Professor dum nome um tanto quanto estranho para mim.

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Professor dum nome um tanto quanto estranho para mim.

   Estava no salão nobre de uma instituição de renome no cenário educacional brasileiro. A cidade era o Rio de Janeiro. Entrei acanhado no suntuoso espaço da tradicional escola. Alguém anunciou com voz empostada a apresentação do professor dum nome um tanto quanto estranho para mim. Pensei ter entendido alguma coisa engraçada, o que não era compatível nem com a ocasião e nem com a instituição. Dentro de alguns instantes, anunciaram novamente a apresentação do professor dum nome um tanto quanto estranho.
   Eu tinha a sensação de que aquele lugar não era o meu. Toda a nomenclatura era diferenciada. A formalidade e a burocracia eram sem igual. Sentia-me completamente desconfortável naquele ambiente de trabalho onde se respirava história e tradição, mas sentia-se o fétido do preconceito e do conservadorismo.
   Dia de reunião na sede da corte (Era assim que me sentia: saindo da província em direção à corte, onde eu, plebeu, iria entrar em contato com a nobreza) era um tormento. Como me vestir? O que falar? A tensão era total.
   Deus meu, que título é esse que vão conceder a um professor? Tentei revirar meus arquivos mentais em busca de respostas, mas não as encontrei. Havia professor titular, professor substituto, catedrático, professor contratado (meu caso), especialista, mestre, doutor etc... Mas professor dum nome um tanto quanto estranho para mim não conhecia. Estava constatado. Sou ignorante mesmo. Mereço ser menosprezado. Não sei nem mesmo o que vem a ser professor dum nome um tanto quanto estranho para mim! Preciso recolher-me a minha insignificância. Apanhei um livro na pasta e fiquei lendo (ou pelo menos tentando fazer isso) para disfarçar meu nervosismo. A leitura nos faz muitas vezes invisível para as gentes. Até mesmo para aquelas dadas ao excelente exercício da leitura.
   Graças a Deus, ninguém comentou nada sobre a coroação do professor dum nome um tanto quanto estranho para mim. Repassaram o som. Verificaram também outros detalhes técnicos. Solicitaram a nossa atenção. Quem será condecorado professor dum nome um tanto quanto estranho para mim? Eu não poderia ser. E se fosse? Como seria meu discurso? Meu sotaque seria incômodo à aristocracia? Não conseguiria falar. Não saberia falar. Sou bárbaro. Não falo grego nem latim.
   Começa o evento de fato. Vejo uma tela e equipamento de projeção. Entra um professor com aparência nada estranha para mim. Não sei seu nome. Saberia naquele momento e nunca mais esqueceria. Agora com vocês a apresentação do professor... Não posso dizer seu nome porque vivo num mundo onde a indústria do processo judicial é crescente. Não revelarei seu nome. Posso dizer que esse professor apresentou um trabalho linguístico interessantíssimo que desenvolveu com seus alunos e eu entendi que seu nome fora estranho para mim naquele momento, mas agora, embora oculto nesta crônica, já não me soa mal.

[Goreti Dias]

As pessoas ainda saberão o que é um professor? Podemos começar por aí...
O que me não soou nada mal foi o seu texto. Pelo contrário!

[carlossoares]

Parabéns Oswaldo, por este texto muito interessante, sob vários pontos de vista.

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Obrigado Goreti e Carlos pela apreciação do meu texto.

Abraço a ambos.

[Nação Valente]

Professor com nome estranho ou não, não deixa de ser professor, como este texto não deixa de ser um saborosr texto, com este ou outro título.
Abraço

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Obrigado, Nação Valente, pelo comentário.

Grande abraço, amigo.

[Alice Santos]

A verdade é que há professores que nos marcam; quer pela positiva quer pela negativa.
E um professor que escreve textos como este, só pode deixar boas marcas nos seus alunos.
Parabéns senhor professor Oswaldo. Belo texto.
Um beijo
Alice

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Oi, amiga Alice! Suas palavras me animam mais e mais a escrever e a lecionar.
Amigos assim gentis e atenciosos como você são um presente de Deus.

Beijo

Oswaldo

[Nanda]

Oswaldo,
Num crescendo empolgante, o suspense é uma arte só para quem sabe.
Mas lá que eu gostaria de saber o título atribuído ao tal professor...
Bj
Nanda

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Oi, Nanda...

Quanta saudade!

Que bom ler seu comentário. Quando for a Portugal, digo pessoalmente a ti e aos outros amigos do Escritartes o nome do professor. [rsrs]

Bj pra ti...

[Guacira]

Querido Professor Oswaldo,

para mim é uma honra ser uma simples professora, como deve ser para você...mas cá pra nós, como é mesmo o nome dele? rss  Eu conheço alguns....rsss

Belo texto, beijo.

Guacira.

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Guacira,

Depois de pensar muito, resolvi dizer o nome dele. Acho que não vai se importar se ler a crônica. Ele foi batizado com o nome de Arquimimo. Eu entendi da primeira vez "Ai, que mimo!" Rsrs.

Grande abraço...

Oswaldo

[Goreti Dias]

Ai que mimo!!!! rsrsrs

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

 Rsrs...