se, meu caro, globaliza-se tudo. – dizem-me.
   Cada vez mais o local é menos local, cada vez mais é satélite.
   Não se põe a funcionar ou retira-se o hospital porque um indivíduo é só um e é de número pequeno, pouco importante.
   - Centraliza-se, meu caro, centraliza-se tudo. – dizem-me
   Mudam-se as coisas, atafulham-se os currais e o indivíduo desaparece... mais uma vez não é importante, é só um e um não conta.
   Alguém piscou um olho? Sorriu? Falou? Não me parece! Deve ser reflexo do do lado... ou será do outro? Talvez daquele que está às cavalitas do da esquerda. Já não se sabe e não interessa porque o indivíduo diluiu-se numa amálgama de gente sem nome.
   - És do interior? Qual é o tamanho da tua aldeia? Ah! É muito pequena! Não compensa o investimento. Pega no carrinho e vai à cidade onde, com menos pessoal damos mais injecções. Mas não te esqueças que tens que evitar poluir o ambiente! É o buraco do ozono, sabes? O melhor é pensares numa bicicleta. Faz bem à saúde e não excedes o limite de velocidade. É só vantagens! – diz o maior.
   Então protesta mas olha... não protestes muito, senão estás a ocupar muito tempo e devias estar a trabalhar para haver o pão onde compensa ter pão.

            Valdevinoxis

[Goreti Dias]

Globalização e centralização, as palavras da ordem!
Abraço