Darta do Mar
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Sozinho no subterrâneo.
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« em: Abril 18, 2011, 18:50:57 » |
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Escrever poderá ser, nada mais nada menos, do que uma antÃtese óbvia da razão. Não haverá melhor disfarce carnavalesco, a máscara das sintaxes permite a quem a utliza com ajuste e perÃcia inúmeras formas de enganar a razão. A sua (1) e a de todos (2).
(1) A sua é enganada inconscientemente, pois as palavras tomam um controlo incalculável e imperceptÃvel, pois é isso que o faz mover, é um poder incontrolável, é uma oligarquia da linguagem, onde a alma primeiramente quer governar, mas pobre deixa-se ser governado pelo que é mais apetitoso. Aà temos mais uma antÃtese curiosa : para liderar é necessário ser liderado. A razão por tanta vontade (muitos falam o quão incorrecto e prejudicial pode ser a vontade) de manipular a vida, é batida sem mágoa pelas próprias armas simples/banais da própria vida.
(2) A de todos é, minuciosamente, defraudada, desta vez conscientemente (terceira antÃtese/par conceptual: consciência e inconsciência) pela razão de quem a se serve do dom da palavra. E afirmar-me-iam : "Estarás a contradizer-te, pois anteriormente, terás dito que a razão é manipulada, portanto não poderá, porventura, ter a capacidade de manipular outrem". A refutação a essa afirmação é-me facilmente explicável e, absolutamente, descritÃvel: o activo controla o passivo sem sequer se aperceber que ele está também a ser controlado pela mesmÃssima arma que está a usar e a abusar para dissuadir o objecto. Ou seja, a mentira prevalece sem ninguém concluir que é uma mentira. Porque acima de tudo, cada um mente e aldraba a sua razão, encadeando a razão de todos outros numa bola gigante e em crescimento, sem fim à vista, de mentiras e mais mentiras.
Depois destas duas situações, a conclusão dúbia, sempre dúbia, que posso chegar é que incessantemente, tem-se tentado, sem sucesso, alcançar uma desejada e, sobretudo, intolerável verdade! Mas a busca será interminável, visto que enquanto existir a antÃtese raÃnha nada fará sentido: existem mentiras, mas só existe uma verdade. Porquê? Prefiro acreditar no valor antitético da coisa, significando, prefiro realmente acreditar que a minha verdade pode ser mentira, e a tua mentira pode ser verdade, e que a minha verdade pode ser a tua mentira, e a minha mentira pode ser a tua verdade; prefiro acreditar na governação de mim próprio e deixar-te governar-me, ou governar-te a ti e tu a mim; prefiro conscientemente atingir a minha inconsciência, ou inconscientemente ser consciente. O importante será nunca deixar nada de lado, não excluir o que é contrário, não ter medo do erro, do que é falso, do que é sentido, do que é causado por percepções duvidosas.
Certamente, optarei pela pluralidade e não pela singularidade, optarei pelo tudo e o nada e não pelo DEFINIDO e ESTABELECIDO.
Escrever poderá ser, nada mais nada menos, do que uma antÃtese óbvia da razão. Estou a ser altamente contraditório, não?
Deixem-me usar a minha máscara de filósofo da treta para enfraquecer a ridÃcula busca pela verdade.
Eu sou a antÃtese.
Bruno do Mar (2007).
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