ENTÃO; ISSO É NATAL?!

[zésilveiradobrasil]

in voice; José Silveira, MP3
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-entao-isso-e-natal.mp3

já é Natal.

e mais uma vez,

os ‘ninguéns’ ficaram de fora.
os zés, as marias, e os seus amores paridos.

gentes,
daqueles barracos caiados, caídos,
sob o concreto dos viadutos.
abrigos toscos feitos de tábuas e caixas de papelão.
telhado?... só a metade, a outra;
céu e constelação.
vista do branco lar, cor da paz duradoura,
e muita fé, mesmo que sem manjedoura,
reunindo mais uma vez ‘ninguéns’, numa só família.


sobre o caixote, a mesa posta,
o natal de cada dia.
parca ceia tirada do lixão,
restos catados a várias mãos,
castigadas pela brutal labuta
rostos marcados do sol a sol,
de uma vida resoluta.

e ainda assim, há sorrisos
nos poucos dentes das bocas,
a falar dos corpos cansados,
desgraçados, reclamando
uma beirada de cama, esteira ou tapera.
o sono é um quase cair desmaiado
sobre as folhas de jornais velhos no chão,

que natal?
natal das coisas injustas!
sem ‘presenteações’ herméticas,
olhares cínicos, citações fajutas.
até aquelas ditas proféticas
trazidas pelos magos reis!

assim, segue o natal sem culpa...
manipulado pelos homens,
fazendo de tolos, os outros,
tudo tão superficial.
do olhar no ouro que reluz,
vil metal, lucro visado;
das indústrias,
dos comércios,
do turismo.
deles, tudo de natal traduz.

diferente do que fora anunciado
por aquele que nos conduz
para que pudesse nos salvar
fez-se natal.
mas depois
morreu na cruz.

[Vanda Paz]

Decididamente isso não é Natal

Abraço

[zésilveiradobrasil]

Decididamente isso não é Natal

Abraço

Decididamente, com o profundo olhar que tens, jamais exergaria aqui, natal. Grato poetisa. um beijo e afetuoso abraço. BoasFestas!
Silveira

[Abgalvão]

Não, meu amigo, isto não é Natal! É uma herança de merda que nos deixaram e que nós, forçosamente, porque já não conseguiremos limpar a merda, seremos obrigados a deixá-la aos nossos vindouros.
Peço desculpa pela linguagem usada mesmo sabendo que nesta quadra devia ser outra mas...

Um abraço e, meu amigo, passe o Natal da melhor forma que puder.

[zésilveiradobrasil]

Não, meu amigo, isto não é Natal! É uma herança de merda que nos deixaram e que nós, forçosamente, porque já não conseguiremos limpar a merda, seremos obrigados a deixá-la aos nossos vindouros.
Peço desculpa pela linguagem usada mesmo sabendo que nesta quadra devia ser outra mas...

Um abraço e, meu amigo, passe o Natal da melhor forma que puder.

Caro amigo poeta, quando a resposta nasce em vômitos de repulsa, nenhum linguajar é chulo, nem mesmo gestos são obcenos. pois não há mais obcenidade que a pobreza, e não há palavrão maior que; fome.  meu fraterno abraço Abgalvão, desejando a ti e aos seus próximos, uma Noite Santa, Feliz e de Paz.
Silveira

[carlossoares]

Caro Silveira,

Há imensa gente mais amiga e mais próxima e mais solidária com os pobres do que eu.
Sei que há.
Mas é preciso ainda mais acção.
Desde que me lembro que ouço e leio sempre a mesma ladainha dos pobrezinhos.
De ladainha estou saturado.
De moralistas também.
Aos moralistas pergunto: «o que tem feito pelos pobres?».
Já apanhei muitos em falso.
E quanto ao Natal, como em relação a tudo o resto, que cada um tenha o que merece.
Infelizmente, isso está cada vez mais longe de acontecer.
Mas o Natal também pode servir para fazermos algo de concreto que atenue o sofrimento e as necessidades, materiais, sociais e espirituais do nosso próximo.

Aproveito para desejar-lhe um Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
Abraço

[josé antonio]

Amigo José Silveira,

Este texto assertivo merece em pleno o comentário do amigo Abgalvão.
Eu, só teria a crescentar linguagem mais rude ou agreste para os hipócritas que nem nesta data se lembram realmente dos que sofrem.
Esta quadra para mim, desde que me senti adulto, sempre foi e continua a ser a época do ano mais miserável, pelo cinismo abaixo de hipócrita, pela miséria e desigualdade cuja solução sou impotente de solucionar.
Se Deus fosse castigador e fizesse engasgar-se os falsos solidários com o seu semelhante, na ceia de natal, a população mundial ficaria reduzida a metade... ou menos e muito mais limpa com tantos óbitos merecidos.
Mas, enquanto neste mundo teremos de ter a força de os desmascarar, tanto quanto possível e simultaneamente, sermos realmente fraternos.
Pessoalmente é o meu maior projecto de vida para a vida que me restar.
Abraço sem tamanho nem prazo de validade para si e sua família como para todos afinal, do
José António   

[Goreti Dias]

Resta-me fazer das palavras do José António as minhas. Natal assim, só o da hipocrisia mesmo.

[Lucrécia Bórgia]

Eu que sou ninguém, não tenho Natal. Nem me faz falta!

[Vóny Ferreira]

É por essas e por outras que eu
detesto, DETESTO mesmo o Natal.
Afinal... mais do que nunca Natal é
sinónimo de comércio, hipocrisia qb,
e pouco mais...
Ressalve-se a magia das crianças mais
pequenas.
Tristemente belo e real, Zé.
Abraço-te com afecto e desejo-te boas festas!
Vóny Ferreira

[margarida]

Junto-me ao grupo

[zésilveiradobrasil]

Caro Silveira,

Há imensa gente mais amiga e mais próxima e mais solidária com os pobres do que eu.
Sei que há.
Mas é preciso ainda mais acção.
Desde que me lembro que ouço e leio sempre a mesma ladainha dos pobrezinhos.
De ladainha estou saturado.
De moralistas também.
Aos moralistas pergunto: «o que tem feito pelos pobres?».
Já apanhei muitos em falso.
E quanto ao Natal, como em relação a tudo o resto, que cada um tenha o que merece.
Infelizmente, isso está cada vez mais longe de acontecer.
Mas o Natal também pode servir para fazermos algo de concreto que atenue o sofrimento e as necessidades, materiais, sociais e espirituais do nosso próximo.

Aproveito para desejar-lhe um Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
Abraço

penso como tu poeta Carlos, de ladainha estou farto. mas há os que doam e se doam as obras muito mais do que eu, conheço-os, mas confesso, sou incapaz de acompanhá-los. imitá-los talvez, pois, perto de alguns poucos porém grandes trabalhos sociais e humanitários, sou nada, e é exatamente desse nada que sou que faço a parte que acho que me cabe ou que posso fazer. o pouquinho a mais nessa minha caminhada; é ser úníssono aos gritos. agradeço suas palavras, amigo.
que a tua Noite seja Santa, Feliz e de Paz.
Silveira

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