Morreu uma palavra. Os meus sentidos pêsames.

[Valdevinoxis]

   Ontem foi ao funeral de uma palavra. Morreu por decreto. Nunca foi doente, apenas morreu porque no dicionário puseram outras... daquelas novas da televisão e dos telemóveis e da internet e dos outros lados... é a globalização das palavras, sabes?
   Ontem fui ao funeral de uma palavra que quando nasceu, era portuguesa.

            Valdevinoxis

[Jorge Luiz Alves]

Eis aqui, a transitoriedade do Universo na página virtual: mesmo as palavras estão sujeitas às regras que norteiam a Humanidade. Na certeza da morte, vidas inteiras dinamizam-se em adaptações, metamorfoses. O português que balbuciamos, orgulhosos, aos quatro cantos da Terra já foi o mais vulgar latim mesclado à visigótica falácia barbaresca acrescido duma moura elegância berbere. Todos deixamos a infância para mergulharmos nos dissabores das mudanças adultas. Assim é a língua. Ela se move (Eppur si muove, já diria Galilei). Ela está viva e se adapta, queiramos ou não.

Belo texto - abraço do Jorge Luiz.