marcopintoc
|
|
« em: Setembro 20, 2010, 21:50:39 » |
|
Essa miséria a que me vetaste, o teu silêncio será o teu fim, LucÃlia. O escárnio , cornudo público que procurou outras ruas para ser este outro alguém . Mas a vida não foi generosa, LucÃlia, concedeu-me apenas uma subsistência, uma condição mental que é de grande perigo para a tua integridade e esta persistência em não perdoar.
Tenho seis balas para ti, minha cadela. Irei cravá-las, uma por uma no teu peito que agora me negas, eu sei que é errado mas apenas nisso penso. Desenhar em ti morte violenta em calibre quarenta e cinco.
A tua traição fez-me uma criatura de ódio, após a vergonha inicial ergui-me pleno de um único propósito. Matar-te, abater-te sobre a cama onde recebes aqueles que achas dignos. Eu, indigno , arma na mão , o final dos teus dias de puta. Estás nervosa ao ler esta carta. Podes olhar em redor pois estou nas cercanias de ti. Algures num armário, à porta da frente, posso estar sentado numa das espreguiçadeiras da varanda a admirar a vista que nunca me concedeste. A ganhar mais um motivo para te executar com um extremo prazer.
Não procures o telefone. Está cortado. O telemóvel já foi retirado da tua carteira. A Net também já era. Somos só nós agora. Eu , tu , bela LucÃlia e este revolver carregado.
Amanhã nos jornais falarão de nós em caixa pequena mas alguém se lembrará deste amor rastejante que me leva a viver contigo na minha doente mente e apenas vislumbrar o momento em que a carne explode perante o impacto do disparo? Estômago . Dói brutalmente e não mata imediatamente. O teu útero, ninho da descendência que me negaste será também baleado. LucÃlia, LucÃlia. Podes-te levantar e caminhar para o quarto. É inútil a resistência.
Tenho um bom motivo para a tua obediência. Ou vais para o que devia ser o nosso quarto, a nossa cama , a nossa colmeia , ou espeto um balázio nos cornos do teu fedelho de merda , este bastardo que dorme sobre os anjos do éter. O cano está encostado á sua têmpora esquerda.
Agora, caminha LucÃlia.
|