A ti

[JLMike]

Despejei as lágrimas pretas
No teu corpo branco e pálido.

Percorri-te com o dedo,
Desenhei-te a minha vida.
Fiz de ti paranóia antes de me chamar louco.

Fiz de ti obsessão inexistente,
Grito que era mais baixo que o silêncio,
Berro dado com raiva de quem não
Se sente zangado.

Fiz de mim um murro sem força,
Pontapé sem pontaria,
Zumbido de zombaria,
Fraco, débil, desgraçado.

Fiz do meu dedo a minha arma,
Disparei em todos os sentidos.
Da esquerda para a direita,
Da direita para a esquerda,
Para defronte, para detrás,
Para fora, para dentro.

(Vela gasta, porque não te apagas?)

Soprei-te ao ouvidos as verdades
Que eu mesmo não queria ouvir.

Quando ouvi o eco das minhas palavras
Apercebi-me de quem sou.

Não te apagaste, ainda, vela.
Nem eu. Ainda luzimos.
Mas a minha luz é fraca
E continua a enfraquecer.
A tua é forte e
Continua a apagar a minha.

(Quem és tu, vela gasta, para ter esse poder sobre mim?)

Vou luzir para longe de ti,
Talvez não com tanta vontade,
Talvez não com tanta vida,
Tanto amor, tanta paixão.
Talvez, até, sem tanta loucura e paranóia.
Mas, pelo menos, brilharei com o meu proprio brilho.

Não escreverei mais no teu corpo, vela gasta.

(Porquê? Porque ainda existo.)

JLMike

[turtlemoon]

adorei!é a descrição de um desamor feita com mestria.bjs e bem-vindo

[JLMike]

Obrigado turtlemoon. Sim, é uma descrição de um grande des-amor, ou des-paixão... é dificil definir certos "sentimentos"...

Ainda bem que gostou