Sentimentos escondidos

[Pedra Filosofal]

Já repararam que, na sociedade em que vivemos é, cada vez mais, raro ouvir alguém dizer “amo-te” ou “gosto de ti”? E que aqueles que o dizem, muitas vezes, fazem-no com receio de serem mal interpretados?
É claro que muitas vezes demonstramos, pelos nossos actos, que amamos alguém. Mas será que a outra pessoa o percebe? Será que não vai pensar que reagimos assim com todos os outros?
Não é fácil, eu sei e assumo. Gostava de ter a coragem necessária para ser a primeira a dizer: “Amo-te. Gosto de ti”. Parece fácil… Mas não é! Porque não sei o que vão pensar de mim, nem sequer sei se sentem o mesmo. Podem reagir assim com outras pessoas e eu ser apenas mais uma. Ou não... Enquanto não me dizem o que sentem, eu não terei a certeza. E com vocês, também é assim, não é?
Mas, pensem lá comigo… Se nós não o dissermos, também não vamos ouvir! Se não o dissermos não vamos saber se sentem o mesmo ou não!
Não temos de esconder o que sentimos a quem é o objecto da nossa afeição. Porque, se o fizermos, estaremos a esconder uma parte fundamental de nós a quem mais nos importa. E para quem somos importantes. E se não quiserem que o resto do mundo saiba, não interessa. Basta que os envolvidos saibam!

[Goreti Dias]

E é bom que saibam mesmo!
Bj

[Laura]

Quando somos crianças, é fácil... quem não se lembra do Queres ser minha amiga? Depois a palavra tornou-se moeda de troca. Por isso eu, pessoalmente, prefiro não a usar. Hoje em dia, reconheço que as acções, os pensamentos, o estar, o ser, são mais importantes do que as palavras... e digo isto aqui, num site de palavras. Sim.

Palavras. Tenho uma relação estranha com elas. Leio, escrevo, respiro palavras, mas não acredito nelas. Só acredito na palavra sentida. As pessoas perderam o contacto com o seu interior. Falam qualquer coisa, só por falar. Mas afinal, comunicam menos do que eu com o meu silêncio. Não dizem nada. Fazem promessas ocas, que não tencionam cumprir. Inventam histórias a respeito delas próprias. Falam única e exclusivamente de si mesmas. Mesmo quando falam dos outros. Não dizem nada. Não comunicam.

Sou silenciosa. Mas não sou eu que estou morta, que deixei de fazer trocas ou de as tentar fazer. Só que as pessoas estão fechadas. Não ouvem os outros. Não recebem o que eu tenho para dar. Não trocam.

A palavra, o logos, é de facto a criação. Mas não basta falar ou escrever a palavra. Há que senti-la, respirá-la, inspirá-la e expirá-la, há que transformar a palavra em acção. Há que dizer a palavra com todo o corpo, toda a alma, toda e qualquer partícula do nosso ser. Só assim a palavra se torna criadora. Só assim podemos acreditar nela. Só assim o amor existe. E muitas vezes, a palavra assim não tem som. É silenciosa.